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Assédio na UFF
Estudantes prestam apoio às trabalhadoras terceirizadas assediadas na UFF
Miguel Gonçalves

Estudantes e moradores da Moradia Estudantil foram à Reitoria prestar apoio às trabalhadoras terceirizadas assediadas por um estudante da UFF. Os assédios ocorreram na própria Moradia Estudantil e estão sendo avaliados em sindicância, que ainda não terminou, onde as trabalhadoras, de forma humilhante, tiveram de depor na frente de seu agressor.

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Ontem (29/08), estudantes e moradores da Moradia Estudantil (ME) estiveram às 9 horas na frente da Reitoria, horário para qual estava marcada a sindicância que julgará o assédio sofrido por duas trabalhadoras terceirizadas da UFF. Os estudantes estiveram presentes para elaborar cartazes em apoio às trabalhadoras e pressionar a Reitoria que já tem conhecimento dos casos desde abril. Na tarde de ontem, as trabalhadoras tiveram que dar sua versão na frente de seu agressor numa sala com presença praticamente só de homens e uma mulher (que só conseguiu participar da sindicância graças a imposição dos estudantes).

As trabalhadoras deram seu depoimento em condições nem um pouco dignas e favoráveis para conseguirem expor as violências sofridas no último período. Foram colocadas frente ao agressor, com sua integridade física e a lisura da sindicância em risco, visto o constrangimento para as trabalhadoras de terem que falar a verdade sobre as violências sofridas na frente do acusado. A reitoria é responsável por essa humilhação.

Desde abril os moradores vêm se organizando para afastar o acusado da Moradia Estudantil, visto que as trabalhadoras estão tendo que trabalhar diariamente olhando nos olhos de seu agressor. Por isso, decidiram unanimemente em assembleia pelo afastamento do acusado, o que foi ignorado pelos órgãos da Reitoria. Segundo relatos, a própria sindicância feita pela Reitoria no dia de ontem, só foi a frente por denúncias anônimas de estudantes que ameaçavam judicializar o caso se a Universidade continuasse mantendo seu silêncio. Outros relatos apontam também para assédios de mais estudantes e trabalhadoras cometidos pelo mesmo morador, além de ameaças a outros moradores que buscavam o seu afastamento.

Ao deixar as trabalhadoras terceirizadas na mão e não afastar o morador da moradia até que se apure o caso, se apoiando em argumentos meramente jurídicos, a Reitoria permite o contato cotidiano entre um assediador e suas vítimas, pouco se importando com o trauma que pode se causar na vida dessas mulheres. Os estudantes, a partir de regimento presente no estatuto da Moradia Estudantil, apontavam para a necessidade do afastamento do acusado temporariamente, até pelo menos o fim do processo, o que foi recusado pela coordenação da ME. Segundo relato, a coordenação afirmou que essas normas são para administrar a relação entre estudantes e funcionários e não a relação entre estudantes e empregados, fazendo uma diferenciação absurda entre terceirizadas, consideradas “empregadas” e efetivos que seriam “funcionários”.

Cartaz elaborado pelos estudantes

Mais uma vez o DCE não marcou presença do lado das trabalhadoras terceirizadas, se provando mais uma vez como “satélite” da Reitoria. O DCE dirigido pelo PT, PCdoB e Kizomba ignora a condição dos estudantes da Moradia Estudantil durante a pandemia que foram expostos a assédio, falta de alimentos, comidas estragadas, falta de infraestrutura e de equipamentos de proteção da pandemia e prefere dizer, demagogicamente, que a UFF é uma das universidades que mais investe na qualidade do ensino dos alunos. A oposição, que aprovou um bloco unitário para o dia 2 de Outubro, esteve presente para apoiar a luta das trabalhadoras terceirizadas contra o assédio dentro das universidades.

Caso essa sindicância não surta efeito, e não devemos confiar que sim, fazemos um chamado para todas as correntes do movimento estudantil se engajarem em uma campanha democrática ampla de toda a comunidade universitária para que as vozes das trabalhadoras terceirizadas sejam ouvidas. Afinal, essa é a mesma reitoria que demitiu terceirizados durante a pandemia se orgulhando de ter cortado gastos, além de ser a reitoria que não presta nenhum apoio a Vanessa Rodrigues, a estudante da UFF que foi vítima de estupro por parte de um professor da própria Universidade, sem contar o fato de, como dito acima, deixar terceirizadas trabalhando por mais de 6 meses na presença de seu violentador sem tomar nenhum tipo de providência. Essa batalha deve ser parte da luta pelo fim da terceirização, pela efetivação dos trabalhadores terceirizados sem necessidade de prestar concurso. Igual trabalho, igual salário.

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