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Dia do Estudante
Por uma assembleia geral da UFRGS para organizar os estudantes contra Bolsonaro e Bulhões!
Faísca - UFRGS

A próxima quarta-feira é dia 11 de agosto, dia do estudante, e a UNE, dirigida pelo PCdoB, PT e Levante Popular da Juventude, e a frente Povo Na Rua Fora Bolsonaro (PSOL/MES, PCB, UP/Correnteza) estão postando em suas redes convocatórias à mobilização. Motivos não faltam. Na UFRGS, embora parte dessas organizações estejam no comando do DCE, não há nenhuma iniciativa para organizar os estudantes rumo a essa data.

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Foto do 29M em Porto Alegre: Luiza Prado / Jornal do Comércio

Nos últimos meses se expressou nas ruas uma importante insatisfação com o governo de Bolsonaro e Mourão, com manifestações muito maiores do que aquelas organizadas pelo presidente e seus bandos de extrema direita. Essa disposição de luta é fundamental no atual contexto de crise econômica, com mais de 560 mil mortos pela covid, desemprego recorde, aumento geral do custo de vida e também crise política e disputa entre os distintos setores do regime, com Bolsonaro bastante debilitado. NA UFRGS esse debilitamento se expressa também na pressão do CONSUN, pela abertura da discussão sobre a possibilidade de destituição do interventor Bulhões, inimigo dos estudantes e trabalhadores da universidade, e braço auxiliar na UFRGS de Bolsonaro e seus ataques.

As manifestações contra o governo contaram com importante participação dos estudantes, lutando contra os cortes que ameaçam de fechamento das universidades federais e também contra o negacionismo e o reacionarismo de Bolsonaro. O dia 11 de agosto, dia do estudante, deveria ser mais uma demonstração dessa disposição de luta e da força do movimento estudantil. Poderia servir também para que os estudantes de todo o país se dirijam aos trabalhadores convocando-os a exigirem das centrais sindicais, como a CUT, dirigida pelo PT, e a CTB, dirigida pelo PCdoB, e também de seus sindicatos, que convoquem e construam nacionalmente um plano de lutas para colocar em movimento a força dos trabalhadores, aliados aos estudantes e todos os setores oprimidos, preparando uma forte greve geral que paralise o país contra todos os ataques e privatizações em torno dos quais se unificam Bolsonaro, o Congresso, o STF e os capitalistas.

Essa data vem sendo convocada pela frente Povo Na Rua Fora Bolsonaro através de suas redes sociais e é mencionada também nas redes da UNE que realizará uma plenária virtual no próximo sábado (07) para tratar disso. Entretanto, nos locais de estudo não há nenhum sinal de construção de manifestações. A UNE sequer fala diretamente de manifestações de rua para esta data e fará essa plenária por fora de qualquer construção nas inúmeras universidades onde dirige entidades. Inclusive, em Porto Alegre e em diversas cidades, sequer um chamado concreto ao ato foi publicado.

No caso da UFRGS, o DCE é dirigido pelo MES/Juntos/PSOL, UP/Correnteza, Resistência/Afronte, PCB/UJC e Alicerce, e a gestão não convocou nenhum espaço de organização dos estudantes rumo a essa data, assim como também não o fez na última manifestação nacional contra o governo no dia 24 de julho. Sobretudo neste momento em que novos estudantes ingressam na UFRGS seria fundamental uma assembleia geral, com direito à voz e voto, para discutir a situação do país e da universidade e mobilizar os estudantes ingressantes e veteranos contra Bolsonaro, Mourão e todos os atores do regime político que preparam mais ataques neste segundo semestre. Um espaço assim seria também importante no sentido de discutir a própria situação da universidade, com o interventor ameaçado de destituição, como parte de colocar a força dos estudantes também a serviço de enfrentar Bulhões e todas as suas medidas, sem confiança na burocracia acadêmica do antidemocrático CONSUN, que junto de Bulhões foi responsável pela expulsão de cerca de 195 estudantes cotistas no último semestre, e que se move pelos seus próprios interesses.

Na UFRGS e em todas as universidades que estão sob intervenção, é necessário enfrentar os interventores e lutar contra o regimes universitários e os estatutos antidemocráticos, herdados da ditadura militar. Isso passa por batalhar pelo fim das listas tríplices, que permitem medidas como as intervenções, e desenvolver forças dos estudantes, aliados com os trabalhadores e professores, para impor pela luta uma nova estatuinte. Um processo onde os estudantes, técnicos, professores e terceirizados possam reformular o estatuto, democratizar a estrutura de poder e avançar em medidas como a efetivação dos terceirizados, a garantia da assistência e permanência estudantil, a defesa dos cotistas e batalha pelo fim do vestibular, enfrentando o modelo de universidade que o governo de Bolsonaro e Mourão e o regime político fruto do golpe institucional de 2016 vêm impondo, mais precária com os cortes, mais privatizada e mais elitizada. Contra isso é preciso lutar por uma universidade a serviço da classe trabalhadora e do povo.

