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AMÉRICA LATINA
Após dois meses, a Colômbia ainda resiste
Begonia D.

Apesar da forte repressão do governo de Iván Duque e dos governos locais, a juventude continua se mobilizando. As táticas amedrontadoras do governo não impediram o acontecimento de novas manifestações.

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Apesar da forte repressão do governo de Iván Duque e dos governos locais de Bogotá, Cali, Medellín, Barranquilla, Bucaramanga, Pasto, Manizales, Pereira, os jovens continuam a se mobilizar. As conhecidas táticas de intimidação na Colômbia não reverteram as manifestações. A estratégia de colocar gasolina no fogo e reprimir militar e paramilitarmente os atos, não alcançaram o resultado esperado pelo governo e os bairros continuam se organizando.

As mobilizações, protestos e bloqueios continuaram repetidamente. Hoje, não é apenas a saída de Duque do governo que é a chamada pelo povo na rua, mas também a justiça pelos mais de 70 assassinatos e centenas de desaparecidos nas mãos da polícia e da ESMAD. Esses dois meses tornaram a crise de pobreza e violência vivida pelo povo colombiano visível em todo o mundo, mas também alcançou conquistas como a queda das reformas tributária e sanitária, a renúncia do ministro da Fazenda Alberto Carrasquilla, da chanceler Claudia Blum, o comandante da Polícia de Cali, Juan Carlos Rodríguez, e do secretário de segurança de Bogotá, Hugo Acero, e do diretor de direitos humanos de Bogotá, Andrés Idárraga.

No entanto, embora a luta continue nas ruas, é evidente que existe um desgaste da população em que se percebe que quem mais resiste são os jovens. As mobilizações e o número de participantes diminuíram, assim como os bloqueios fortemente reprimidos.

Mesmo assim, a Paralisação Nacional tornou visíveis as ações da polícia fora dos parâmetros da constituição e ataques sem controle com armas letais e à queima-roupa dos manifestantes, os vínculos entre militares e paramilitares foram expostos. É sabido que o povo tem sido reprimido com mais força do que o próprio narcotráfico por exigir seus direitos.

O que a Colômbia vive é um processo que não tem retorno, é uma nova geração que dá origem a uma juventude politizada, que vem sendo gerada pelas organizações de bairro. Cozinhas comunitárias, reuniões para pintar, assembleias para organizar a luta, são produtos da repressão de Duque que, mais do que provocar a desmobilização, convida o povo a resistir desde a tomada das ruas. Um exemplo é o Monumento à Resistência em Puerto Resistencia em Cali, inaugurado no dia 13 de junho e que é um símbolo da PN.

Da organização de trabalhadores, indígenas, jovens e afro-colombianos, a Assembleia Nacional do Povo foi inaugurada no dia 6 de junho, a partir da página Vida Digna, afirma-se que “vamos encontrar todos os tipos de organizações para nos conhecermos e avançar na Paralisação Nacional de 28 de Agosto. Ninguém representa o povo mais do que as pessoas da resistência”. Embora esta assembleia busque fortalecer a paralisação e continuar lutando, seria importante uma articulação com as organizações de bairro, as linhas de frente e demais setores que se vêm organizando a partir da cidade.

Por outro lado, o autoproclamado Comitê Nacional de Paralisação , baixou a guarda contra o governo e com promessas de levar as petições de paralisação ao Congresso pedia a desmobilização. Mas a sua baixa representação em relação aos que estão nas ruas não teve impacto e por isso apelou novamente a uma grande mobilização para o dia 20 de julho, dia da "independência" nacional e da posse das sessões extraordinárias do congresso. Nessas sessões, o governo Duque apresentará uma nova reforma tributária pactuada com empresários e partidos ligados ao governo.

O clima pré-eleitoral que vive a Colômbia não é menor, os partidos de direita e centro-esquerda tentam ganhar eleitores em todas as situações, a verdade é que a popularidade dos partidos de direita e de seu grande mentor Álvaro Uribe caiu. Segundo o levantamento da Invamer Poll referente ao mês de maio, é indicado uma rejeição a Uribe de 73%; Segundo o jornal El Espectador, “o que mais prejudicou Uribe foi o espetáculo de manipulação da justiça que ele e seus defensores deram”.

Enquanto isso, o líder de centro-esquerda, Gustavo Petro, também mostra queda de popularidade na mesma pesquisa da Invamer Poll com uma rejeição de 48%, além de algumas declarações em que está mais próximo do discurso de Duque e sugere abandonar os bloqueios.

Da mesma forma, a credibilidade do governo está em questão após os ataques à Brigada 30 e ao helicóptero do presidente nos últimos dias. Isto, somado à má gestão da pandemia, acelerando a crise econômica e social e ao terrorismo de Estado em resposta à PN. A recusa em negociar com os manifestantes, mesmo tendo pedidos que seriam facilmente realizáveis, também operam no desgaste no do governo de direita de Duque.

O povo colombiano continuará resistindo a este governo. A organização dos trabalhadores, junto com os povos indígenas e afro-colombianos, e a força da juventude continuarão se organizando e lutando até que Duque caia do poder.

 
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