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MOVIMENTO ESTUDANTIL
Assembleia Povo na Rua: uma live que mostra a adaptação a Mourão e ao eleitoralismo petista
Faísca Revolucionária
@faiscarevolucionaria

Nessa terça-feira, 2, ocorreu a chamada “Assembleia do Povo na Rua, Fora Bolsonaro!”, uma frente que vem sendo organizada principalmente entre as organizações ligadas à UP (Unidade Popular), PCB e organizações do PSOL, em especial o MES, corrente de Sâmia Bonfim e da juventude Juntos!. Saiu dessa assembleia novas datas de atos nacionais pelo Fora Bolsonaro nos dias 13 e 19 de Junho.

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Essa reunião foi anunciada com o objetivo de dar sequência às manifestações do dia 29 de Maio. Certamente que as manifestações de sábado significaram uma inflexão na conjuntura do país com a volta às ruas em meio a pandemia, e que tem o desafio não só de continuar mas de ampliar a força que se expressou.

Mas qual o caminho? Como batalhar pra que as novas manifestações sejam ainda mais massivas?

Nessa atividade, na verdade o que aconteceu foi uma live para referendar a política das organizações que a convocaram, em que os inscritos sequer receberam o link de acesso e foram informados somente na hora da live que não teria espaço para falas. Além de que as a maioria das falas foram acordadas previamente e deixaram 15 para serem sorteadas entre os milhares de inscritos.

Não dá pra chamar de assembleia uma reunião onde a maioria das falas e resoluções estavam pré-acordadas entre os partidos convocantes. Curiosamente até mesmo as falas sorteadas foram feitas para membros ou simpatizantes dessas mesmas organizações. Muitas pessoas e organizações, como nós da Faísca, não tiveram sequer o direito de expressar suas posições.

Além disso, quiseram que as mais de 1600 pessoas que estavam assistindo no Youtube fizessem suas propostas pelo chat do vídeo. É no mínimo pouco sério tratar propostas para uma mobilização nacional contra a grave situação do país dessa forma.

Nós da Faísca viemos defendendo em cada universidade estadual ou federal, em cada curso que estamos presentes, a necessidade de organizar pela base a mobilização, chamando os CAs e DCEs a convocarem assembleias com direito a voz e voto para todos. Criticamos o método proposto pela UJS e as correntes majoritárias da UNE, que chamavam de assembleias espaços que eram lives inclusive com reitores, inimigos dos estudantes. Para nós, as assembleias são espaços decisivos onde a democracia direta dos estudantes deve se expressar, com suas diferentes posições e unificar setores dispersos pelos cursos mais ainda pelo fica em casa.

Nesse sentido que achamos que a reunião de ontem apenas corrobora com a lógica da burocracia da UJS e dos sindicatos, como a CUT e CTB, dirigidas pelo PT e PCdoB, de organizar o movimento “por cima”, através das lideranças e figuras parlamentares das organizações, separando a vanguarda da base de estudantes. É o contrário de querer unir a enorme força de estudantes e dos trabalhadores, pois se restringe a unir às cúpulas das organizações e elas mesmas decidirem os rumos da luta.

O método claramente antidemocrático desse espaço não está separado também a uma adaptação dessas organizações à política do PT e da UJS. A grande maioria das falas foram repetições de um mesmo ponto comum de defesa do Fora Bolsonaro e do impeachment como conteúdo político dessas manifestações. A maior polêmica era a data de uma nova manifestação, que por fim ficou decidida para os dias 13 e 19 de junho.

Nós da Faísca reivindicamos que o Fora Bolsonaro + impeachment, expressa uma política que isenta o combate a Mourão e todos os atores políticos de direita responsáveis ao golpe institucional, mas que hoje fazem um discurso demagógico de oposição a Bolsonaro. Essa política coloca a grande disposição de luta que vimos sábado a serviço de “pressionar” a CPI da COVID, que é utilizada por esses atores golpistas para se passarem de que estão colocando Bolsonaro no "paredão", criando a ilusão de que ela fortalece a saída de Bolsonaro pelo impeachment.

Por mais que intervenções como a de Samara Martins da UP falassem em abstrato que não podemos confiar nas instituições, a defesa do impeachment é diretamente confiar no Centrão e no STF como aliados para a derrubada do governo. Além de que o resultado do impechment seria dar aval para um reacionário governo Mourão, estabelecido através de um acordo entre as elites e as castas políticas que conduz ao impeachment, caso o governo Bolsonaro se prove insustentável, mantendo de pé o plano de ajustes e privatizações.

A ideia de que seria um "governo fraco" ou até um mal menor no combate a pandemia, como diz Boulos, é completamente falso. Inclusive Mourão está defendendo a Copa América, se alguem ainda achava que ele poderia ser mais "racional" que o boçal do Bolsonaro. Essas organizações se comprometem a defender que a nossa luta tenha como objetivo que o próprio regime do golpe decida que é melhor eles tirarem Bolsonaro antes da nossa força ruas.