Atualmente na UFRGS alguns Centros Acadêmicos vêm se organizando para impulsionar um CEB autoconvocado, já que a gestão do DCE não chama nenhum estaço de organização. A iniciativa é válida e nós do Esquerda Diário e da Faísca, que junto a estudantes independentes compomos a gestão do Centro Acadêmico Dionísio, do Teatro, e também nos diversos outros cursos em que estamos, apoiamos todas as medidas que vão no sentido de organizar os estudantes. Entretanto, o espaço do CEB é limitado àqueles que são parte da gestão das entidades, e muitas gestões estão esvaziadas e paralisadas com a pandemia, o que significa que estudantes de diversos cursos não terão sequer direito à representação num espaço como esse. Por esse motivo, sem nos opor à realização do CEB e colocando isto como proposta para esse espaço, caso ele ocorra, insistimos que o mais potente no atual contexto seria justamente uma assembleia geral, que deveria ser fortemente construída em cada curso, batalhando para convencer o máximo possível de estudantes sobre a necessidade e a importância da auto-organização e de espaços como esse.

O DCE da UFRGS e as organizações que o compõe vêm fazendo o contrário disso. No último dia 04 organizaram uma plenária nacional de gestões de CAs e DCEs, desconectada das bases estudantis que essas entidades representam. Quer dizer, na prática se tratou de uma reunião entre as organizações que controlam as entidades, uma reunião que a ampla maioria dos estudantes nem sabia que ocorreria. Um espaço completamente incapaz de substituir assembleias de base onde todos tenham direito a voz e voto.

Poderia ter um impacto importante caso as mais de 70 entidades estudantis que assinaram o chamado a essa reunião - entre elas, o DCE da UFRGS - batalhassem para de fato organizar os estudantes e reerguer o movimento estudantil nacionalmente. Nas bases dessas entidades seria possível discutir uma política alternativa em relação ao que a direção majoritária da UNE vem levando à frente, assim como também votar uma exigência a que as centrais sindicais e sindicatos construam um plano de lutas rumo a uma greve geral. Os estudantes poderiam se mobilizar para construir essa exigência junto aos trabalhadores de dentro e de fora da universidade, ampliando a pressão sobre as direções da UNE e das centrais sindicais.

Entretanto, as organizações que compõe o DCE não colocam a perspectiva de uma política de polo antiburocrático como essa. Pelo contrário, estão junto ao PT e PCdoB na defesa do impeachment, defendido também por setores da direita como Kim Kataguiri e o MBL, Alexandre Frota, Joice Hasselmann e outros inimigos dos estudantes e trabalhadores. Uma medida que levaria o reacionário general Mourão à presidência e dependeria de uma ampla coesão entre os distintos atores do regime político à serviço de tirar Bolsonaro e colocar outro nome capaz de passar ainda mais ataques, contando com a boa vontade de Arthur Lira e do Congresso Nacional. Olhando a situação nacional e o peso cada vez maior do Centrão no governo Bolsonaro, o impeachment vai se tornando uma possibilidade cada vez mais remota e o "Fora Bolsonaro" mais do que nunca significa desgastar o governo e esperar 2022 para eleger Lula. Enquanto isso, o ex-presidente busca constuir alianças com essa mesma direita rumo às eleições, reunindo com figuras como Fernando Henrique Cardoso, Kassab e outros, além de perdoar aqueles que deram o golpe em 2016 e também seus ataques contra os trabalhadores e as privatizações.

A força dos estudantes, aliados com a classe trabalhadora, organizados nos locais de estudo e trabalho, pode enfrentar não só Bolsonaro, mas também Mourão e todos os atores do regime político. As organizações de esquerda, como as que dirigem o DCE da UFRGS e diversos outros pelo país, além da CSP-Conlutas e das Intersindicais, poderiam cumprir um papel importante, sendo parte da exigência e denúncias às grandes centrais e dando exemplos nos locais onde têm peso, conformando nacionalmente um Comitê Pela Greve Geral.

Colocar em movimento a força da classe trabalhadora, aliada aos estudantes e todos os setores oprimidos, é o único caminho para responder à crise vivida pelo país e enfrentar Bolsonaro e todo o regime político, para impor com a nossa luta uma assembleia constituinte livre e soberana. Em um processo assim a maioria da população poderia decidir a respeito dos rumos do país e também batalhar pela revogação das reformas, da Emenda Constitucional do Teto de gastos, além de outras medidas, para fazer com que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

 
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