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Greve da MRV em Campinas
“O que a MRV faz com o funcionário que produz o lucro pra ela é repudiante”
Redação Campinas e região

Os trabalhadores da MRV em Campinas, empresa da construção civil, estão em greve há mais de 15 dias reivindicando o direito a PLR e melhores condições de trabalho. O Esquerda Diário que está acompanhando a greve e levando apoio ativamente ouviu alguns trabalhadores sobre as condições de trabalho na MRV e sobre porque decidiram se mobilizar.

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A greve de trabalhadores da MRV está completando mais de 15 dias e mostra muita força para reivindicar os direitos dos trabalhadores pela Participação nos Lucros e Resultados da empresa (PLR). Os trabalhadores reivindicam o aumento dessa direito, já que ele era pago com um valor muito baixo para os trabalhadores, e ao alto escalão era pago até 38 mil reais. São mais de 700 trabalhadores que dão exemplo de luta para se enfrentar hoje com o que está sendo imposto aos trabalhadores pelos patrões, por Bolsonaro, Mourão e os governadores.

O Esquerda Diário está levando apoio ativo a essa greve e chama o conjunto das entidades sindicais, como a Intersindical e Conlutas, e demais sindicatos, entidades estudantis, movimentos sociais, parlamentares de esquerda, como a vereadora de Campinas, Mariana Conti, para também se solidarizarem com essa greve tão importante.

Além disso, ouvimos os trabalhadores sobre as péssimas condições de trabalho que a MRV impõe nos canteiros de obras. Uma empresa que se fortaleceu durante os governos do PT com verdadeiros escândalos de precarização do trabalho e até mesmo de trabalho análogo a escravidão, como foi mostrado neste ano. Seu dono é um dos grandes empresários brasileiros, dono da CNN e que apoiou Bolsonaro e suas medidas de ataques ao povo pobre e trabalhador. Veja abaixo as condições relatadas pelos trabalhadores:

Depoimento 1:
"Bom dia pessoal do Esquerda Diário. A gente aqui da obra queria dizer que a greve surgiu de uma necessidade do trabalhador. O sindicato há 3 anos negocia a PLR dos trabalhadores com a empresa, que é a participação nos lucros. E há 3 anos não sai essa negociação com o sindicato. Então o sindicato chega dentro da obra e fala pra gente que acabou a negociação e não andamos nem um passo essa questão da PLR. E aí surge dentro do canteiro de obras aquela morosidade dos trabalhadores, chateados com a situação, e aí surge aquela necessidade de se mobilizar e fazer uma greve. Essa ideia surgiu dentro do canteiro de obras, não foi o sindicato. Aí fizemos uma assembleia, e com a assembleia surgiu essa greve. E agora já estamos desde o dia 13 de greve. E essa greve surge a partir da PLR, mas não só por isso. Dentro do canteiro de obras tem muitas situações que não poderiam estar acontecendo no século XXI. A gente tem trabalhador batendo massa com enxada, até porque existe uma coisa chamada betoneira que serve pra isso. E também existe massa pronta que a empresa poderia comprar pra facilitar o trabalho. Além disso, muitos trabalhadores carregam peso acima do limite, usando escada, ou seja, carregando peso por 9, 10 andares. Muitos trabalhadores fazem isso, mas porque são obrigados, pois muitos de nós precisam desse emprego. Isso não é nem permitido dentro da lei trabalhista, mas isso acontece muito no canteiro. A greve surge também disso.
A MRV tem um histórico de não ter greve, então eles acham que a gente não iria parar as obras deles. O complexo Garden é um canteiro muito grande dentro de Campinas. São 10 canteiros de obras em uma região pequena. Hoje a nível nacional as pessoas querem fazer greve. Algumas cidades hoje estão se articulando pra uma greve a nível nacional. Se não houver acordo, canteiros de outras cidades vão parar também. "

Depoimento 2:

"Colocam a gente pra fazer outros serviços que eu nem sabia o nome, ou seja, desvio de função. Falam pra gente fazer um serviço, aí chega o dia e não pagam, ou seja, sempre enganam o trabalhador. Sempre jogam uma merreca pra gente não bater o pé. Mas sempre fazem isso, não só aqui em Campinas, mas em outras cidades também. Estamos fazendo a greve por um direito nosso, do PLR, mas também queremos melhores condições de trabalho. Nosso banheiro não tem nem papel higiênico. Não podemos parar no meio do caminho essa greve, a gente tá com fôlego, e não vamos parar por acordo não. Não vamos resolver nada com o trabalho rolando, vamos resolver antes, aí depois a gente volta pra trabalhar."

Depoimento 3:

"Bom dia a todo o público do jornal Esquerda Diário, eu trabalho na MRV há dois anos e meio aproximadamente. Estou aqui com meus companheiros de trabalho devido à falta de consideração que a MRV tem com o funcionário. O que essa empresa faz com o funcionário que dá o lucro pra ela é repudiante. Cada um que tá aqui nesse ato que dá o lucro dessa empresa, é muita injustiça que não tenhamos nossos direitos. É um absurdo que a chefia ganhe aí por volta de 38 mil reais e a empresa queira pagar 390 reais pra um peão. Alguns receberam 390, outros 100, outros 200… Muita injustiça. Quem faz a riqueza da MRV somos nós, que pegamos peso, nos sacrificamos, corremos pra terminar a obra dentro do prazo… Por isso estamos aqui nesse ato, não queremos prejudicar ninguém, mas queremos mostrar pro dono da MRV o valor que cada trabalhador tem."

Depoimento 4:

"A gente tava fazendo funções que não eram nossas, coisas que não temos treinamento. Temos que aprender ali na hora. Agora na pandemia falta muita coisa pra gente. Falta alcool gel, falta sabonete, detergente, papel higiênico… Coisas básicas, que a gente da limpeza não consegue nem cumprir nossa função direito por faltar tudo isso. Temos produtos inapropriados, como removedor de manchas à base de ácido, o que é errado e perigoso. Uniforme a gente nem recebe direito, vem com tamanho errado, não fornecem, a gente tem que trabalhar com calça rasgada e tudo isso aí."

 
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