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EXCLUSÃO RACIAL
Estudantes negras(os) são 9,75% nas top 20 escolas privadas do Brasil
Redação

Das 20 escolas com as maiores notas no Enem 2019 no país, somente uma é pública, e a cada 10 estudantes apenas 1 é negro. Esse “apartheid racial na educação”, no país que de acordo com o IBGE tem 56% da população autodeclarada como preta ou parda, é mais uma expressão do racismo estrutural encarniçado na sociedade capitalista e fortalecido pelo reacionarismo de Bolsonaro e pelo regime político do golpe que com suas polícias assassinam negros e negras como fizeram, desgraçadamente no Rio de Janeiro na chacina de Jacarezinho, com João Pedro, e tantas outras crianças e jovens que tiveram sua vida ceifada pelas balas da polícia. assassina dos governadores como Doria e Cláudio Castro, seguindo a política de “atirar na cabeçinha” de Witzel.

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Das 20 escolas com as maiores notas no Enem 2019 somente uma é pública e a cada 10 estudantes apenas um é negro. Dados que expressam a enorme desigualdade racial e no processo educativo de crianças, jovens e adultos. Além da presença ínfima das negras e negros nas escolas privadas, o racismo no Brasil também se expressa no impacto social da pandemia, que é uma verdadeira catástrofe capitalista catalisada pelo negacionismo de Bolsonaro e por todo regime político do golpe que junto com o STF, Congresso e com todos os golpistas são os responsáveis pelos mais de 470 mil mortes, pelo desemprego e pela fome que arde no estômago em milhares de brasileiros. Segundo os dados do Instituto Polis, a cada 10 pessoas infectadas, 7 são negras. Sendo os negros também os que mais morrem pela covid-19.

O racismo já fica expresso na vida escolar, por um lado essas escolas particulares transformam a educação em uma mercadoria cara e inacessível à maior parte dos filhos da classe trabalhadora fortalecendo esse apartheid racial e social, por outro lado a educação pública que deve ser um direito garantido é constantemente atacada pelos governos e vimos um aprofundamento de seu sucateamento após o golpe institucional. Os cenários colocados para a educação refletem diretamente na exclusão racial e social através do vestibular, ENEM, onde esses poucos alunos brancos de escolas particulares têm as maiores notas. Nas universidades os negros ainda são minoria, mesmo com a conquistas arrancadas através da luta do movimento estudantil e movimento negro pelas cotas raciais. Importante observar que nas carreiras mais concorridas e com maior remuneração têm percentual menor de pretos e pardos, como Medicina (39,9%), Engenharia (40%), Odontologia (38,7%) e Direito (43,8%) segundo o IBGE. Além desse bloqueio à entrada de milhões de jovens que querem cursar o ensino superior (em 2020 houveram 5,8 milhões de inscritos no ENEM, sendo 60,3% pretos e pardos), vemos que espaço que a universidade reserva às pessoas negras é nos postos de trabalho terceirizados da limpeza, segurança, bandejão e serviços fundamentais para a universidade e ao mesmo tempo precarizados com baixos salários, enorme sobrecarga de serviço, constantes demissões. Ou seja, a estrutura de poder das universidades através das reitorias e cargos altos cheios de privilégios, supersalários perpetua o racismo excluindo a entrada de estudantes e precarizando a vida das trabalhadoras terceirizadas que são em sua maioria mulheres negras.

Além de serem poucos alunos negros que têm a possibilidade de estar nessas escolas para a elite, que chegam a ter mensalidades absurdas de quase R$ 6000 escancarando a sede de lucros desses barões da educação, também sofrem todo tipo de racismo nas salas e corredores. Em uma escola de elite no Rio, João Pedro Manhães, hoje com 19 anos relatou:

“Um funcionário disse que na escola não podia esse corte, que se encaixava na regra que proibia ‘cabelo exótico’. Argumentei que a regra era racista. Ele queria que eu tirasse as tranças imediatamente no banheiro ou fosse embora”

Além do caso revoltante de racismo que João Pedro passou também existem vários outros com professor que faz piadas com tom da pele, ou outros alunos que fazem uma “zoeira” sobre a estrutura familiar pelo fato do estudantes ser negro. Também tem casos chocantes quando um aluno traz um discurso racista provavelmente reproduzido pela família dizendo "sai daqui que sua mãe era escrava".

Todos esses xingos e hostilidade que vivem as pessoas negras dentro dessas escolas e em todos lugares se combinam com uma situação de vida mais difícil para a maior parte das pessoas negras, para além dos impactos da pandemia. No terceiro trimestre de 2020, a diferença salarial entre negros e brancos chegou à R$ 1.492, o maior valor desde 2012, ano de início da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE. São estimados 67 anos para negros e 73 anos para os bancos segundo Relatório Anual das Desigualdades Sociais, do Núcleo de Estudos de População, da Unicamp, publicado em 2011.

O racismo no Brasil também se expressa no impacto social da pandemia, que é uma verdadeira catástrofe capitalista causado por Bolsonaro, Mourão e todo regime político pós-golpe, com o STF, e os governadores também responsáveis pelas mortes que seguem altas com 2400 mortes e 92000 pessoas contaminadas nas últimas 24 horas (dados de ontem, dia 2 de junho, fonte: Consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde). No Brasil que agoniza nas UTIs existem 2 vezes mais brancos vacinados do que negros, a combinação entre os negros estarem na maioria dos postos de trabalhos que não possibilitam trabalho remoto, com suas moradias em condições sanitárias precárias pela negligência do Estado, levou que a população negra seja mais infectada pelo covid-19. São os negros também os que mais morrem por Covid, são 250 óbitos pela doença a cada 100 mil habitantes. Entre os brancos, são 157 mortes a cada 100 mil. Os dados são do levantamento da ONG Instituto Polis.

