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UFMG rumo ao 19 de Junho: organizar nossa luta desde a base e não esperar até 2022
Faísca - MG

No dia 29 de maio em Belo Horizonte a UFMG se somou a outros milhares, com protagonismo da juventude dizendo que concorda com os Colombianos: não dá mais para ficar em casa. Precisamos organizar nossa luta rumo à manifestação do próximo dia 19 e mandar um recado a Bolsonaro, Mourão e todo o regime político. Mas também ao PT e PCdoB na direção de entidades estudantis e sindicatos: não dá pra esperar até 2022, nossa força está na luta e não nas eleições.

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No dia 29 de maio fomos às ruas aos milhares contra os cortes na educação, as reformas e as privatizações do governo Bolsonaro e Mourão. Demonstramos que podemos transformar a raiva e a tristeza em luta, apesar da tentativa do regime em nos fazer meros telespectadores da CPI da Covid.

Em meio às inestimáveis perdas para a pandemia, percebemos que ataques diários como a fome e a violência policial são marcas desse governo, desse regime golpista e do sistema capitalista, mais perigosos que o vírus. Ficar em casa nunca foi uma opção para grande parte da juventude e dos trabalhadores que precisaram continuar a pegar ônibus lotados e se expor ao risco de contaminação por Covid-19. Passou a ficar insustentável, mesmo para os que podem fazer isolamento social, ver ataques tão grandes quanto os cortes nas universidades, prejudicando justamente as pesquisas que se dedicam a auxiliar na resolução de grandes mazelas sociais como a pandemia.

Para além da perda para toda a população, em todas as universidades os cortes impactam sobretudo na demissão de terceirizados e na restrição da assistência estudantil. Isso ocorre quando os níveis de miséria e desemprego não param de crescer. Algumas universidades podem não conseguir reabrir as portas caso a pandemia seja controlada, por falta de condições financeiras para manutenção. A UFMG é uma das que são mais afetadas, com redução de quase 36% do seu orçamento de custeio.

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Por tudo isso, saímos às ruas.

Entretanto, é comum entre os estudantes que, após um ato de rua e na volta para casa, surja a pergunta: e agora? Essa pergunta traz a inquietação sobre como poderemos seguir nossa luta e fazer com que nossas reivindicações não sejam apenas simbólicas, mas que vençam com nossa própria força.

Por isso, nos cabe analisar o significado dos atos do dia 29 de maio e nos perguntar sobre os próximos passos que precisaremos dar na UFMG rumo ao dia 19 de junho, convocado por diversas organizações de juventude como um novo dia de mobilizações contra o governo. Sindicatos de trabalhadores também convocaram um dia de mobilização para o dia 18 de junho.

Uai, mas por que os dias de mobilização dos estudantes e trabalhadores estão separados, ao invés de nos unificarmos em uma só luta contra Bolsonaro, Mourão, militares e todos os atores do regime que descarregam em nossas costas o peso da crise? Pois é, esse fato atual no marco da nossa preparação para o dia 19 de junho tem relações com a análise sobre o dia 29 de maio.

A direção majoritária (PT e PCdoB) da nossa maior entidade estudantil, a UNE (União Nacional dos Estudantes), apesar de ser a mesma que dirige os maiores sindicatos de trabalhadores do país, não organizou pelas bases de cada local de trabalho assembleias e espaços democráticos para que os trabalhadores pudessem colocar sua força junto da nossa, apesar da disposição que demonstramos em enfrentar esse governo mesmo em meio a uma pandemia.

Se o 29 de maio já foi tão importante, imagina o que poderia ser se os trabalhadores, que continuaram a trabalhar sem direitos e com risco de vida, pudessem se unir aos estudantes?

Mas não só do passado falamos, e agora vemos uma mesma política, de separação das mobilizações dos trabalhadores e estudantes rumo ao dia 19. A que serve isso? Ora, para que a força da nossa mobilização sirva apenas para “desgastar” Bolsonaro, enquanto Lula costura acordos com a direita, como FHC (PSDB) e Sarney, escória da ditadura militar, para as eleições de 2022. Ao mesmo tempo que se cala sobre os atos, Lula diz abertamente que perdoa os golpistas que aprovaram as reformas (trabalhista, previdência, Teto de Gastos para a educação e saúde) que fazem com que hoje o futuro da juventude seja andar com uma bag nas costas ou amargar em trabalhos precários.

Ou seja, o fato das direções da UNE e dos sindicatos não organizarem assembleias desde as bases de estudantes e trabalhadores para que possamos debater os rumos e o conteúdo da nossa luta, serve à sua política de querer transformar nossa mobilização em parte da campanha eleitoral antecipada para 2022.

