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Encontro Nacional Faísca
25,7% de jovens desempregados: por uma juventude que faça os capitalistas pagarem pela crise
Cássia Silva

Jovens de 18 a 24 anos no desemprego, inflação e fome, enquanto a fortuna dos bilionários brasileiros cresceu 11,6%. É urgente uma juventude que faça que sejam esses bilionários e a burguesia a pagar pela crise.

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Foto: Mario Tama/Getty Images

Segundo a PNAD Contínua, no terceiro trimestre de 2021, 25,7% dos jovens entre 18 e 24 anos estão no índice de desocupados, ou seja, de desempregados que estão em busca de trabalho, o que não inclui os desalentados. No início de novembro deste ano, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) publicou uma revisão em que a criação de postos de trabalho com carteira assinada em 2020 foi de apenas 47%. Essa revisão apresenta uma contradição do que dizia Paulo Guedes, Ministro da Economia de Bolsonaro, que dizia que a criação de empregos foi uma "grande vitória".

A taxa de desocupação entre jovens de 18 e 24 anos demonstra como Bolsonaro, Mourão, Guedes e Congresso são responsáveis pelas mazelas sofridas pela juventude. Afinal, a isso se somam a inflação, fome e ataques. Da taxa geral de desocupação, que é de 12,6%, mais de 30% são esses jovens, segundo a pesquisa publicada pela PNAD Contínua.

A realidade da juventude são os postos mais precários de trabalho, como as entregas por aplicativo como Ifood, Rappi, telemarketing, com jornadas extenuantes e rendas baixíssimas, que penam para alcançar um salário mínimo de R$1100. Foi no Congresso Nacional, seguindo a linha de Bolsonaro e Guedes, que foi aprovada a chamada "mini reforma trabalhista", uma legalização de contratação de jovens sem vínculo trabalhista, sem férias, FGTS e décimo terceiro. Assim como a redução do valor da hora-extra de categorias como o telemarketing e a dificuldade na fiscalização do trabalho escravo. Hora-extra que já era utilizada para explorar ainda mais o trabalho.

Nas universidades, o cenário, após a batalha para furar o filtro social e racista do vestibular, enfrentando os interventores de Bolsonaro nas reitorias, assim como as reitorias que se colocam no campo progressista, a permanência é uma pauta constante. Quantas bolsas de pesquisa já foram cortadas? Recentemente, os estudantes passaram por uma luta pelo pagamento das bolsas atrasadas de docência, PIBID e RP. As moradias e residências universitárias padecem em situações precárias.

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Nesse sentido, é mais que urgente uma juventude que faça os capitalistas pagarem por essa crise que descarregam em nossas costas. Porque, enquanto nos encontramos nessa situação, a fortuna dos bilionários brasileiros cresceu 11,6%. Uma juventude que se esteja ombro a ombro com os trabalhadores na batalha por reajuste salarial mensal igual à inflação, pela criação de um grande plano de obras públicas para geração de emprego para todos.

Lado a lado do conjunto da classe trabalhadora também para dizer que a conciliação de classes também não é uma resposta. Lula e o PT já disseram que pretendem entregar estatais, como a Caixa, ao capital privado, fazendo jus aos planos da direita neoliberal privatizadora. Somando a isso o histórico dos anos de governo federal de Lula e Dilma, em que "os banqueiros nunca lucraram tanto", em que a terceirização triplicou, em que criaram vagas nas universidades em chave precária, afinal muitos jovens hoje se encontram endividados ou na inadimplência pelo financiamento que beneficiou os tubarões do ensino, fortaleceu os grandes conglomerados da educação, como Kroton-Anhanguera. Nos governos estaduais, todos os governadores do nordeste do PT aprovaram as reformas da previdência, e, em especial Wellington Dias, do Piauí, cortou verbas da UESPI. No Rio Grande do Norte, a Polícia Militar de Fátima Bezerra esteve lado a lado da Guarda Municipal de Álvaro Dias (PSDB) em Natal para reprimir os estudantes que se manifestavam contra o pagamento do Circular para a UFRN, antes gratuito e que agora pesa nos bolsos de quem necessita de permanência estudantil.

Lula no Podpah: a ilusão da ascensão social em um país cercado de miséria e ataques

E se discutimos a conciliação de classes, não podemos nos esquecer de seu braço no movimento operário e estudantil, para construir essa juventude. O papel que as direções burocráticas da CUT, da CTB e da UNE, ligadas ao PT e ao PCdoB, cumprem é de não organizar trabalhadores e estudantes contra os ataques. Durante todo o ano vieram alimentando uma ilusão na saída do impeachment de Bolsonaro nas manifestações que só tinha como objetivo o desgaste desse abominável, sem se enfrentar com as reformas. E mais recentemente, a CTB, dirigida pelo PCdoB, realizou junto às centrais sindicais mais conectadas com os patrões, como a Força Sindical e a UGT, uma reunião com ninguém menos que o Alckmin, para pedir para esse futuro ex-tucano, ladrão de merenda, para ser vice de Lula em 2022.

É preciso apostar em organizar a resistência aos ataques, sendo fundamental a exigência a essas direções, para que organizem a luta contra os ajustes econômicos, o oposto do que articulam com Alckmin na vice-candidatura de Lula. Isso significa defender um programa que ataque o bolsonarismo, mas também a direita liberal opositora, combatendo o conjunto do regime político herdeiro do golpe institucional, com uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela luta, rumo a um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

Em resumo, esse é um dos debates que os membros da Faísca, juventude que também impulsiona o Esquerda Diário, está fazendo para refundar uma juventude trotskista no Brasil. Basta da miséria social que enfrentamos com essa crise que foi aprofundada pela pandemia, depois de perder tantos amigos e familiares para a covid! É urgente uma juventude que faça os capitalistas pagarem pela crise que eles mesmos criaram.

Confira a entrevista: Por que refundar uma juventude trotskista?

Editorial: Por que uma juventude trotskista no Brasil de Bolsonaro, da fome e precarização?

 
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