Mas o pior é que está longe de cogitação que o impeachment sequer seja instalado, e caso seja, demoraria meses para se efetivar. Foi dito muitas vezes que o dia 29M ultrapassou a estratégia de esperar 2022. Infelizmente é preciso dizer que a defesa do Fora Bolsonaro e do impeachment, no atual momento, leva a que a nossa luta seja cooptado a cumprir um papel de massa de manobra eleitoral para Lula e o PT como última saída contra o governo.

Além disso, é evidente que essa assembleia reuniu os setores que, ao criticarem o silêncio de Lula frente às manifestações, querem costurar seu bloco eleitoral para apresentar uma candidatura “independente” no primeiro turno das eleições, com Glauber Braga (do PSOL, ex-PSB, partido que reprimiu o 29M em Recife).

Por outro lado, as frentes Povo sem medo e Brasil Popular nem se deram ao trabalho de fazer uma live. Fazem reuniões de cúpula, para decidir como podem controlar ao máximo a força da juventude para não se conectar com a potencia da classe trabalhadora. Por isso, apesar de estarem a frente de grandes sindicatos em todo país não chamam assembleias das categorias de trabalhadores que dirigem, são parte majoritaria da direção da UNE mas não articulam a luta das universidades federais. Buscam por essa via impedir que a mobilização ultrapasse os limites dos marcos eleitorais de desgaste rumo a 2022.

Ambas as frentes agora disputam sobre quem está articulando o ato do dia 19 de Junho. Quando na verdade a unidade precisa ser construída desde a base com assembleias e um comando nacional nas universidades. Com um chamado de paralisação nacional nos sindicatos para que a classe trabalhadora se unfique com a juventude e os atos possam se massificar.

Nós da Faísca viemos defendendo que o ponto de partida para potencializar as lutas hoje é repudiar a armadilha do impeachment que deposita as forças do dia 29M e das milhares de pessoas que gostariam de terem ido às ruas nas vias “legais” desse regime decadente do golpe. E que por isso é necessário gritar em alto e bom tom Fora Bolsonaro, Mourão e os militares, ligando a batalha pela derrubada de Bolsonaro ao fim desse regime podre, que tem os militares e juízes do supremo como verdadeiros árbitros da política.

E que para tanto, é necessário em primeiro lugar fortalecer a democracia de base dos estudantes e trabalhadores para tomarem a frente da luta contra o governo. Ao invés de lives com essa, as organizações da Oposição de Esquerda da UNE deveriam estar convocando através das dezenas de entidades estudantis que dirigem pelo país, assembleias com direito a voz e voto nos cursos. Inclusive cobrando que a UJS e a majoritária da faça o mesmo, denunciando cada manobra que chamam de assembleia para não ter que debater com os estudantes e decidirem eles mesmos a linha política. E que essas assembleias elejam delegados para conformar um Comando Nacional de luta pela Educação, que sejam revogáveis pelas mesmas, que sirva para coordenar as universidades e institutos em uma luta unificada contra o governo.

Ao mesmo tempo, é necessário que o movimento estudantil se dê de fato a tarefa de chamar os trabalhadores a saírem nas ruas em uma só luta contra a reforma administrativa, as privatizações, as demissões, o aumento da fome, da conta de luz, enfim, contra toda miséria provocada por Bolsonaro, os militares e golpistas.

Mas para isso é necessário superar o freio e a divisão imposta pelos sindicatos da CUT e CTB, funcional à estratégia eleitoral do PT e do PCdoB. Ao contrário de chamar atos virtuais, como o do último dia 26, que servem para nos dividir, nós da Faísca viemos propondo nas assembleias pelo país moções de chamado aos sindicatos para que unificassem a luta neste dia 29. É necessário exigir que convoquem uma paralisação nacional junto aos dias 13 e 19, para que de fato o dia 29 não esgote a potencialidade que demonstrou e possa apontar uma saída independente contra Bolsonaro, rompendo com a espera passiva para as eleições de 2022 ou o impeachment.

Por fim, repudiamos ainda que nós da Faísca, assim como outras organizações como a CSP-Conlutas, sequer tenham tido direito de se expressar nessa live. A tarefa de todos aqueles que querem construir de fato uma alternativa à esquerda do PT é superar os métodos burocráticos desse partidos e de correntes aliadas, como a UJS e a majoritária da UNE e sua política, a força que viemos nas ruas poderia ser ampliada na conformação de um polo que unificasse todos esses setores que não querem esperar 2022, batalhando e por assembleias nos cursos, pela articulação de uma comando nacional de mobilização e recuperando os métodos de democracia de base que são fundamentais para que os estudantes sejam sujeitos das transformações políticas do país, ao lado dos trabalhadores.

 
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