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Militares vão desfilar em Brasília
Operação Formosa tem gasto milionário e prepara fuzileiro para invadir favela e reprimir atos
Júlio Dandão

Em 2011 a Operação Formosa teve gastos de cerca de R$ 5 milhões e simulou retomada do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. Também já serviu para preparar soldados para lidar com grandes eventos, como Copa do Mundo e Olimpíadas, onde cresceram as manifestações contrárias.

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Foto: Defesa Aérea e Naval

A Operação Formosa, da Marinha do Brasil, ocorre todos os anos desde 1988 na região do cerrado goiano. Este ano a operação terá um desfile por Brasília no mesmo dia da votação da PEC do voto impresso.

Além de ter gastos milionários para os cofres públicos, a operação tradicionalmente serve para aprimorar técnicas que vão de invasão de morros e favelas até a repressão de manifestações em eventos de grande porte, como foi o caso da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Este ano ela vem como, no mínimo, um recado.

Ainda não temos o acesso aos gastos da Operação Formosa de 2021, mas certamente será na casa dos milhões. São mais de 2.500 militares, com 150 veículos (blindados, tanques e lança-mísseis) se locomovendo pelo país, do Rio de Janeiro até Formosa (GO), com demonstrações de tiro real que envolvem mísseis e foguetes (como os modernos SS-60, disparados pelo moderno sistema de lançadores múltiplos Astros 2020). Se em 2011, com menos aparato e menos pessoas, a Marinha gastou cerca de R$ 5 milhões, quanto será agora?

Mas gastos militares com coisas absolutamente inúteis para a maioria da população não é algo que realmente incomoda o alto comando. A farra da farda verde oliva já bateu recordes de qualquer churrasqueiro da história do país ao comprar 700 toneladas de picanha e 80 mil cervejas, tudo com dinheiro público. Só em leite condensado, o exército, sob Bolsonaro, gastou R$ 15 milhões em um ano. A lista de barbaridades é imensa.

Esses exercícios da Marinha possuem objetivo claro de aprimorar e demonstrar a força e capacidade militar para fins específicos. Em operação de 2011, por exemplo, o próprio site Forças Terrestres afirmou que “a simulação serve para o pronto-emprego de soldados em missões como a retomada do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro”.

Além de invadir favela e “deixar corpo no chão”, como diz o canto sinistro de alguns grupos militares, essas operações servem também para treinamento em repressão de manifestações e situações de conflito agudo em cidades brasileiras. Na Operação Formosa de 2013, por exemplo, o almirante da Marinha Luiz Fernando Palmer deixa claro: “O treinamento, por mais que não seja focado só nos grandes eventos (Copa do Mundo e Olimpíadas), tem reflexo indireto e ajuda na formação e na preparação do fuzileiro. Ele dá condições ao fuzileiro de atuar em eventos como estes. Por isso, digo que tem, sim, um efeito indireto na segurança”.

Há uma pirotecnia dos mísseis e foguetes, aparentemente demonstrando capacidade bélica de atuar em guerras com exércitos estrangeiros, mas boa parte das atividades estão em função de conflitos internos, com inimigos internos.

Em outro treinamento, ocorrido em outubro de 2019, com gastos de exorbitantes R$ 8,9 milhões, o Exército brasileiro chegou a simular a invasão de território por um “exército vermelho”. Parece piada, mas não é. Foi a maior operação do tipo ocorrida na Amazônia, mobilizando 3.600 pracinhas no total.

Apesar de tudo isso parecer uma grande brincadeira para os militares atirando mísseis no nada e gastando dinheiro público a torto e a direito, a demonstração de forças ocorre em meio à crise entre governo Bolsonaro e STF, no mesmo dia em que será votada a PEC do voto impresso na Câmara dos Deputados. Dessa vez não será uma operação exclusiva da Marinha, o Exército e a Aeronáutica também participarão e o desfile pelo Planalto, se não for evidente e concreta ameaça, configura ao menos um recado.

 
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