Nos meses de 2021, 58% dessas negociações salariais ficaram abaixo da inflação, representando um aumento de salário que não acompanha o poder de compra do trabalhador, não sendo um aumento real de salário. Além disso, o aumento dos itens da cesta básica são alarmantes, pois seguem em alta desde o início da pandemia, tendo um aumento de 14%, com o seu maior preço em Porto Alegre, em que a cesta básica custa R$636,96, muito acima da quantia absurda de R$250,00 que o governo paga de auxílio-emergencial. O que acontece, na prática, é que o trabalhador consegue comprar cada vez menos itens da cesta básica com o mesmo salário ou mesmo com o salário ajustado.
Para se ter uma ideia no nível de carestia que esse governo impõe aos trabalhadores, uma pessoa que recebe 1 salário mínimo - considerando que um terço do total da força de trabalho do país recebe até um salário mínimo, segundo dados de 2019 - é obrigada a gastar 54% do seu salário para comprar uma cesta básica. Esses dados são desesperadores e demostram que o projeto de país do golpe de 2016, que é levado à frente por esse governo bolsonarista, serve para atacar cada vez mais os trabalhadores, buscando preservar os lucros dos poderosos.
Sobretudo em meio a uma pandemia mundial esse projeto de país mostra à quem serve: aos capitalistas, Bolsonaro, Mourão e seus amigos banqueiros e empresários. Com cada vez mais mortes por covid que poderiam ser evitadas, esse governo coloca milhões de trabalhadores abarrotados em ônibus, sem garantia nenhuma de proteção contra o vírus, contra o desemprego e a fome. Esses capitalistas jogam milhões de pessoas na miséria para pagar a fraudulenta dívida pública que, todos os anos, consome enormes parcelas da verba nacional para encher os bolsos dos poderosos. Para isso, esses governantes capitalistas aplicam ataques cada vez piores como a reforma da previdência, a reforma trabalhista e, agora, a reforma administrativa que Bolsonaro quer passar. Também, privatizam e precarizam tudo o que podem, como a Eletrobras, e seguem a passos largos para privatizar muitas outras empresas estatais, com inclusive Lula anunciando a preparação da privatização da Caixa Econômica Federal caso seja eleito em 2022, comprometendo-se a dar continuidade ao projeto de país do golpe.
Além disso, nesse cenário desolador, o governo paga um auxílio emergencial de insuficientes R$250,00 e passa MPs como a 936 e a 1045 que permite a redução dos salários, ou mesmo a suspensão deles, de trabalhadores de empresas privadas durante a pandemia. Em meio a isso, as centrais sindicais, durante toda a pandemia, não mexeram um dedo para mobilizar os trabalhadores num plano de lutas contra os ataques, por condições de saúde e proteção para toda a força de trabalho. A CUT e a CTB, que dirigem uma imensa massa operária pelo país, não fortalecem a luta dos trabalhadores, muito pelo contrário, enfraquecem-na, sobretudo hoje, canalizando toda a potência dos atos do dia 29M e 19J para as eleições de 2022. Isso só mostra que a política delas é a da conciliação de classes, colocando-se à serviço dos interesses dos capitalistas, com os quais Lula governará junto e atacando os trabalhadores, caso seja eleito.
Por isso, os trabalhadores podem confiar unicamente na força da sua mobilização, sem acreditar que Lula será a solução em 2022. Assim, é necessário que as centrais sindicais CUT e CTB, junto das centrais estudantis como a UNE, convoquem uma paralisação nacional, construindo assembleias de base nos locais de trabalho e estudo. Somente com a força organizada dos trabalhadores, em conjunto com os estudantes, é possível barrar o desemprego, a fome e os ataques.
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