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JUSTIÇA POR GEORGE FLOYD
1 ano sem George Floyd: veja retrospectiva da luta por justiça que abalou o mundo
Miguel Gonçalves

Há um ano atrás George Floyd foi assassinado pelo policial Derek Chauvin. As cenas de sua morte, mais um homem negro morto por um policial branco, logo revoltaram a população. Anos antes, o movimento negro tinha demonstrado sua disposição de lutar nos primeiros protestos por Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), mas as cenas brutais do sufocamento de Floyd foram a pólvora que despertaram o conjunto da população, cristalizando a força expressa anos antes.

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Os protestos começaram onde tudo aconteceu: a cidade de Minneapolis. Mas, em velocidade quase instantânea, atos foram chamados por todo território estadunidense. O medo dos protestos era tão grande que, em 4 dias, Trump enviou a Guarda Nacional para reprimir os manifestantes. Foi acentuada também uma contradição: por mais que os Democratas acusassem Trump de racismo, nas cidades e Estados onde governavam, também havia repressão física e verbal com as manifestações. O medo foi estimulado por toques de recolher, exército nas cidades, prisão de manifestantes, mas a população não recuou. Logo latinos, imigrantes e outras minorias se juntaram aos protestos pelas vidas negras, afinal são similarmente expostos a violência policial, contudo, a grande adesão dos brancos também foi vista nas ruas.

As redes sociais cumpriram um papel importante na difusão da revolta. Nos primeiros dias, a morte de George Floyd alcançou os trending topics do Twitter em diversos países, além de ocupar as capas de jornal do mundo todo. Em sequência, os protestos que começaram nos Estados Unidos, foram vistos na Inglaterra, França, Austrália, Nigéria, Brasil, ou seja, países de todos os 4 cantos do mundo. Ficou explícito que a questão do Racismo Policial não está limitada a certas fronteiras, é a realidade do mundo todo, tanto em países imperialistas, quanto em países da periferia do sistema. Isso se reforça ainda mais nessa semana, na qual Sasha Johnson, ativista do BLM que clamava pelo fim da polícia, sofreu um atentado, claramente uma ameaça aos que se posicionam como ela.

Quem cumpriu um papel importante na revolta junto ao movimento negro foi a classe trabalhadora, que se ligou aos protestos fazendo greves, paralisações e demonstrações de solidariedade por George Floyd. Motoristas das empresas de ônibus que em Nova York e Minneapolis se recusaram a transportar os manifestantes presos pela polícia, trabalhadores promoveram a Greve Nacional pelas Vidas Negras, as paralisações por 8 minutos e 46 segundos (o tempo em que Floyd ficou sufocado) são alguns dos exemplos dessa aliança. Essa fusão entre movimento negro e classe trabalhadora foi fundamental, não só pelo apoio e pela massificação dos protestos, mas também pela ativação da própria classe trabalhadora que depois do BLM se reativou na luta de classes, com tentativas de sindicalizações, greves, lutas por direitos aumentando.

O Partido Democrata fez todos os esforços para “amansar” a revolta e transferi-la para as urnas. Ainda que depois Biden tenha sido eleito recebendo grande parte dos votos do movimento negro, a conclusão e o avanço subjetivo que a vanguarda do movimento tinha chegado era muito profunda: exigir o fim da polícia, a expulsão de policiais de sindicatos, se descolar do Partido Democrata.

Enquanto novos assassinatos por policiais revoltaram a comunidade negra, a pressão pela condenação de Derek Chauvin foi aumentando. De fato, em 20 de abril, a condenação foi concretizada, mas ela não é fruto da justiça dos Estados Unidos, é fruto da luta de classes que enche de medo os capitalistas. O mesmo Derek Chauvin já havia sido absurdamente absolvido mesmo contando com participação em assassinatos em seu currículo, pelo contrário, ele recebeu condecorações. A própria escolha do Júri se deu de maneira bem problemática, com um questionário se o jurista apoiava o Black Lives Matter e o Blue Lives Matter (um movimento pelas “vidas brancas”), de alguma forma equiparando os dois como “ativismos”. A justiça também mostra seus limites em outros casos: em alguns assassinatos de pessoas negras que não ganharam tanta repercussão depois de George Floyd, os policiais foram readmitidos em suas corporações.

A luta durante esse 1 ano nos deu um grande arsenal de lições para serem aplicadas no Brasil. A importância da união da luta negra e da luta da classe trabalhadora mostraram o potencial explosivo que têm, nesse sentido, apontando para a necessidade da independência de classe frente aos partidos reformistas e conciliadores e todos os que tentam cooptar nossa luta e desviar nossa raiva frente a esse sistema podre.

Se nos Estados Unidos, este papel é cumprido pelo Partido Democrata, no Brasil é pelo bonapartismo institucional, que agora frente ao racismo explícito de Bolsonaro, tentam se camuflar como se não tivessem aprovado as reformas anti-operárias que só prejudicam a vida dos negros no Brasil ou pelo PT que tenta transferir a raiva que começa a se expressar para as eleições de 2022 como se através do voto em Lula fosse possível acabar com o racismo na policia ou com alguns dos ataques que foram aplicados aos trabalhadores, e que o próprio Lula está dizendo que vai manter. Nossas bandeiras devem ser claras: pelo fim da polícia, sem nenhuma confiança nas instituições desse Estado Racista. Por isso, nós da rede internacional de diários que o Esquerda Diário faz parte, cobrimos cada luta contra a violência e o racismo policial, assim como fizemos durante toda a jornada de revoltas nos Estados Unidos em nosso portal irmão, o Left Voice.

Leia mais: O Black Lives Matter e as lições da luta contra a violência policial

 
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