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Governo
Ministro da Educação de Bolsonaro defende que universidade seja ’para poucos’
Redação

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, defendeu que universidades deveriam ser um espaço para poucos, e que o futuro da educação no Brasil é o ensino técnico.

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FOTO: FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse nesta segunda-feira, 9, que as universidades brasileiras deveriam ser para poucos. Em entrevista à TV Brasil, Ribeiro defendeu a volta às aulas na educação básica, ironizou a demanda dos professores por vacinação contra a covid-19 e se mostrou, mais uma vez, surpreso com o tamanho da pasta que ele chefia há mais de um ano.

Para Ribeiro, os institutos federais, com ensino tecnológico e profissionalizante, serão "a grande vedete" no futuro. Ele disse estar cansado de encontrar motoristas que têm graduação completa "Tem muito engenheiro, advogado, dirigindo Uber porque não consegue a colocação devida, mas, se fosse técnico em informática, estaria empregado porque há demanda muito grande", disse o ministro, invertendo a lógica do problema do desemprego que assola a juventude para dizer que o acesso ao ensino superior público deveria ser ainda menor do que é hoje.

"Então, o futuro são os institutos federais, como é na Alemanha hoje. Na Alemanha, são poucos os que fazem universidade. A universidade, na verdade, deveria ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade", completou Ribeiro. Ainda segundo o ministro, metade das vagas nas universidades é destinada a cotas e a outra parte vai para os "alunos melhor preparados". "Eu acho justo, considerando que os pais desses meninos tidos como ’filhinhos de papai’ são aqueles que pagam os impostos do Brasil, que sustentam bem ou mal a universidade pública. Não podem ser penalizados."

Essa declaração elitista e racista deixa escancarado o projeto de sociedade do governo Bolsonaro e Mourão, que junto da Câmara e do Judiciário avançam com a privatização dos Correios, com a escandalosa MP 1045 que permite a contratação de jovens sem vínculo trabalhista, sem férias, FGTS ou 13°, para corresponder ao país das reformas, do trabalho precário, da fome e do desemprego, cortando bilhões da educação e faz de tudo para expulsar os filhos da classe trabalhadora e da população pobre da universidade, para garantir que esta só sirva aos lucros dos capitalistas.

O ministro também admitiu que "tomou um susto" quando percebeu a variedade de atribuições da pasta. "Quando cheguei ao MEC, tomei um susto. Eu administro 50 hospitais universitários", afirmou ele. Os institutos federais, elogiados por Ribeiro, foram criados em 2008. O ministro disse que desconhecia, quando assumiu a pasta, a existência das 38 unidades.

Não é a primeira vez que Ribeiro demonstra surpresa com a importância e tamanho do MEC. Em janeiro deste ano, questionado sobre falhas na realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro argumentou que ainda estava se inteirando sobre a pasta que ele chefia.

Ele respondeu ainda questões sobre a autonomia das universidades e a escolha de reitores. O governo Bolsonaro tem ignorado os primeiros colocados na lista tríplice elaborada pelas universidades para a sucessão de reitores e intervindo nas universidades. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bolsonaro nomeou como reitor interventor Carlos Bulhões, o último colocado na lista, e que já foi responsável pela expulsão de quase 200 estudantes cotistas da universidade.

Ribeiro defendeu a volta às aulas presenciais e disse que "não faltaram recursos", uma tentativa de impor o retorno presencial inseguro a qualquer custo, visto os cortes e a precarização da educação que se arrasta desde muitos anos.

E ainda atacou os trabalhadores da educação ironizando o direito à vacinação que anda a passos lentos apesar do país ter mortes diárias por uma doença que já existe vacina. Ribeiro disse que há um grupo de "maus professores" que não querem o retorno presencial às escolas. "Eles fomentam a vacinação deles, das crianças, depois do cachorro, do gato", disse. "Como é que o professor é capaz de ficar em casa e deixar as crianças sem aula? A culpa não é do governo federal. Se eu pudesse, tinha mandado abrir todas as escolas." Uma decisão como essa deveria ser tomada pelas comunidades escolares e universitárias, e não imposta por um ministro que ignora a realidade da educação brasileira e quer submetê-la a seus próprios interesses de classe.

Veja também: Faísca responde ao ministro da educação Milton Ribeiro e à MP 1045

 
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