É visível que a educação sempre foi um dos principais alvos de ataques após o golpe em 2016. Se o PT já aplicava cortes orçamentários na educação, ajudou o enriquecimento dos barões das faculdades particulares em detrimento de uma expansão maior das universidades públicas, mesmo assim não saciava a sede dos monopólios da educação, dessa forma o governo Temer veio para acelerar os ataques, começando pela imposição da Reforma do Ensino Médio que vem para acelerar e precarizar o ensino com objetivo de baratear a formação de mão-de-obra em detrimento de uma formação básica de qualidade, com a PEC do teto de gastos que institui um teto de investimentos nas áreas da saúde e educação para o período de 2018 a 2036. Vemos também o avanço de escolas militares, a imposição do Programa de Ensino Integral que está sendo enfiado goela abaixo sem debate algum nem espaços de decisão para a comunidade escolar e significa a exclusão de estudantes que trabalham, assédio e uma lógica de competição imposta aos professores, sobrecarga das escolas regulares. Além disso, em um recente ataque, Bolsonaro congelou o orçamento federal da educação reduzindo de $23,2 bi para $8,9 bi

Junto ao racismo, o machismo presente na vida das mulheres com toda violência que sofrem também é uma forma de opressão à serviço do lucro dos capitalistas. Em pesquisa da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) divulgada pelo IBGE a diferença salarial média entre uma mulher negra e um homem branco é de 60% podendo chegar a 80% em alguns cargos. Entre homens e mulheres em geral, a diferença é de 30%. Bolsonaro, Militares e os governadores são os que mais querem manter essa desigualdade racial e de gênero para dividir os trabalhadores e atacar mais forte ainda.

É preciso se enfrentar com esses ataques e com o regime golpista racista que odeia o povo preto, que mata a juventude negra dentro suas casas como foi João Pedro, indo para a casa com a mãe como foi Agatha Felix, usando o uniforme da escola como foi Marcus Vinícius, na chacina brutal de Jacarezinho, a maior do RJ com 28 pessoas assassinadas. Também lembramos após completar 1 ano ontem a triste morte de Miguel por culpa da então patroa de sua mãe, Sarí Corte Real, que o abandonou sozinho no elevador e apertou o botão que o levou ao nono andar. Todas essas vidas importam, vamos batalhar para que o Brasil siga o exemplo de combate ao racismo no #BlackLivesMatters dos EUA, que foram as maiores manifestações na história daquele país após o assassinato odioso de George Floyd pelo joelho do policial racista Derek Chauvin.

E para lutar contra o racismo, revogar todos ataques do governo Bolsonaro, Mourão a toda laia de golpistas, militares, garantir vacinação para todos com a quebra das patentes milionárias é necessário seguir a mobilização que começou no dia 29. Mas para avançar é urgente que as centrais sindicais e entidades estudantis que têm PT e PCdoB à frente parem de ficar esperando as eleições e convoquem assembleias democráticas para ouvir a voz dos trabalhadores e da juventude, com poder de decisão por voto e assim construir plano de unificação, com os métodos históricas da classe trabalhadora de paralisações, greves, atos na rua.

Junto à exigirmos dessa burocracias estudantis e sindicais os preciosos espaços de debate e organização, precisamos de uma saída política para a situação que vivemos. Não podemos nos aliar, assinar manifestos ou fazer uma frente ampla com partidos que apoiaram o golpe e quase todos ataques que estamos sofrendo como REDE, PSB, PDT. Esse caminho de se aliar com os inimigos, não se enfrentar com os ataques já implementados é a política do Lula e PT e não podemos permitir que seja repetido e desmoralizado todos aqueles que já demonstram disposição de luta .

É necessário uma saída que unifique os trabalhadores e os estudantes separados desses partidos da ordem que estão à serviço de administrar a miséria que vivemos. Por isso a saída deve separado desses setores, com independência de classe, confiando nas nossas próprias forças, se organizando em cada local de estudo e trabalho para defender que não basta mudar os jogadores como faria o impeachment (inclusive apoiado pelo Novo, MBL) tirando Bolsonaro e legitimando a entrada de Mourão, outro racista, machista e defensor da ditadura e de todos ataques que sofremos. Defendemos que a saída é mudar as regras desse jogo parlamentar, através do avanço da luta e organização, nós do Esquerda Diário e MRT defendemos a necessidade de impor através da mobilização uma nova constituinte no país, na qual possa ser debatido amplamente os problemas do país, ela precisa ser livre porque não só os partidos políticos que existem legalmente hoje, mas também os sindicatos, movimentos sociais, outras organizações operárias e populares e qualquer pessoa, individualmente, poderiam participar das eleições para a Constituinte. “Soberana” porque nenhuma outra instituição pode se sobrepor às deliberações da Assembleia, que governa o país até que se promulgue a nova Constituição.

Nessa batalha, as reivindicações dos trabalhadores, todos setores oprimidos podem se chocar mais nitidamente com os interesses de lucro dos empresários que hoje já são bem atendidos pelas instituições. Portanto essa classe de burgueses inimiga não irá aceitar que os trabalhadores e todo povo oprimido avancem, assim será necessário a ruptura com esse Estado capitalista rumo à um governo de trabalhadores.

 
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