Como forma de combate a isso, é necessário exigirmos da UNE e das Centrais Sindicais que unifiquem os dias de luta 18 e 19 de Junho e busquem construir uma paralisação nacional que literalmente pare os postos de trabalho para nos encontrarmos nas ruas, contra o governo de Bolsonaro e Mourão, inspirados nos exemplos históricos de como a aliança entre juventude e trabalhadores faz tremer de medo os capitalistas de plantão. Na prática o que estamos vendo é que o dia 18 tem sido somente uma desculpa das direções sindicais do PT e PCdoB para justificar porque não estão organizando a classe trabalhadora para estar na rua no dia 19 junto à juventude e aos movimentos sociais.

Assim, precisamos de assembleias que debatam a fundo essas questões e exijam que estejamos auto-organizados e unificados com os trabalhadores que fazem o mundo girar, para que nossa mobilização esteja a disposição da massificação e de debater um plano de lutas para combater os cortes, a luta por vacina para todos e os problemas que afligem nosso povo diante da crise capitalista. Para que nossa mobilização não vá simplesmente minguando com o tempo, ou que todas as nossas aspirações se reduzam a um mal menor em 2022.

O DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFMG convocou uma plenária para hoje (terça-feira, 15), às 17h, para organizar a ida ao ato em BH, que será no sábado (19), às 13h30, na Praça da Liberdade. Convidamos todos estudantes, professores, técnicos e terceirizados a participarem desse espaço como parte de debater e se posicionar sobre nossa luta.

Apesar de na última Assembleia Geral da UFMG os estudantes, professores e trabalhadores técnicos presentes terem votado para que as nossas palavras de ordem no ato do dia 29 fosse por “Unir estudantes e trabalhadores contra os cortes, reformas e privatizações: Fora Bolsonaro e Mourão”, o DCE dirigido pelo PSOL, o PCB e a UP não levou a frente essa posição nos materiais e convocações posteriores. Assim como também não fizeram nenhum chamado a UNE pela união de estudantes e trabalhadores, também votado e decidido na última assembleia. Esses métodos antidemocráticos similares aos da direção da UNE, quando vindos de organizações de esquerda, só se explicam pela política. Pois ao invés de realmente batalhar para massificar e radicalizar nossa luta, defendem que nossa luta seja por “Fora Bolsonaro” e por pressão à CPI da Covid para que se encaminhe um processo de impeachment. Além disso, acabam por se adaptar à estratégia eleitoral da direção da UNE, que explicamos anteriormente, ao não exigir que rompam a divisão das lutas dos estudantes e trabalhadores.

É preciso ter muita atenção ao conteúdo político do que defendemos, para que a nossa força expressa nas ruas não seja canalizada pelo regime em uma chave que servirá ao fortalecimento de atores da direita, ou que mova o mesmo moinho do petismo rumo às eleições de 2022. Pois o clamor por Fora Bolsonaro e pelo impeachment significa diretamente um resultado: Mourão no poder. Mourão é um reacionário defensor da ditadura militar. Estaríamos livres do bolsonarismo e dos ataques à educação e aos direitos com este militar no poder? Ou seria o contrário, os militares, o centrão e o judiciário que estiveram unificados em nos atacar estariam mais fortalecidos a partir dessa nova reorganização governamental?

A CPI, por sua vez, não é completamente funcional a esses atores que deram o golpe institucional em 2016 e abriram caminho a Bolsonaro para se livrarem do desgaste com o negacionismo do governo em meio a pandemia? Nós da Faísca não acreditamos que através da CPI ou do impeachment sairá qualquer resposta de fundo aos problemas da juventude e da classe trabalhadora. Nossa ida às ruas precisa ser por “Fora Bolsonaro, Mourão e os militares”.

Queremos discutir essas ideias com cada estudante, trabalhador, entidades estudantis como Centros e Diretórios Acadêmicos (CA e DA), com o DCE e os coletivos de esquerda da UFMG, tanto na Plenária que ocorrerá hoje quanto em outros espaços, batalhando para que sejam com voz, voto, e tenham as posições respeitadas. Convidamos as entidades estudantis da UFMG a realizarem assembleias nos cursos, como forma de fazer que todos os estudantes possam debater e se organizar nos próximos dias, como irão acontecer nos cursos de artes visuais e filosofia, em que somos parte da representação estudantil e do CAFCA.

Em todo mundo a juventude e a classe trabalhadora se levantam diante da crise capitalista, mostrando que não aceitamos mais a miséria que buscam nos impor. Nós somos parte dessa geração que não se cala diante da crise e que sai à luta. E justamente por isso estaremos nas ruas lutando contra Bolsonaro, Mourão e os militares, mas também contra o congresso e o STF que nos atacam todos os dias. Mas ao contrário de depositar nossas energias nas saídas eleitorais como faz o PT, ou nas vias institucionais como defende parte da esquerda, nossa luta é para derrotar esse governo, esse regime e essa sociedade capitalista que a cada dia mais mostra sua podridão.

Veja também, Editorial do MRT: A esquerda institucional e a busca de um caminho de subordinação ao PT

 
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