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Luta de classes na América Latina
Mobilizações contra a direita voltam no Equador
Gabriel Girão

Em 2019, as mobilizações no Equador precederam uma série de levantes e mobilizações em outros países da região. Com a pandemia, as mobilizações arrefeceram. No entanto, na última semana, o país esteve no centro da cena política com fortes mobilizações.

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No dia 3 de outubro de 2019, o presidente equatoriano Lenin Moreno decretava o fim do subsídio nos combustíveis, a pedido do FMI. Essa ação, que fez o preço dos combustíveis saltarem, foi prontamente respondido com várias mobilizações de massa, com forte presença de indígenas e que chegaram a invadir o Congresso e forçaram o presidente a mudar momentaneamente a sede do governo. Os protestos conseguiram a revogação do decreto e abriu um ciclo de mobilizações na América do Sul, como a revolta no Chile e as mobilizações contra o golpe na Bolívia.

A pandemia, num primeiro momento, causou um arrefecimento geral das mobilizações em curso. No Equador, a pandemia foi especialmente dura, com cenas de corpos na rua em Quito. No entanto, ainda no final de 2020 o país viu mobilizações contra medidas neoliberais.

No início desse ano ocorreram as eleições presidências no país em que Lenin Moreno não se candidatou a reeleição. O cenário inicial indicava um segundo turno entre duas forças de centro-esquerda, mas após uma reviravolta com várias suspeitas de fraude, o banqueiro e representante da direita neoliberal mais aberta Guillermo Lasso foi ao segundo turno e ganhou as eleições. A vitória foi comemorado por Bolsonaro, que fez questão de ir até a posse.

O início de seu mandato foi marcado por um avanço rápido da vacinação, o que garantiu uma certa lua-de-mel com altas popularidades. No entanto, esse período parece estar chegando ao fim. No fim do mês passado, o país viu confrontos carcerários que levaram a morte de mais de 100 pessoas. O presidente então decretou a intervenção das forças armadas nos presídios e depois um Estado de Emergência no dia 18 desse mês. Aproveitando essa situação de maior repressão, decretou também um aumento no preço dos combustíveis, de novo, a mando do FMI.

A medida similar a de Lenin Moreno em 2019 foi respondida também com fortes mobilizações, com epicentro em Quito. O governo, inicialmente, elevou a resposta repressiva com dezenas de detidos. No entanto, o governo foi obrigado agora a fazer uma chamada ao diálogo.

Os protestos se inserem no marco mundial muito mais convulsivo. Se o primeiro efeito da pandemia, com as medidas de restrição e o medo de contágio, foi conter as mobilizações, a crise econômica e social – que foi o combustível de inúmeras revoltas que vimos em 2018 e 2019 - que vinha anteriormente só fez aumentar. Se chegamos a ver levantamentos populares e revoltas com a pandemia ainda no auge, com o avanço da vacinação e a diminuição das medidas restritivas vemos mobilizações estourar em vários locais. A América Latina, que foi uma das regiões que mais sofreu com a pandemia, parece estar se encaminhando nesse final de ano para um maior controle da epidemia, com a vacinação avançando e om baixas taxas de rejeição à vacina (diferente dos EUA e de vários países europeus). No entanto, a região a crise anterior se agravou imensamente, com maiores índices de desemprego e trabalho informal e um aumento exponencial das dívidas públicas, muitas vezes atreladas à órgãos imperialistas como o FMI. Se os próximos tempos prometem convulsões, essas condições mostram os limites e a incapacidade de alternativas reformistas, como os exemplos da Argentina e do Peru. Ao mesmo tempo, o exemplo do Equador mostra também que a direita não terá um caminho fácil para aplicar seus ataques.

Se um aumento da luta de classes parece estar inscrito nos próximos tempos, a tarefa da esquerda deveria se de se preparar para esses momentos e levantar uma perspectiva de derrubada do capitalismo. No caminho contrário vão as direções das organizações de massa equatorianas, que suspenderam os protestos para aceitar a proposta de “diálogo” de Lasso. Tais lições também servem para o caso brasileiro, onde boa parte das organizações que se reivindicam socialistas e revolucionárias botam suas fichas num novo governo de conciliação petista.

 
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