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OPINIÃO
Os fazendeiros empregam e produzem assassinos: há indícios que Lázaro seria um deles
Leandro Lanfredi
Rio de Janeiro | @leandrolanfrdi
Luciano Sabatier

Há múltiplos indícios que Lázaro era um jagunço empregado pelo latifúndio, como até mesmo o governador e ruralista Caiado reconhece. O caso e essas possíveis (ou mesmo prováveis) ligações mostram um elo de violências que vai bem além do caso chocante. Publicamos abaixo um texto baseado em conversas relatadas por um trabalhador em seu local de trabalho.

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Publicamos abaixo um texto baseado em conversas relatadas por um trabalhador em seu local de trabalho

Os bárbaros crimes e assassinatos de Lázaro Barbosa foram usados pela extrema-direita para promover um rastro de violência na sua caçada televisiva: tortura de sua esposa, invasão e destruição de terreiros de religiões de matriz africana e outros abusos. Seu assassinato pelo Estado, comemorada por Bolsonaro e pelo governador Caiado não consegue esconder os fortes indícios de que Lázaro era um jagunço de fazendeiros, escancarando com as especificidades grotescas de seu caso uma realidade que acontece em diversas regiões do país.

A morte de Lázaro pelas mãos de agente do Estado que lhe crivaram dezenas de balas e comemoravam sobre seu corpo em filmagens foi prontamente aplaudida por Bolsonaro que repetiu o bordão de apresentador de TV de extrema-direita “CPF cancelado”. Os crimes de Lázaro e toda a campanha televisiva não conseguem esconder um lastro de indícios de ligação com o agronegócio, com o latifúndio, que não só no DF e Goiás, mas em todo país emprega assassinos para atacar indígenas, quilombolas, ribeirinhos, trabalhadores.

A Secretária de Segurança Pública de Goiás emitiu nota que está investigando se Lázaro era jagunço ou “segurança” de fazendeiros. Não há muito uma terceira hipótese investigativa, um tipo de laço ou outro, aparentemente. Essa hipótese investigativa foi reforçada em plena GloboNews pelo governador ruralista Caiado em entrevista no dia 29/06. Para ele fazendeiros garantiram locomoção, abrigo, comida, dinheiro e locais para carregar celular e até mesmo se barbear.

Essa notícia aparece nas grandes mídias, porém, como nota de rodapé. As grandes mídias burguesas e o Estado ocasionalmente caçam seus cães de briga, mas nunca seus criadores. Um ocasional Adriano da Nóbrega, Lazáro Barbosa ganha notoriedade por seus crimes hediondos, mas o CPF de seus empregadores aparece com muito menor frequência. Há quem suspeite não somente da sanha assassina da polícia goiana no desfecho mortal e não na prisão do foragido mas que ela também teria atuado para “queimar arquivo”, porém essa outra suspeita, levantada em redes sociais tem menor comprovação de indícios já à disposição que sua ligação com o latifúndio local.

Não é novidade que fazendeiros, grileiros, garimpeiros utilizem assassinos de aluguel para reprimir, amedrontar e ocasionalmente assassinar indígenas, quilombolas, ribeirinhos e trabalhadores das fazendas. A nomenclatura “segurança de fazenda” nada mais faz que atualizar para o século XXI práticas geralmente toleradas pelo Estado, garantindo ampla impunidade aos agentes a mando do capital e das classes dominantes no campo. A burguesia paulista até hoje admira e mantém de pé estátuas a seus Bandeirantes que pouco se incomodariam com as práticas de um Lázaro. O fazendeiro mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, no Pará, só foi a prisão 14 anos depois do assassinato, e se tratou de um caso de ampla repercussão internacional. O número de assassinatos no campo só aumentou desde o golpe institucional de 2016 e mais ainda desde sua continuidade com a eleição manipulada pelo judiciário com apoio militar que colocou Bolsonaro no Alvorada.

E logo ali, no DF, pertinho do Plano Piloto esse Brasil profundo de crimes bárbaros cometidos por facas de aluguel dos fazendeiros se mostrou novamente.
Quantos índios, quilombolas, trabalhadores são mortos e seus nomes nem constam no noticiário, quantos crimes incentivados pelo mesmíssimo latifúndio e omissão (quando não aplauso) do judiciário e polícias ocorrem país a dentro?

O PL490 alvo de forte protesto de povos indígenas, autoriza garimpos, fazendas e madeireiras em terras indígenas fornece mais combustível para que interesses similares aos que provavelmente já empregaram (ou ainda empregavam) Lázaro se mostrem em vários outros quadrantes de nossa terra. Não é das mãos da extrema-direita que busca, como Bolsonaro, aumentar as facilidades para que fazendeiros armem seus jagunços, pelo seu louvor a assassinatos pelo Estado (de CPFs cancelados de Bolsonaro ao “mirar na cabecinha” de Witzel) sabemos que essas balas que hoje foram em Lázaro são amanhã em centenas de trabalhadores, jovens e até mesmo crianças negras moradoras de morros e favelas.

Não é possível confiar que seja o Estado capitalista que combata a barbaridade que vimos nos crimes apontados a Lázaro e seus afins. Esse estado existe para garantir os interesses de latifundiários, mineradores, madeireiros que contratam jagunços para garantir sua invasão de terras e amedrontamento das populações. Essa violência também é decorrência da miséria e desemprego que coloca pessoas para trabalhar para interesses dos poderosos como há indícios do latifúndio nesse caso escandaloso. Essa violência acontece com ou sem os requintes de barbaridade de um Lázaro ou com menor alarde como fazem em cada zona de expansão agropecuária, madeireira, mineradora ou de expulsão de populações para garantir terrenos para construtoras, milicianos e interesses do turismo, como vemos acontecer também em centros urbanos. O choque com um caso como esse também obriga a olhar para suas raízes e conexões com o latifúndio, com o Estado e com o capitalismo.

 
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