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Fora Bolsonaro e Mourão! Que as centrais sindicais convoquem uma greve geral!
Caio Reis

Após os últimos atos, o escândalo da Covaxin e com o avanço dos ataques aos trabalhadores, os indígenas e o povo pobre, aumenta a vontade de luta contra o governo de Bolsonaro e Mourão, e que precisa ser também contra toda a direita golpista. É urgente que as centrais chamem uma greve geral para mobilizar a real força da nossa classe.

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Os últimos dias 29 de maio e o 19 de junho romperam o silêncio nas ruas de todo o país e mostraram a disposição de luta da juventude e dos trabalhadores para enfrentar o governo reacionário de Bolsonaro, Mourão e dos militares, um governo de extrema-direita, fruto do golpe institucional de 2016 e continuador de seus ataques, que nos levou, junto com a conivência e a participação ativa dos outros atores do regime (como o STF e o Legislativo dominado pelo centrão), a mais de meio milhão de mortes na pandemia, e que também com eles avança rápido em privatizações, na reforma administrativa e em ataques aos povos indígenas.

Recentemente, após a Campanha Fora Bolsonaro convocar um dia nacional de luta para 24 de julho, com mais de um mês de distância do 19J, novas manifestações foram convocadas para o dia 3, além de outras datas regionais. Isso se dá após nosso ódio ganhar novos contornos com o escândalo de corrupção na compra das vacinas Covaxin, um esquema de superfaturamento bilionário para lucrar mais ainda em cima das nossas vidas, encabeçado pelo líder do governo na Câmara e com o aval de Bolsonaro.

Os trabalhadores, a juventude, os movimentos indígenas, LGBTs, de negros e de mulheres precisam tomar as ruas, mas todos sabemos que só com manifestações de final de semana contra Bolsonaro não vamos derrotar o governo, menos ainda os ataques. Por isso os atos não podem ser um fim em si mesmo, têm que ser parte de um plano de conjunto para virarmos o jogo com a força que sempre esteve nas mãos da classe trabalhadora.

Porém para que essa força imparável entre em cena, é preciso superar o entrave que constitui a paralisia das centrais sindicais e a estratégia eleitoreira à qual subordinam nossa luta. As grandes centrais como a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e o PCdoB, respectivamente, deveriam convocar uma greve geral construída com assembleias de base, mas vêm dividindo nossas forças junto com a UNE, também sob sua direção. Isso é representativo de uma estratégia que só serve para buscar desgastar Bolsonaro e favorecer a eleição de Lula, lá em outubro de 2022.

Não podemos deixar que nosso ódio contra os ataques que estão destruindo nossas vidas e contra esse governo, que é responsável pelas mortes de nossos familiares, amigos, companheiros de trabalho e colegas, seja controlado e canalizado para uma ilusão eleitoral. A cada semana, Lula vem construindo sua Frente Ampla com a direita golpista e dando prova de que não está do nosso lado. Segue construindo acordos com figuras como Maia, Kassab, Paes, FHC ou Sarney, e buscando tranquilizar os empresários e o mercado financeiro de que fará privatizações e não revogará os ataques econômicos aprofundados pelo golpe de 2016. Essa é a alternativa política que queremos? Reconstruir o caminho que nos trouxe até aqui de uma maneira ainda mais degradada?

Outra armadilha onde tentam nos jogar é a CPI da covid, encabeçada por quem? Pela direita golpista que vota junto com o governo os ataques aos trabalhadores e ao povo pobre. Essa CPI tem funcionado como um espetáculo para limpar a cara da direita golpista, também responsáveis pelas mortes na pandemia. Fritam o bolsonarismo negacionista em uma sala, enquanto em outra passam os cortes nas universidades federais, privatizam a energia e atacam os servidores públicos e os povos indígenas.

Como mostra o escândalo da Covaxin, o nível de crise e disputa entre os setores da burguesia está escalando e isso se expressa na própria CPI dos golpistas, que expõe contradições internas. Frente a essas divisões entre eles, a entrada em cena e a radicalização do movimento de massas poderia ser qualitativa, embora o objetivo inicial da CPI seja o da alienação e descompressão das tensões sociais. Passando por cima das manobras dos capitalistas, que querem assumir o protagonismo contra Bolsonaro e impedir que os trabalhadores entrem em cena, é preciso confiar somente na força da nossa luta, da nossa organização, da nossa unidade.

