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PLENÁRIA NACIONAL DA FAÍSCA
Luno (UFRGS): buscamos unificar estudantes e trabalhadores contra os cortes e os ataques
Redação

Luno, estudante de Teatro da UFRGS, fez uma fala na Plenária Nacional da Faísca, ocorrida neste domingo (23/05), fez uma forte fala retomando a necessidade de unir estudantes e trabalhadores pela base contra os ataques a educação, as privatizações e as demissões, em defesa da permanência estudantil e vacina para todos já!

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"Queremos debater com cada um de vocês que se revolta com esse sistema de -miséria e que anseiam uma vida liberta de todo tipo de exploração e opressão.

Mas assim, o país onde Bolsonaro ataca a educação é também o país que se chocou frente à brutal chacina do Jacarezinho. Esses dois fatos, separados por apenas algumas semanas, são unificados por uma mesma política deste regime para o conjunto da classe trabalhadora e da juventude, principalmente da juventude negra, que é descarregar a crise em nossas costas enquanto nos empurram ao desemprego e nos matam pela fome, pela COVID19 e pelas balas da polícia.

Mas nisso, Bolsonaro não está sozinho. Está junto do Mourão, dos governadores, como o Claudio Castro do Rio, do congresso e do senado, que também foram parte de aprovar os cortes. Todos eles querem garantir os lucros capitalistas enquanto reservam à juventude e à classe trabalhadora um futuro de miséria. E por isso, passam as reformas que precarizam nossa vida e nas universidades querem avançar no projeto de educação do golpismo que são universidades reservadas para uma elite intelectual e mais restritas aos filhos da classe trabalhadora.

Hoje, boa parte dos estudantes das federais tiveram acesso à universidade pela política de cotas. Tamo falando de 53,5% dos graduandos viverem em famílias com renda per capita de no máximo 1 salário mínimo e 54,2% sendo uma maioria negra. Serão esses estudantes os primeiros a pagar a conta, estudantes que em meio a pandemia vem batalhando para equilibrar os estudos entre a precariedade e produtivismo do ensino remoto e as altas taxas de desemprego e o trabalho precário. Os mesmos que durante anos se enfrentam com o vestibular, que é um filtro social e racial que impede os filhos da classe trabalhadora de estudar, assim como a falta de permanência estudantil nas universidades. E é por isso que defendemos fortemente as cotas etnico-raciais contra os ataques da direita, para que sejam proporcionais ao número de negros em cada estado, que lutamos contra as fraudes defendendo também que no país mais negro fora da Africa, o direito a autodeclaração do povo negro seja respeitado.

Junto a nós, as trabalhadoras terceirizadas, majoritariamente mulheres negras em todo o país, as mesmas que perdem seus filhos, maridos e familiares pelas mãos da polícia, que não tiveram nenhum direito a quarentena, que todos os anos sofrem com as demissões por parte das reitorias e agora tem seus empregos ameaçados com os cortes, que não se trata somente do desfinanciamento da faculdade em si, mas a impossibilidade de manutenção da assistência estudantil, a falta de fiscalização e reparos nos mais de 50 hospitais universitários que foram fundamentais no combate a pandemia, além de enfraquecer pesquisas, laboratórios, o que afeta a população de conjunto.

Mas assim, nós somos parte da juventude que não vai aceitar esses ataques! Parte da juventude que se levanta em vários países do mundo para se enfrentar com os planos capitalistas, como no Chile, na Colômbia, nos EUA, na Palestina e em Mianmar. É nesses exemplos que a gente quer se inspirar para batalhar contra os cortes, mas também contra Bolsonaro, Mourão e o conjunto desse regime. É por isso que a gente vem dizendo que só com a nossa força organizada, em aliança com os trabalhadores de dentro e de fora da universidade que a gente pode impor a reversão dos cortes no orçamento e a derrubada do conjunto dos ataques de Bolsonaro, Mourão e do regime. A gente quer buscar convencer cada um da necessidade de se organizar e lutar por um outro futuro que valha a pena ser vivido, combatendo a miséria que os capitalista nos reservam.

É nessa perspectiva que nós da Faísca, Pão E Rosas e Esquerda Diário, viemos atuando em todas as universidades que estamos. Nas federias como a UFRGS, na UFF, UFMG, na UFRN, na UnB, na UFABC, na Unifesp, na UFES, na UFRJ, mas também na USP, UERJ e Unicamp. Batalhando pela auto-organização dos estudantes e que rumo ao dia 29 sejam organizadas assembleias de curso com direito a voz e fala para o conjunto dos estudantes.

