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POLÍTICA
A reforma da previdência do PSB em Recife, Freixo, Dino, Lula e os atos do 19J
João Salles
Estudante de História da Universidade de São Paulo - USP

Foi aprovada a reforma da previdência municipal de João Campos (PSB - PE) hoje, 22/06, mesmo dia em que Marcelo Freixo, como havia anunciado pelas redes sociais, efetivou sua filiação junto ao governador do Maranhão, Flávio Dino, nesse mesmo partido golpista e ajustador. O que podemos concluir de um absurdo como esse?

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A conjuntura política no Brasil vem de abalos profundos. O país atingiu a marca das 500 mil mortes evitáveis pela Covid-19 e que junto a indignação com o desemprego crescente, alta da inflação e a fome foi um fator potencializador dos atos de rua convocados para esse último dia 19J por todo país. Um protesto contra a situação do país que só chega onde está pelo negacionismo de Bolsonaro e dos militares, mas também pela demagogia dos deputados e senadores do Congresso Nacional, juízes do STF e governadores.

Apesar dos atos de rua se manterem como um elemento de marca forte na conjuntura política do Brasil seu conteúdo vem adquirindo um caráter contraditório cada vez mais: Se por um lado expressam o ímpeto de uma vanguarda ampliada de sair às ruas contra o atual governo, também tem seu conteúdo político cada vez mais atrelado às eleições nacionais de 2022 e com muito peso da candidatura de Lula. É preciso apontar para onde caminha nossa mobilização, pois os efeitos dessa política consciente das direções do movimento de massas são, mais uma vez, a receita da derrota.

Precisamos potencializar ao máximo a força da nossa mobilização nas ruas, mas para isso é preciso superar o entrave que as direções do movimento nos impõe. O PT e o PCdoB estão hoje na direção majoritária da UNE que convocou os atos do dia 19, mas as centrais sindicais dirigidas por esses partidos - CUT E CTB respectivamente - convocaram para o 18J um dia nacional de mobilização somente para dividir a luta e dizer que estão fazendo algo. Agora querem convocar por cima um novo dia de atos para 24 de Julho, mais de um mês! Isso sem discussão com a base dos estudantes. Vemos como a estratégia do desgaste eleitoral com atos mensais fica cada vez mais evidente.

Veja também: A força nas ruas não pode ser combustível para campanha eleitoral! Paralisação nacional já

Essa estratégia de dividir a luta dos trabalhadores e da juventude e de atos mensais “por cima” é funcional ao PT e a Lula que, enquanto negociam nossos direitos com Sarney, FHC, Rodrigo Maia e o Centrão, mantém sob controle as manifestações com um caráter “cidadão” e eleitoral. É por isso que exigimos uma paralisação nacional de todas categorias, unindo trabalhadores e a juventude que seja convocada pelas Centrais Sindicais e pela UNE com assembleias nos locais de trabalho e estudo e um Comando Nacional de Mobilização eleito nessas assembleias para decidirmos os rumos da nossa mobilização de maneira democrática, contra as reformas, privatizações e todos os ataques!

Mas os rumos da esquerda no Brasil apontam um sentido contrário a esse, cada vez mais subordinada a institucionalidade de um regime político autoritário, tutelado pelos militares e juízes não eleitos, além de se colocarem no bojo da campanha eleitoral antecipada de Lula e da tão famosa “frente ampla”, uma armadilha perigosíssima pintada de acúmulo de forças na luta contra o governo. É preciso debater abertamente sobre essas questões.

Editorial MRT: A esquerda institucional e a busca de um caminho de subordinação ao PT

O papel do PSB golpista na Frente Ampla de 2022

O PSB, partido burguês que tem em seu legado o apoio ao golpe institucional de 2016, além de diversas votações de projetos de ataque junto ao próprio governo Bolsonaro, hoje ressurge como um polo importante na reorganização política que acelera seus rumos nas mudanças de sigla das figuras políticas.

Como dissemos de início é o partido que encabeça a votação da reforma da previdência no município de Recife, é o partido que administra um Estado (Pernambuco) pela oligarquia da Família Arraes, Estado que vem em uma crescente de casos da Covid-19, de ocupação dos leitos de UTI da rede pública em 83%; e ao que tudo indica ordenou a repressão escabrosa da manifestação do dia 29M que resultou na perda de visão de um homem.

Repressão essa que vem justamente do medo que a indignação social se volte contra a administração criminosa do governador Paulo Câmara e do prefeito João Campos (ambos do PSB) e que tentou se resolver com o afastamento de PMs e a renúncia do Comandante da operação, para livrar a cara do governo de sua responsabilidade.

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A mudança de sigla de Freixo e Dino para o PSB pode ser explicada por um lado pela maior viabilidade eleitoral do partido para figuras desse porte, com um peso de administração em Estados e uma bancada maior no Congresso. Mas diferentemente do que dizem setores do PSOL, de que isso significaria que esses partidos de origem seriam um entrave para o giro à direita dessas figuras, podemos concluir que essa é apenas a política dessas organizações elevada a um novo patamar.

Basta lembrarmos que Dino, sob a sigla do PCdoB, aprovou em seu Estado uma reforma da previdência no ano de 2019 e no PSOL hoje se mantém a administração da prefeitura de Belém com Edmilson que conta com protestos dos trabalhadores recebendo menos de um salário mínimo e que tem engatilhado um projeto de reforma da previdência municipal assim como fez João Campos em Recife. Se por um lado o eleitoralismo desenfreado é uma das razões, isso não se dá assim de repente e a política desses partidos amplos eleitorais os coloca em uma encruzilhada de seu sentido de existência.

É justamente contra essa adaptação que nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores e do Esquerda Diário debatemos o erro que significa para a nossa luta apostar em uma aliança com esses setores burgueses e ajustadores em nossa luta contra Bolsonaro. É com esses e outros que Lula busca se aliar nesse momento, demonstrando que seu compromisso será mais uma vez o de manter o "equilíbrio" neoliberal de ataques aos trabalhadores e ao povo pobre, sem qualquer compromisso em responder aos problemas graves que enfrentamos diariamente.

Por outro lado, também é preciso dizer que diferentemente do que vem levantando alguns setores do PSOL, do PCB e da UP principalmente, defender o Impeachment como uma alternativa às eleições é somente encobrir pela esquerda a paralisia do PT e sua política de conciliação. Confiar em Arthur Lira (PP-AL), nos deputados do Congresso em sua maioria base aliada do governo, no STF, pivô do golpe institucional e da própria eleição do Bolsonaro acaba somente iludindo a juventude e os trabalhadores de que nossa força revertida em pressão parlamentar é o caminho. Isso sem contar que assumiria a presidência o racista e saudosista da ditadura militar, general Mourão, como poderia esse ser um “mal menor”?

Potencializar a mobilização com uma paralisação nacional urgente pelo Fora Bolsonaro, Mourão e militares! Que nossa força possa impor, pela luta, uma nova Assembleia Constituinte Livre e Soberana que busque inverter as prioridades nesse momento e mudar as regras do jogo contra toda institucionalidade podre e golpista desse regime autoritário do país, revogando cada reforma, cada ataque e privatização e podendo garantir vacinação para toda população com a quebra das patentes sem indenização, um auxílio emergencial de ao menos um salário mínimo, um plano de obras públicas que combata o desemprego. Questões urgentes e que levem à conclusão de que somente lutando por um governo de trabalhadores em ruptura com o capitalismo é que poderemos conquistar nossas reivindicações de classe!

 
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