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Comitê de negócios da burguesia
Áudio vazado do dono do BTG Pactual revela conchavos com Lira, presidente do BC e STF
Redação

Um áudio vazado de André Esteves, dono do BTG Pactual, expôs o tamanho da influência do capital financeiro sob o governo Bolsonaro e todo o regime político brasileiro. Com acesso ao presidente do Banco Central, ao presidente da Câmara e aos ministros do STF, Esteves expôs como o Estado brasileiro segue sendo o balcão de negócios da burguesia.

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Na reunião com clientes do banco, Esteves revela suas conversas com o presidente do BC em relação ao patamar da taxa de juros no país. O que mostra que a pretensa independência do BC defendida pelos liberais não passa, na verdade, de subordinação e conluio com os interesses do mercado financeiro.

“Eu achei que a gente meio que… caiu demais os juros na pandemia, para esses 2%. Eu me lembro que… tem um conceito que chama lower bound, alguns aqui já devem ter ouvido falar, que é qual a taxa de juros mínima. E eu me lembro que o juros tava assim em uns 3,5% e o Roberto me ligou para perguntar: ‘pô, André, o que você está achando disso, onde você acha que está o lower bound?’. Eu falei assim: ‘olha, Roberto, eu não sei onde que está, mas eu estou vendo pelo retrovisor, porque a gente já passou por ele. A gente… acho que em algum momento a gente se achou inglês demais e levamos esse juros para 2%, o que eu acho que é um pouquinho fora de apreço. Acho que a gente não comporta ainda esse juros”, declarou o banqueiro.

O banqueiro também revela que foi procurado por Arthur Lira após a recente crise no ministério da economia, que levou a demissão de nomes da equipe econômica ultraliberal de Paulo Guedes responsável pelos ataques. Lira queria saber de Esteves a repercussão das demissões no mercado financeiro, que reagia, provocando a queda da Bolsa e alta do dólar, à demagogia de Bolsonaro de furar o odioso teto de gastos para canalizar eleitoralmente com o Auxílio Brasil.

“Para quem não sabe, o secretário do Tesouro [do Ministério da Economia] acabou de renunciar, com mais 3 outros, tem mais 4 ameaçando. E eu atrasei um pouquinho porque o presidente da Câmara me ligou para perguntar o que eu achava [risos da plateia]. ‘Arthur, vou dar uma palestra agora à tarde. Se quiser, dá um pulo aí. Mas não tá legal, né?”, relatou o banqueiro a seus interlocutores.

André Esteves, que foi beneficiado recentemente pelo ministro Gilmar Mendes com o trancamento de um inquérito policial que investigava ele, revelou ter acesso aos ministros do STF e atuou para convencê-los a votarem pela independência do BC. A Corte manteve em agosto de 2021 a lei que havia sido aprovada em fevereiro pelo Congresso.

“Teve essa discussão de Banco Central independente, foi importantíssimo conversar com ministros do Supremo, explicar. Pô, o cara não é obrigado a nascer sabendo. E o argumento que foi usado é que foi aprovado e aí teve uma contestação no Supremo, né, que depois deu a vitória de 8 a 2 a favor do Banco Central independente. E o melhor argumento era explicar assim: ‘pô, ministro, assim, o senhor sabe que Banco Central independente tem nos Estados Unidos, no Japão, na Alemanha e na Inglaterra, né? E não tem na Venezuela e na Argentina… tinha, mas a Cristina Kirchner revogou no 1º ano de mandato. O senhor acha em qual grupo a gente quer estar junto? Porra… [risos da plateia], deu 8 a 2, mas precisa chegar um de nós lá e explicar [colocar] o guizo no gato, não ter medo de falar, de conversar, de interagir. Então, faz isso à luz do dia, com transparência, com honestidade intelectual que vai ser sempre respeitado”, falou Esteves.

O conteúdo do áudio e a extensão da influência do banqueiro André Esteves apenas reitera as conclusões que Marx sintetizava a dois séculos atrás em relação a democracia burguesa: "O governo do Estado moderno não é mais que um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa".

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