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POLÍTICA
O Rio de Janeiro como laboratório da frente ampla para 2022
João Salles
Estudante de História da Universidade de São Paulo - USP

As recentes saídas de Marcelo Freixo e Jean Wyllys do PSOL, deputados federais pelo RJ, a mudança de sigla de Eduardo Paes para o PSD de Kassab e a reunião de Lula com representantes do PSOL, PT, PSB e PCdoB no Rio de Janeiro colocam o Estado como laboratório da frente ampla na corrida eleitoral de 2022 onde muito se fala sobre o ano que vem enquanto os trabalhadores amargam a crise capitalista.

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Crédito: Twitter Marcelo Freixo.

O discurso de Freixo sobre a disputa entre “civilização e barbárie” nas eleições de 2022 e Jean Wyllys em sua ida ao PT sobre “fazer parte do que pode dar certo” estão localizadas na aliança que se conforma em torno da figura de Lula, recentemente reabilitado pelo mesmo STF que foi pivô do golpe institucional, de sua anterior prisão arbitrária e agente na aprovação de reformas e medidas de ataque a população trabalhadora. Esse mesmo Lula que almoçou com Eduardo Paes, José Sarney e outros figurões da velha política tais quais o FHC.

Mesmo que essas movimentações se deem agora em âmbito estadual funcionam também como laboratório político para a frente ampla nacional contra Bolsonaro para o ano que vem e podemos destacar três aspectos que ficam obscuros nesse movimento por trás de alentar a esperança em derrotar Bolsonaro nas urnas:

  •  1 - O PSOL enquanto partido hoje se encontra em uma encruzilhada estratégica de perder seu sentido de existência com quadros importantes declarando abertamente sua disfuncionalidade no regime político devido a baixa viabilidade eleitoral e uma política que busca ser cada vez mais “a imagem e semelhança” do próprio PT.
  •  2 - A política de conciliação de classes e de aliança com a direita golpista que aprova todas as reformas e ataques anti operários é mascarada de "acúmulo de forças” contra Bolsonaro, mas na verdade busca emaranhar na rede dos capitalistas o sentimento de oposição contra a extrema-direita garantindo os ataques.
  •  3 - A escolha do Rio de Janeiro não se dá por acaso, é bastião do bolsonarismo com suas milícias, chacinas, aumento do aparato repressivo e uma política de favorecimento de interesses criminosos. Uma reviravolta no tabuleiro significa uma disputa nos rumos do Estado que é a cara da crise orgânica no país com privatizações do tipo CEDAE, sucateamento dos serviços públicos e repressão.

    Apesar de pintarem como a única e máxima esperança de nos enfrentarmos com Bolsonaro fica evidente que as intenções vão muito mais no sentido de buscar seu lugar ao sol na República do Golpe Institucional do que de derrotar efetivamente a extrema direita bolsonarista que angaria forças para a mudança do voto impresso, que mobiliza sua base social nas ruas e conta com a sustentação inquebrantável das forças armadas. Ou será que podemos esperar do corrupto Eduardo Paes um ponto de apoio em nossa luta, ou até mesmo no PSB que protagonizou uma horripilante repressão ao ato do dia 29M no Recife?

    Freixo que foi pivô na CPI das Milícias no Rio de Janeiro hoje se alia a partidos que tiveram representantes seus citados na comissão como é o caso do próprio PT, mas também de Eduardo Paes que era correligionário de citados do DEM até agora pouco e que tem ligações claras com as milícias no Estado. Como é que de repente esses mafiosos viraram aliados nossos? A falta de princípios do eleitoralismo parece ser a única explicação possível.

    Essa diluição do PSOL seja pela sua ala majoritária entusiasta de Lula desde já, seja pelos setores que hoje encabeçam a pré candidatura de Glauber Braga (ex-PSB) coloca o partido em uma crise importante e favorece única e exclusivamente o próprio PT que passou de ser um partido com pouco peso estrutural de militância do Estado a um nome cada vez mais forte. Isso se mostra tanto na reunião de Lula neste último sábado (12/06) com lideranças de favelas - espaço historicamente ocupado pelo PSOL que agora está sendo fagocitado - como na expressão de voto das últimas eleições com Benedita da Silva (PT) tendo resultado 3 vezes maior do que a própria Renata Souza (PSOL).

    Veja nosso Editorial: A esquerda institucional e a busca de um caminho de subordinação ao PT

    Qual Partido para Qual Estratégia? Tomar as ruas contra Bolsonaro, Mourão e militares!

    Essas reconfigurações políticas se mantêm nos marcos dos cálculos eleitorais para daqui somente um ano, enquanto o país enfrenta uma crise recorde de desemprego, inflação e quase 500 mil mortes evitáveis pela Covid-19. Problemas que nos deparamos hoje fruto da combinação entre o negacionismo de Bolsonaro e dos militares e a demagogia golpista da oposição institucional que bloca junto ao governo na aprovação de ataques, no sucateamento dos serviços públicos e que encabeçam a CPI que já desacelerou seus ritmos para preservar a imagem desses setores que são cúmplices no morticínio.

    Apesar disso tudo a retomada dos atos de rua nacionais do último dia 29M deixaram evidente que a linha do #FicaEmCasa vem caindo por terra e que há disposição para o enfrentamento com essa política nas ruas, mas que hoje encontra um entrave para o seu desenvolvimento: Partidos políticos que dirigem o movimento de massas, mas que o fazem para melhor atender aos seus interesses eleitorais e buscam conter a revolta social e canalizá-las para a via da conciliação de classes. Partidos amplos eleitorais.

    Mas como abordamos acima a política de frente ampla, tão defendida pelo PSOL e os partidos da oposição institucional, coloca esses mesmos (com exceção do PT pela reabilitação do Lula) em uma encruzilhada de perderem seu sentido de existência pois dentro da corrida eleitoral outros partidos, como representantes do Centrão, apresentam uma viabilidade política muito maior. Essa crise se dá não só aqui, mas no mundo todo, como podemos ver na renúncia de Pablo Iglesias do Podemos no estado Espanhol, a crise do Syriza na Grécia, o fracasso da Geringonça em Portugal e a exclusão de quase 300 militantes do NPA na França.

    Veja também: A esquerda brasileira diante da crise terminal do NPA e os partidos amplos

    Isso se faz evidente na construção agora do dia 19J, ato marcado com quase um mês de intervalo e que não conta com a construção pela base por meio de assembleias democráticas em cada local de trabalho e estudo que possam definir os rumos da nossa mobilização.

    Enquanto frentes como a Povo Sem Medo e Brasil Popular convocam esse dia de atos por cima as Centrais Sindicais dirigidas pelo PT e pelo PCdoB (CUT e CTB respectivamente) convocam mobilização para o dia 18J separando descarada e criminosamente a luta da juventude e dos trabalhadores e deveriam na verdade construir uma verdadeira paralisação nacional dos trabalhadores para colocar o governo e o regime golpista de joelhos!

    Essa é a força que deve ser colocada em movimento contra Bolsonaro, Mourão e os militares e sem qualquer confiança no STF, no Congresso Nacional e nos governadores, mas para que isso seja possível é preciso um partido revolucionário que tenha como centro de gravidade e estratégia a luta de classes e não as eleições. Esse é um debate fundamental que nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores e do Esquerda Diário queremos fazer com a esquerda brasileira na perspectiva de apresentar uma alternativa independente dos trabalhadores e dos setores oprimidos para a crise capitalista aqui e no mundo todo.

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