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Argentina
Triunfo da mobilização operária e popular impõe a revogação do zoneamento mineiro em Chubut
Redação

Na província patagônica de Chubut, na Argentina, se deram grandes mobilizações populares e operárias nos últimos dias, derrotando a lei de zoneamento mineiro do governador peronista Mariano Arcioni, que entrega ainda mais recursos para as grandes mineradoras. A proposta contava com apoio tanto de peronistas quanto da oposição de direita. Buscam destruir o meio ambiente, a vidas dos povos originários e da classe trabalhadora para pagarem fielmente o FMI e os credores internacionais.

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Durante seis dias, a província foi convulsionada por grandes mobilizações. Houve também paralisações em setores de enorme peso como o portuário e o marítimo. O slogan “Fora Arcioni” crescia e se fazia ouvir a cada bloqueio e marcha. Foi isso que fez com que o governador peronista Mariano Arcioni recuasse, que há poucos dias havia dito que “não pensava marchar para trás”. Agora ele anuncia a revogação que será tratada nesta terça-feira e levanta a convocação para um plebiscito. Mas não se deve confiar em Arcioni. Se a lei for revogada, não há nada a plebiscitar. É necessário que os lutadores sigam mobilizados até que a vitória total seja garantida.

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A mobilização popular teve um grande triunfo na tarde desta segunda-feira: obrigou o governador peronista Mariano Arcioni, da província patagônica de Chubut, a anunciar a revogação do zoneamento mineiro. Ocorre após 6 dias de mobilizações massivas em toda a província, bloqueios de estradas e paralisações de trabalhadores em setores estratégicos como marítimo e portuário. O projeto de revogação será tratado nesta terça-feira, conforme anunciado pelo próprio governador, em nova sessão do legislativo. Parte dos setores ativistas que se mobilizaram não confiam no governador e chama a seguir mobilizados e organizados nas ruas até que seja garantida a vitória.

O zoneamento mineiro foi votado na última quarta-feira (15) na legislatura da província. Com uma manobra, introduzindo o tema no último momento, o oficialismo peronista promoveu a votação. A medida - que tem enorme rechaço popular - conseguiu ser aprovada graças a dois votos da bancada da Frente de Todos e um da Visão Peronista. Foi Carlos Eliceche - que ocupa justamente esta bancada - quem disse que a lei teve o apoio do governo nacional de Alberto Fernández.

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O repúdio rapidamente tomou as ruas. Desde o primeiro dia houve mobilizações massivas nas cidades mais importantes da província. A reclamação contra o zoneamento se transformou em uma demanda popular massiva, apoiada pela maior parte da população. A indignação ficou evidente no ataque a símbolos do poder político, como aconteceu na quinta-feira quando a Casa de Governo foi incendiada, mas também ocorreram ataques contra sedes de outros poderes provinciais.

No entanto, o mais marcante foi o enorme protagonismo de setores da classe trabalhadora que, já na sexta-feira, começaram a se manifestar e a clamar pela mobilização até a revogação da lei. Houve uma importante participação dos trabalhadores portuários e marítimos que, além de paralisar por tempo indeterminado saíram às rodovias e participaram ativamente dos cortes. O corte sustentado na Rota 3 - protagonizada pelos trabalhadores e trabalhadoras da pesca do puerto Madryn - é uma amostra do enorme poder de fogo das frações da classe trabalhadora que controlam setores estratégicos. Eles também foram aqueles que paralisaram os portos de Madryn e Rawson.

Foi esta enorme resistência operária e popular que dobrou o braço de Arcioni, que há poucos dias mostrava total prepotência, afirmando que “jamais marchava para trás” quando tomava uma decisão.

A mobilização passou a representar uma dinâmica que poderia ter levado à queda do governador. O slogan "Fora Arcioni” começou a ser ouvido cada vez mais a cada fechamento ou mobilização. A força das paralisações e a massividade das mobilizações alentavam esse cenário. Muito provavelmente é isso que explica porque ele tenha retrocedido. No início desta segunda-feira (20), ele falou em "uma suspensão da lei" e na convocação de um plebiscito. No entanto, horas depois, em sua conta no Twitter, Arcioni anunciou que iria revogar a lei.

No entanto, em sua mensagem, ele também falou sobre a convocação de um plebiscito. Mas, como dizem os que ainda estão mobilizados, “o plebiscito já foi realizado nas ruas. Houve a manifestação mais palpável de rejeição do projeto de zoneamento mineiro. Na tarde desta segunda-feira, enquanto estes rumores circularam, milhares voltaram a se manifestar nas ruas das diferentes cidades da província patagônica para continuar exigindo a revogação completa da lei.

A enorme força desdobrada na mobilização deve ser mantida e fortalecida. É necessário que todos aqueles em luta sigam mobilizados para enfrentar todas as armadilhas e manobras políticas que Arcioni ou os demais partidos patronais queiram realizar.

Esta vitória popular é um golpe para o esquema extrativista compartilhado por Arcioni, Alberto Fernández, Cristina Kirchner e a oposição de direita. Quando se trata de atacar a classe trabalhadora, e garantir os interesses dos capitalistas, todos se unem para defender um modelo que destrói o meio ambiente na busca desesperada de dólares para pagar a dívida externa.

Frente a eles, a Frente de Esquerda dos Trabalhadores - Unidade é a única aliança política nacional que tem acompanhado essa luta. Foram os deputados da FIT-U que denunciaram a repressão ocorrida na província do Sul na última sessão, que decorreu entre quinta-feira e sexta-feira passada.

Essa solidariedade não está apenas em palavras. Desde a tarde do último domingo (19), Alejandro Vilca (deputado trotskista, gari e de origem indígena, membro do PTS e eleito pela FIT-U nas últimas eleições) está em Chubut, acompanhando cada mobilização e cada bloqueio. Ele tem feito parte dos milhares que esta segunda-feira forçou Arcioni a recuar.

A vitória conquistada pelo povo de Chubut é um grande exemplo de luta de toda a população trabalhadora, dos setores populares e daqueles que lutam em todo o país contra a agenda extrativista e a destruição do meio ambiente. O governo nacional - com o aval da oposição patronal - prepara-se para chegar a um acordo com o FMI. Mais cedo ou mais tarde, esse acordo só trará ataques maiores às maiorias populares. O que foi conquistado em Chubut com a luta é uma base de preparação para a luta que está por vir.

 
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