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Direto da Argentina
Andrea D’Atri, fundadora do Pão e Rosas, fala sobre a realidade pós legalização do aborto no país
Redação

O Esquerda Diário entrevistou Andrea D’Atri, fundadora do Pão e Rosas na Argentina, que contou um pouco sobre os impactos da legalização do aborto no país na vida das mulheres.

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Esquerda Diário: Na Argentina, meninas e mulheres arrancaram o direito ao aborto com o mobilização nas ruas. O que mudou nesses 9 meses?

Andrea: Primeiro, que as mortes por abortos clandestinos e inseguros foram reduzidas. Em segundo lugar, que o movimento de mulheres se tornou um exemplo de que, com persistência, organização e mobilização nas ruas, podemos arrancar nossos direitos que, por tantos anos, todos os governos nos negaram.

Esquerda Diário: No começo do mês, uma médica foi presa em Salta após realizar o procedimento legal da interrupção de gravidez. Isso significa que a direita segue atacando o direito das mulheres de decidir?

Andrea: Imediatamente após a promulgação da lei, setores reacionários e fundamentalistas se organizaram para apresentar demandas pela inconstitucionalidade da lei da interrupção voluntária da gravidez, em todo o país. E eles iniciaram algumas ações contra clínicas, profissionais de saúde, etc. No entanto, o principal problema que enfrentamos é que esses setores se sentem fortalecidos desde que o presidente Alberto Fernández nomeou como chefe do gabinete de ministros o médico clerical e membro da Opus Dei, Juan Manzur. Manzur foi governador da província de Tucumán, onde uma jovem esteve presa por dois anos, acusada falsamente, quando fez um aborto espontâneo. É a mesma província onde uma menina de 11 anos que foi estuprada foi impedida de abortar e forçada a dar à luz. Isso gerou uma campanha internacional nas redes sociais # NiñasNoMadres. Agora, depois das eleições primárias de setembro, em que o governo foi derrotado, a vice-presidente Cristina Kirchner recomendou que o presidente fizesse uma mudança de gabinete e propôs o nome desse anti direitos reconhecido.

Esquerda Diário: Quais são os desafios para que o movimento de mulheres na Argentina siga sua batalha na luta contra a opressão?

Andrea: O desafio é permanecer organizado e nas ruas, não só para garantir que não haja um retrocesso no direito ao aborto, mas também para avançar em outros pontos urgentes de nossa agenda. A agenda do movimento feminista não terminou com o aborto legal. Foi um triunfo que nos fortalece para o enfrentamento de todas as formas de violência contra a mulher, por um plano de atenção integral às vítimas de violência. Mas também para acabar com a precariedade, a pobreza, o desemprego e a desigualdade no trabalho. Hoje, na Argentina, as mulheres são a maioria das trabalhadoras informais, sem direitos, e também são as que mais sobrevivem com suas filhas e filhos, com subsídios que estão abaixo da linha que mede indigência e pobreza. A pandemia apenas agravou a crise social. Mas para onde vão os recursos é uma decisão política. O governo priorizou o pagamento da dívida ao FMI, o que significa apenas mais ajuste para os trabalhadores. Para garantir esse ajuste é que nomeou os novos ministros, a começar por Juan Manzur e outros, para subjugar o movimento das mulheres, continuar a favorecer os grandes empresários farmacêuticos e agrícolas e reprimir os protestos sociais quando saímos às ruas para enfrentar esse ajuste.

 
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