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USP
A Reitoria da USP quer que trabalhemos com Covid: o que precisamos diante da ômicron
Faísca Revolucionária
@faiscarevolucionaria
Movimento Nossa Classe

Frente a disseminação da variante ômicron do novo coronavírus, a Reitoria da USP deu novas diretrizes para o retorno presencial na universidade. Entre estas diretrizes, estão inclusas a possibilidade de funcionários com Covid-19 trabalharem mesmo enquanto doentes, inclusive de maneira presencial, cumprindo um suposto "isolamento social" no próprio local de trabalho, e a redução do tempo de licença. Perante isso, o que é necessário um trabalho e estudo seguro na USP?

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(Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

No dia 12 de janeiro, a comunidade USP recebeu as novas diretrizes da Reitoria em relação ao retorno presencial das atividades para estudantes, funcionários e professores. Já no final de 2021, a Reitoria havia anunciado que as atividades presenciais teriam 100% de ocupação dos espaços e, portanto, não haveria distanciamento social, nas palavras da própria Reitoria.

Essas diretrizes vêm em meio ao avanço da variante ômicron em São Paulo e no Brasil. Segundo o Instituto Butantan, essa variante já é responsável por 80% dos novos contágios em São Paulo. Essa variante é também altamente transmissível, e tem levado diversos países a baterem recordes de novos casos, e nesta semana pela primeira vez foram registrados mais de 3 milhões de casos de Covid-19 em um só dia, no planeta inteiro.

No Brasil, a média móvel de novos casos já é a maior desde julho do ano passado, e já ultrapassou o pico da primeira onda da pandemia, em 2020, com um aumento de 614% em relação a duas semanas atrás.

Neste marco, o que a Reitoria da USP afirma é que o aumento dos contágios se deve às festas de final de ano e não ao contato no ambiente de trabalho, uma afirmação que antes de tudo carece de lógica, pois o vírus não desiste de infectar alguém apenas porque esta pessoa está trabalhando. Tal afirmação carece ainda de base na realidade, pois o que está sendo visto em diversas áreas, como os transportes aéreos, é a falta de funcionários devido ao número de pessoas afastadas por estarem doentes com Covid-19 ou com gripe. No bandejão Central da própria USP já são mais de 10 funcionários que se contaminaram, o que levou a que os trabalhadores da unidade fizessem uma paralisação demandando testes.

O próprio surgimento da variante ômicron é fruto de uma questão coletiva, e não individual como coloca a Reitoria, pois ela advém das mutações resultantes da alta circulação do vírus, propiciada pela maneira com que os governos e os capitalistas lidaram com a pandemia, ao não garantir testes massivos para organizar racionalmente a quarentena e não quebrar as patentes das vacinas, permitindo que diversas regiões do mundo ficassem com uma cobertura vacinal extremamente baixa.

Somado a esta hipocrisia, as diretrizes apresentadas também não contribuem para dar nenhuma segurança aos trabalhadores, efetivos e terceirizados, da Universidade. Entre essas, destaca-se a possibilidade aberta pela Reitoria de que funcionários que estejam infectados possam realizar isolamento social no trabalho presencial, inclusive em locais com 100% de ocupação. Isto ignora não só como são as condições de ventilação e de distanciamento nos locais de trabalho, a falta de funcionários da limpeza fruto das demissões feitas pela própria reitoria, assim como também ignora que estes funcionários contaminados terão que pegar transportes lotados, terão que utilizar espaços comuns como banheiros, refeitórios etc.

O documento coloca ainda que estar infectado com Covid não é razão suficiente para ter licença do trabalho, algo que seria fundamental para a própria recuperação da doença, mas que o funcionário só deverá se afastar do trabalho caso “os sintomas atrapalhem seu desempenho”. Seguindo este caminho, a reitoria define que o tempo de isolamento para aqueles que tiveram contato com pessoas com covid ou mesmo aqueles que testaram positivo seja de 5 dias para pessoas assintomáticas, e para aqueles que têm sintomas, seja definido por atestado, mas, nas suas palavras, serão “em geral de 7 a 10 dias”. Contra isso, demandamos que a reitoria garanta a testagem permanente para identificar quem se contaminou e que estes todos aqueles que ficarem doentes e aqueles que tiverem contato com eles recebam licença imediatamente, para que possam cumprir efetivamente o isolamento social e para garantir a segurança de seus colegas de trabalho.

Em meio a esse ataque aos direitos dos trabalhadores, a Reitoria e os governos não vem tomando nenhuma medida para se preparar para a variante ômicron, mesmo tendo semanas para fazer isto. Bolsonaro, com seu usual descaso, chegou a saudar a chegada da ômicron. Doria e Nunes não abriram nem sequer os leitos que haviam sido fechados com a diminuição dos casos, e mantiveram hospitais importantes, como o Hospital Sorocabana, em funcionamento parcial. Além disso, não contrataram profissionais para as unidades de saúde, o que fez com que, com o afastamento de diversos trabalhadores por estarem com Covid-19 ou gripe, a carga de trabalho tenha aumentado enormemente. Essa situação levou ao fechamento temporário do Hospital Heliópolis, nesta semana, e a que médicos da rede municipal de atenção primária, em São Paulo. tenham ameaçado entrar em greve.

Na USP, a situação é parecida, a Reitoria não garantiu sequer EPIs de qualidade e no HU e Centro de Saúde Escola Butantã também há sobrecarga dos funcionários de todas as áreas. Para resolver isto, e garantir atendimento para a comunidade universitária e para a população da Zona Oeste, é fundamental a contratação emergencial e imediata, por via da USP, de mais trabalhadores para todas as áreas da saúde, para permitir inclusive que aqueles que adoecerem possam ter direito a licença médica integral.

É necessário também a contratação de funcionários USP para intensificar a limpeza de todas as unidades, dado que hoje no HU existem apenas cerca de 19 funcionárias para limpar 6 andares de um hospital, em cada plantão. É necessário, também, a efetivação de todos os terceirizados, sem concurso público, pois o que vimos ao longo da pandemia é que a precarização do trabalho expõe os trabalhadores ao vírus, inclusive na USP os terceirizados foram os mais atingidos pela Covid-19.

É impossível haver qualquer tipo de atividade segura na universidade se não for possível saber a situação da Covid-19 na USP. Por isso, faz-se importante que exista uma testagem massiva e regular para toda a comunidade universitária, e neste sentido também nos colocamos em apoio à luta dos trabalhadores do bandejão Central em defesa de testagem e de condições seguras de trabalho.

Enquanto não toma medidas efetivas para combater a pandemia, apesar de seu discurso supostamente científico, a Reitoria da USP vem impondo um retorno de maneira autoritária e insegura na universidade. Por isso, a própria comunidade universitária deve decidir se haverá retorno presencial, e em que condições ele ocorrerá, e a Reitoria deve garantir a readequação dos espaços, o fornecimento de EPIs, álcool gel e o que for necessário para que se possa ter segurança. Contra decisões tomadas por burocratas em seus escritórios, somente a auto-organização de estudantes, trabalhadores e professores pode garantir um retorno seguro.

 
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