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Trabalho escravo
Souza Paiol é flagrada escravizando trabalhadores na colheita de palha para seus cigarros
Redação

O flagrante aconteceu durante uma fiscalização trabalhista em uma fazenda no município de Água Fria de Goiás/GO. Foi o maior resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão realizado em 2021.

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Noticiamos no último dia 20, uma operação feita pelo Ministério Público do Trabalho de Goiás (MPT-GO), que resgatou trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão.

O novo desse absurdo caso que escancara a realidade vivida por muitos trabalhadores do campo, é o fato de que o grande envolvido nesse crime é o dono da Souza Paiol, o empresário José Haroldo de Vasconcelos, que se considera “Matuto” e “esperto” (de acordo com suas próprias palavras). Ele foi responsabilizado por manter 116 trabalhadores escravizados na colheita de palha para os cigarros de sua empresa, maior fabricante desse produto no país.

Entre os trabalhadores estavam cinco adolescentes, sendo um de apenas 13 anos. A Constituição Federal proíbe trabalho abaixo de 14 anos, especialmente em atividades exaustivas como a separação de palha. Mas para o agronegócio, rasgar a Constituição é uma prática cada vez mais legitimada por esse governo.

O grupo de trabalhadores resgatados relatou que trabalhava com fome, numa jornada que se iniciava às 5h, sem direito a café da manhã, e a primeira refeição, uma marmita precária, chegava apenas às 11h, e se ficassem doentes, interrompendo a jornada de trabalho, tinham que pagar R$15 por cada marmita.

Em casas sem a mínima infraestrutura e superlotadas, que serviam como alojamento para os trabalhadores, eles chegaram a armar barracas para se protegerem da chuva, mas a maior parte deles dormiam em redes e colchões no chão. Outros agravantes foram descobertos na operação, ninguém recebia itens de higiene básicos, como sabão ou papel higiênico. Durante a colheita, que não parou em nenhum momento durante a pandemia, precisavam beber água da mesma garrafa. Segundo relatos que fizeram aos fiscais, nenhuma medida para prevenir a transmissão da covid-19 foi tomada.

Contrariando determinações trabalhistas, a Souza Paiol não fornecia nem luvas para os trabalhadores, e pior, cobrava valores referentes à utilização das facas que servem para separar a palha da espiga, das pedras usadas para amolar os instrumentos e até pelas fitas adesivas usadas pelos trabalhadores para protegerem os dedos.

O empresário utiliza a estratégia de não criar vínculos entre os trabalhadores e a sua empresa, terceirizava o serviço através da contratação de "gatos" e assim aprofundava as condições degradantes dos trabalhadores. Houve, inclusive, a identificação de um depósito no valor de R$600 mil realizado por ele na conta dos contratantes desses trabalhadores.

E não é a primeira vez que Vasconcelos é flagrado em conduta completamente irregular, ele já foi alvo de uma operação do Ministério Público de Minas Gerais e da Receita Estadual, que o acusou de sonegação fiscal e de não ter pago cerca de R$ 20 milhões em tributos. Segundo as investigações realizadas em 2019, o grande volume de produção e venda não declarados gerou um lucro que pode ter sido usado para a aquisição de mais de uma dezena de imóveis em bairros nobres de Belo Horizonte e Nova Lima, em Minas Gerais.

Veja também: Cresce a lista de patrões que submetem trabalhadores a condições de trabalho análogas à escravidão no país

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