Não é isso o que vêm fazendo as organizações da esquerda institucional como o PSOL, que, se apoiando na CPI dos golpistas, busca que se leve adiante um impeachment de Bolsonaro. A bandeira do impeachment atualmente une um espectro que conta com PSOL, PSTU, UP e PCB, mas que inclui até mesmo deputados do PSL e figuras como Kim Kataguiri e Frota (como vimos na live do “superimpeachment” em abril).

O primeiro absurdo de a esquerda reivindicar esse caminho é que, com o impeachment, quem assume o poder é o vice de Bolsonaro, o reacionário, racista, fã da ditadura e da violência policial, general Mourão. É fora da realidade que a esquerda se cole com a mídia burguesa abrindo espaço para Mourão e os militares, que já são mais de 7000 no governo, como uma alternativa “mais sensata”. A segunda irracionalidade é a própria pretensão de ganhar o centrão, base parlamentar do governo, para que o impeachment possa acontecer, visto que precisaria ser aprovado por ⅔ da Câmara. Além disso, um impeachment não ocorre da noite pro dia, e só tenderia a ter sua conclusão próximo das eleições, mostrando ainda mais a profunda inconsistência dessa alternativa.

Saiba mais em: Debate com Guilherme Boulos e os dilemas da esquerda

Contra as tentativas de canalizar nossa luta pela via institucional, tanto pela CPI e o impeachment, quanto pela política eleitoreira de Lula, precisamos da unidade entre a juventude e os trabalhadores contra a divisão e a estratégia que as direções burocráticas do PT e do PCdoB levam adiante na UNE e nas centrais sindicais. É urgente que se prepare uma greve geral, construída através de espaços de auto-organização como assembleias de base com direito à voz e voto, para que os trabalhadores possam superar o freio imposto pelas direções e tomar a luta contra Bolsonaro, Mourão e os militares nas próprias mãos.

Reivindiquemos o exemplo da juventude que se enfrenta com o golpe militar em Mianmar e da paralisação colombiana que derrubou a reforma tributária do reacionário Duque, aliado de Bolsonaro. Também o exemplo da juventude e dos trabalhadores do Chile, que com suas mobilizações e greves obrigaram o regime político, com o apoio da burocracia sindical e do PC, a convocar uma Convenção Constituinte controlada para canalizar a insatisfação, e agora, com o início desta, se preparam para lutar pela liberdade dos presos políticos, contra as manobras da Convenção e pelas demandas da rebelião de 2019.

A esquerda deveria romper seu caminho de subordinação ao PT e se unir a esse chamado. Poderia ser articulada uma exigência unificada de todos as organizações de esquerda a partir dos sindicatos e entidades estudantis que dirigem, como a CSP-Conlutas, a Intersindical e diversos DCEs, para que as grandes centrais sindicais e sindicatos ligados a elas convoquem assembleias de base para organizar uma greve geral nas próximas datas de luta.

Contra a divisão que as centrais sindicais e a UNE vêm fazendo, uma greve geral assim poderia colocar em cena a juventude e os movimentos sociais junto aos principais bastiões da classe trabalhadora brasileira, com seus metalúrgicos, petroleiros, rodoviários, metroviários, aeroviários, garis, trabalhadores informais e tantas outras categorias, em rota de colisão contra Bolsonaro, Mourão, os militares, a direita golpista e os empresários que querem ver a classe trabalhadora e a juventude sangrarem em nome do lucro.

Nesse percurso, nós do Esquerda Diário e do MRT consideramos que é preciso levantar a bandeira da Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pelas lutas e mobilizações em curso, para apresentar uma saída independente de todas as alas desse regime golpista, que não mude somente alguns jogadores e sim todas as regras do jogo. Um processo assim permitiria ao povo batalhar para desfazer todos os ataques e reformas impostas desde 2016 e, nesse caminho, nossa batalha é por convencer de que sem romper com o capitalismo é impossível atender plenamente as demandas das massas e por isso é preciso avançar para lutar por um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

 
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