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França
Macron intensifica sua guerra contra os não vacinados: "quero muito ferrar com eles"
Irena Mathilde

"Os não vacinados, quero ferrar com eles", afirmou o presidente da França, Emmanuel Macron esta terça em declarações ao Parisien antes de colocar em dúvida a "cidadania" dos não-vacinados. Com suas respectivas declarações, o chefe do executivo assume e intensifica sua guerra contra os não vacinados para esconder melhor os catastróficos resultados de sua gestão pró-empresarial.

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Foto: vista da Assembleia Nacional francesa durante o debate sobre o passaporte de vacinação iniciado na segunda passada. EFE/EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

Desde segunda-feira, o projeto de lei para "reforçar as ferramentas de gestão da crise sanitária" que prevê a instauração de um passaporte de vacinas que proíba o acesso aos não vacinados ou àqueles que ainda não tenham tomado a dose de reforço a muitos lugares está sendo discutido na Assembleia Nacional. Além de lugares de lazer e restaurantes, se pensa em proibir a entrada de não vacinados em centros comerciais. Além disso, o projeto de lei pensa em aumentar as sanções em caso de falsificações, ameaçando com pena de prisão de cinco anos. Esta medida alinhada com o passe sanitário é um passo a frente na gestão autoritária da crise por parte do governo e na estigmatização dos não vacinados.

Esta é a lógica que Macron assumiu plenamente em uma entrevista do Le Parisien e Aujourd’hui en France publicada na terça. "É uma minoria muito pequena que ainda resiste. Como reduzimos isso? Reduzimos, sinto dizer, ferrando ainda mais. Não estou a favor de chatear os franceses, me queixo todo dia da administração quando os bloqueia. Porém, aos não vacinados sim, quero ferrar com eles. E vamos seguir fazendo isso até o final. Essa é a estratégia", explicou, mostrando o desprezo tão característico de seu quinquênio.

Declarações polêmicas mas que, longe de serem um deslize, foram bem pensadas. Para Macron, se trata de intensificar sua estratégia de estigmatização dos não vacinados, prenúncio do ressurgimento da pandemia. Uma forma de dividir a população através da frustração que podem sofrer certos setores, para maquiar a responsabilidade fundamental do governo na atual onda e nos níveis de vacinação. Nessa mesma linha se expressava o atual porta-voz do governo Gabriel Attal que afirmava "quem ferra com a vida de quem? (...) Os que aborrecem aos demais são os que se opõe a vacinação."

No marco dessas declarações que assumem a política encarnada de fato pelo passaporte das vacinas, Macron não duvidou em destacar: "quando minha liberdade ameaça a dos demais me torno irresponsável. Um irresponsável deixa de ser cidadão". Explicou o presidente da República, colocando em dúvida a cidadania das pessoas não vacinadas. Alimentando desagradáveis posturas polêmicas, como a do professor Grimaldi, que colocava de forma pouco ingênua: "Devem os não vacinados assumir sua livre escolha e não serem socorridos?"

Entretanto, a jogada por parte de Macron é evidente. Tanto se trata da vacinação - sobre a qual o governo alimentou a desconfiança com suas mentiras e sua péssima gestão abrindo caminho à extrema direita e aos antivacinas - como da extensão massiva da epidemia, assumida pelo governo para manter a atividade econômica a todo custo, a responsabilidade de Macron é enorme. Além disso, uma vez mais essas declarações não fazem mais que aumentar a desconfiança de todos aqueles que seguem duvidando da vacina apesar da realidade inegável de sua eficácia.

Frente às declarações de Macron que buscam dividir a população e construir um cenário de guerra contra os não vacinados é fundamental denunciar essa estigmatização e apontar o que ela esconde. Frente ao governo há que se rechaçar as medidas autoritárias como o passaporte de vacinas e defender uma estratégia sanitária controlada pelos trabalhadores e a população, que busque convencer aos não vacinados arrancando medidas urgentes para enfrentar a pandemia e impor protocolos a altura para que nossas vidas não valham menos que seus privilégios.

 
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