Segundo nota de esclarecimento da Atlética da Escola Estadual Amaral Wagner, o caso de racismo ocorreu no dia 8 de dezembro, durante uma comemoração organizada para o encerramento de uma semana temática e de jogos da escola. Um professor de história apareceu vestido com a roupa característica da Ku Klux Klan, grupo supremacista branco, símbolo reconhecido por práticas terroristas, chacinas e todo o tipo de violência brutal contra a população negra e movimentos antirracistas dos EUA nos anos 60. Na ocasião, os estudantes vaiaram e expulsaram o professor do local.

O caso ganhou repercussão nacional, em Santo André estudantes e organizações antirracistas repudiam a atitude racista do professor e exigem uma retratação pública. E o fato de um professor se sentir à vontade para se vestir com uma roupa símbolo da supremacia branca numa escola pública, onde a maioria dos estudantes é negra e, assim como a maioria da população brasileira, sofre com o racismo estrutural cotidianamente, é alentado politicamente pelo governo de extrema direita de Bolsonaro, onde houve ainda mais ataques e violência à população negra e essa situação política naturaliza que situações como essa aconteça. O secretário da educação paulista deu uma declaração demagógica, dizendo repudiar o caso, mas é parte do governo Doria que também alenta o racismo e a violência brutal contra a juventude negra do estado ao defender publicamente que a polícia deve atirar para matar. Nós sabemos que o seu alvo é a população negra.

A expulsão do professor do local pelos estudantes mostra que os jovens não aceitam esse tipo de postura e que há uma disposição de combate ao racismo, mas também à extrema direita que sustenta esse tipo de ação. Nós do Esquerda Diário estamos juntos aos estudantes e comunidade escolar contra qualquer expressão de racismo. O professor deve se retratar publicamente e esse caso deve servir para fortalecer a luta antirracista dentro e fora da escola, não compactuamos com práticas punitivistas e de linchamento, a própria comunidade escolar deve estar a frente da resposta ao caso, que passa, em primeiro lugar, por garantir a total liberdade, garantia de direitos e estabilidade de todos os professores, funcionários e estudantes que se coloquem em combate ao racismo, e que possam através de suas entidades representativas se auto organizar nessa luta.

A juventude estadunidense deu uma forte resposta ao racismo e simbolismo da KKK com os levantes do Black Lives Matter em 2020 e mais recentemente com a condenação do assassino de George Floyd. É preciso combater o racismo e o reacionarismo brasileiro com a força imparável dos negros e negras, trabalhadores, jovens, estudantes, LGBTs e tantos setores que se colocaram em luta nas marchas antirracistas do ano passado. Sem nenhuma confiança no judiciário, na polícia ou em qualquer outra instituição do Estado, responsável pela morte e encarceramento de milhares de negras e negros todos os anos, é preciso combater com a força da nossa classe unida.

É preciso combater os símbolos desse racismo e as suas marcas que sobrevivem na repressão à juventude negra, na violência brutal da polícia que assassina crianças negras dentro das escolas e de suas casas, que perseguem as manifestações da cultura negra diante através de um racismo estrutural que serve aos grandes empresários e à elite branca que explora e oprime a população negra diariamente.