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Privatização dos Correios
Privatização dos Correios é aprovada com cumplicidade das burocracias sindicais
Tatiane Lopes

A privatização dos Correios acaba de ser votada na Câmara dos Deputados por 286 votos a 173. Este, que é um ataque escandaloso contra um serviço fundamental e aos trabalhadores dos Correios, passou também com a cumplicidade das direções burocráticas da CUT e CTB, que apesar da resistência dos trabalhadores nos últimos anos, como na forte greve de 2020, se negaram a organizar uma luta séria para barrar esse ataque. A auto organização dos trabalhadores impondo às suas direções que se movimentem é urgente para organizar a luta e reverter esse e outros ataques.

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Greve dos correios em Campinas, 2020 - Imagem: Wagner Souza/FuturaPress

Com a votação de hoje, que em seguida passa pelo Senado, a estatal poderá ser vendida por completo, sem nenhum tipo de partição por área ou por serviço. O leilão está previsto para o primeiro semestre de 2022. Um ataque profundo no marco de uma série de privatizações que unificam bolsonaristas e opositores de ocasião, que no geral concordam todos em descarregar o ônus da crise nas costas dos trabalhadores, precarizando e encarecendo serviços para quem usa e o trabalho de quem o presta.

Essa privatização neoliberal significa vender uma das empresas brasileiras mais importantes, a preço de banana, para beneficiar a Amazon de Bezos, maior bilionário do mundo, ou empresas de serviços de entregas como a Uber, e a Magazine Luiza.
Que pese a unidade da burguesia ao redor da política de privatizações, com um trabalho coordenado entre capitalistas, governo Bolsonaro, todas as instituições do regime do golpe institucional e apoio da grande mídia no trabalho de convencimento à população em base a mentiras, a cumplicidade das burocracias sindicais que dirigem as entidades do movimento operário é tão responsável e de alguma forma parte dessa unidade que permitiu mais esse grande ataque contra nossa classe.

Nunca foi um problema de falta de disposição de luta. Em 2020 os trabalhadores dos correios fizeram uma forte greve que teve seu início em agosto. Os ecetistas paralisaram durante 35 dias em toda o país mostrando a força da nossa classe e se enfrentando duramente contra os planos de privatização já arquitetados por Bolsonaro e Guedes, e aplicados fortemente na estatal por seu presidente, o general Floriano Peixoto. Foram diversas mobilizações pelo país contra a privatização e a proposta de modificar mais de 70 tópicos no acordo coletivo da categoria, que incluía as absurdas retiradas de vale-alimentação, auxílio-creche, licença maternidade.

Para além da tentativa de privatização e ataques aos acordo coletivo, a mobilização dos trabalhadores se dava também pela falta de condições sanitárias, EPIs - que levou a mortes de vários trabalhadores -, para o trabalho durante a pandemia, pois a categoria não parou nesse período, e até hoje é extremamente fundamental para a entrega das vacinas, dos testes, medicamentos, etc.

Após os 35 dias de greve nacional, ela chegou ao fim. Tendo, inclusive, um grande ato nacional em Brasília no dia da votação no TST que demonstrou a enorme intransigência do governo e autoritarismo do judiciário que decidiu por manter 50 ataques no acordo coletivo. No entanto, a enorme força dos trabalhadores que se demonstrou nesta greve já se deparou naquele momento com o esforço consciente das burocracias sindicais em boicotar e isolar a greve. Não articulando e unificando as lutas em curso no país e não mantendo a luta até o final. Imaginemos como a história poderia ser outra hoje, caso aquela greve tivesse triunfado, caso a política das direções tivesse sido a de cercar de solidariedade, envolver outras categorias em luta, construir a unidade?

E hoje, um ano depois da heroica greve dos trabalhadores dos Correios, em meio escândalos de corrupção no governo Bolsonaro, mais de meio milhão de mortos pela covid, desgaste em sua popularidade, imaginemos a força ainda maior que teríamos caso fossem convocadas assembleias de base em cada local de trabalho e estudo para articular e exigir das centrais uma paralisação nacional com greve geral para reverter esse e todos os ataques?

Mas a cumplicidade das burocracias segue, enquanto, por exemplo, a CTB do PCdoB chama um "bloco democrático" para os últimos atos com os partidos que votaram em peso pela privatização, ou quando a CUT, maior Central Sindical da América Latina busca justificar a presença da direita nas manifestações enquanto não organiza nada nas bases das centenas de sindicatos que dirige no país.

Basta dessa cumplicidade! Retomando a moral da greve de 2020, as correntes de esquerda que também dirigem alguns sindicatos e entidades estudantis precisam batalhar urgentemente por um plano de lutas dos trabalhadores junto aos estudantes, unificando demandas para impor uma Greve Geral necessária para derrubar todos os ataques e privatizações, lutando por Correios 100% estatal e sob controlo dos trabalhadores. Lutando por Fora Bolsonaro e Mourão nas ruas, sem cair na armadilha do impeachment, que só pode ocorrer por dentro das mesmas instituições que nos atacam e que levaria o militar e racista Mourão ao poder.

 
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