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Declaração
Letícia Parks: "Só a luta pode enfrentar o bolsonarismo que destila seu ódio contra a memória de Marielle"

Reproduzimos aqui a declaração de Letícia Parks, dirigente do MRT, professora e co-organizadora dos livros “A Revolução e o Negro” e “Mulheres Negras e Marxismo”, sobre o recente ataque bolsonarista na plataforma da Ifood - que encerrou o patrocínio ao Flow após o tweet racista de Monark, mas que não passa de uma demagogia diante da superexploração do trabalho precário de milhares de jovens negros no país.

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Na noite de terça-feira (2) ocorreu um repugnante ataque bolsonarista na plataforma IFood, alterando os nomes dos restaurantes para mensagens de negacionismo antivacinas, campanha eleitoral bolsonarista e ofensas à Marielle Franco e Lula. É preciso repudiar inteiramente esse novo ataque da extrema-direita e expressar solidariedade aos familiares e amigos das mais de 600 mil vidas perdidas pela negligência de Bolsonaro, dos governadores e do conjunto do regime político durante a pandemia, bem como contra o ódio racista da extrema-direita à memória de Marielle Franco.

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Esse ataque se dá após a IFood cancelar o patrocínio do podcast Flow, do youtuber Monark, após uma série de tweets onde este defendeu que opiniões racistas não deveriam ser crime. Porém, também não podemos cair nessa tentativa demagógica da IFood de lavar a própria cara. Trata-se de uma empresa que lucra diariamente com o trabalho precário de milhares de jovens negros por todo o país, que rodam o dia inteiro com uma mochila nas costas, sofrendo chantagens para se submeterem a taxas menores, sem quaisquer direitos e para, ao final, receberem salários miseráveis, isso quando não são impedidos de trabalhar por bloqueios na plataforma.

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No ano passado, enquanto a onda do Black Lives Matter ecoava no Brasil também através de mobilizações e greves de entregadores, em sua maioria jovens negros, os representantes da IFood rapidamente foram ao programa Flow para atacar o direito de greve e deslegitimar o protesto dos trabalhadores. E em greves como as que recentemente pararam o serviço em cidades como Paulínia, Jundiaí e Atibaia, a empresa tentou dividir os entregadores e desmoralizar a paralisação, oferecendo R$5 a mais por entrega para quem saísse da paralisação e voltasse a trabalhar.

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Essa é a demagogia do capitalismo liberal, que se apropria seletivamente de nossas bandeiras quando convêm aos seus lucros e interesses de marketing, enquanto no chão da realidade dependem da superexploração do trabalho sustentada pela opressão racista. Nossa luta deve ser independente e no terreno da luta de classes, o único que ameaça os patrões e políticos da burguesia. Não podemos cair nas ilusões liberais vendidas pela grande mídia burguesa, pelas multinacionais, por políticos e influencers como Monark, que querem que acreditemos que a superação do racismo se dá com alguns enriquecendo ou assumindo postos de poder, enquanto a grande massa de negros e negras seguem exploradas, sem alterar as bases da sociedade.

Só a luta pode enfrentar o bolsonarismo que destila seu ódio contra a memória de Marielle e que joga os trabalhadores e o povo pobre na miséria.

O projeto de país das privatizações, dos ataques aos territórios indígenas, da precarização do trabalho, das reformas como da previdência e administrativa, dos cortes em saúde, educação e ciência, é o grande consenso entre o governo Bolsonaro, as demais alas do regime (militares, legislativo, judiciário) e a direita opositora. A unidade da classe trabalhadora - tanto a sindicalizada quanto os setores mais informais e precários como entregadores - junto com a juventude, o povo negro, as mulheres, os indígenas e LGBTs, é a força capaz de derrotar a extrema-direita, que não vai sumir após 2022, e de se enfrentar com os ataques capitalistas que vêm descarregando a crise nas nossas costas.

Como disse meu camarada Pablito, o caminho para derrotar o bolsonarismo e enfrentar a catástrofe que vivemos é batalhar pela organização dos trabalhadores e estudantes em cada local de trabalho e estudo, por um plano de luta ao lado dos mais oprimidos que prepare uma paralisação nacional.

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Por isso, nós do MRT e do Esquerda Diário chamamos a esquerda (como PSOL, PSTU, PCO, PCB e UP) a dar exemplo nos sindicatos e entidades estudantis que dirigem, organizando assembleias democráticas, apoiando os processos de luta em curso e exigindo que a UNE e as centrais sindicais, dirigidas pela estratégia do petismo de espera passiva das eleições, rompam sua paralisia e organizem os estudantes e os trabalhadores para uma batalha conjunta na luta de classes.

Letícia Parks

 
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