Isso se dá porque a nossa concepção de entidade estudantil é de entidades que possam servir como ferramentas de luta dos estudantes em aliança com os trabalhadores. No Teatro UFRGS, CA que faço parte, essa também é nossa perspectiva. Atuamos buscando ligar os grandes debates com a realidade do nosso curso e de cada estudante, num espaço onde tem muito peso de uma juventude trabalhadora e precarizada que mesmo em meio aos ataques busca fazer arte e lutar por um futuro que valha a pena. Estamos na gestão desde 2019 e desde lá a gente vem batalhando por uma entidade estudantil que seja ferramenta da luta, organização e politização dos estudantes.

Nosso curso esteve na linha de frente da luta contra Bolsonaro desde a eleição, inclusive paralisando o curso para ir aos atos do EleNão, fazendo intervenções artísticas, organizando estudantes e professores. Já na gestão do CA fomos linha de frente também no tsunami da educação em 2019, lutando contra os cortes e defendendo que a força dos estudantes se unificasse com a classe trabalhadora, contra a chantagem do governo que dizia que se a reforma da previdência fosse aprovada os cortes poderiam ser revertidos, uma chantagem que UNE e as centrais sindicais dirigidas pelo PT e PCdoB aceitavam atuando para dividir nossas forças. Também em 2019 organizamos dezenas de estudantes para estar ao lado dos trabalhadores na greve geral que as centrais sindicais traíram. Em nossa gestão, lutamos em defesa das cotas e do direito de matrícula dos cotistas que a universidade buscava expulsar por questões burocráticas, batalhando pela permanência estudantil e contra os ataques aos bolsistas, paralisamos o curso por justiça por Marielle, sempre discutindo esses temas com o conjunto dos estudantes através de assembleias democráticas, onde também votamos a proporcionalidade da gestão, que permite que todas as posições políticas presentes no curso se expressem na gestão.

Agora na pandemia, travamos uma importante batalha contra a precarização, a exclusão e a privatização que impõe o ensino remoto, combatendo também a fragmentação que esse tipo de ensino nos impõe, impulsionando espaços de organização política, debate e convivência social entre os estudantes, enquanto organizações como o PT e PcdoB, mas também a UJC e Correnteza, buscavam servir como linha auxiliar de passar um ERE "menos excludente", ou até mesmo criar mecanismos de denúncia contra os professores que não seguiam as regras do ERE enquanto se enfrentaram com a precarização do trabalho docente, o contrário da necessidade de unificar estudantes e trabalhadores contra a precarização da educação.

Na UFRGS lutamos contra a intervenção bolsonarista buscando unificar estudantes e trabalhadores, com uma perspectiva de derrotar o interventor combatendo toda a herança da ditadura na universidade, lutando por uma estatuinte livre e soberana, pelo fim dos privilégios da burocracia acadêmica e da reitoria, para que a universidade seja gerida pelos estudantes, trabalhadores e professores de acordo com o peso de cada setor. E essas batalhas foram parte do que construímos não só aqui na UFRGS, mas em todas as entidades onde estamos com a Faísca e independentes, e em todas as universidades onde nossos militantes atuam. A gente defende outro projeto de país, onde a gente tenha direito ao futuro, onde a juventude negra tenha direito à vida. Uma universidade sem vestibular em que todas e todos tenham direito de estudar e por uma universidade a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre, o que agora significa colocar toda sua capacidade científica a serviço do combate à pandemia. Na UFRGS, onde o DCE é dirigido pelo PSOL, pela UJC e Correnteza, nós da Faísca, tanto no CA do Teatro como nos outros cursos onde estamos, como Sociais, História, Psico, Biologia, Filosofia, Biblioteconomia e outros, viemos exigindo que a gestão dê exemplo rumo ao dia 29 organizando os estudantes com uma assembleia onde todos tenham direito a voz e voto, que batalhe pela unidade com os trabalhadores e que se some à exigência de que a UNE gire todas as suas forças pra massificar essa data. Combatemos também a adaptação dos nossos CAs à essa política, inclusive mostrando aos estudantes como as auto gestões são funcionais à paralisia do movimento estudantil.

Infelizmente o que o DCE está fazendo não é isso: buscam fragmentar os estudantes com reuniões menores e separadas, de maneira totalmente rotineira. Para o próprio dia 29, estão chamando reuniões de construção do ato nos mesmos dias e horários que uma reunião estadual da UNE, o que mais uma vez divide nossas forças. É nesse marco que viemos fazendo um chamado para que essas organizações rompam com essa política, apontando em nossas intervenções que o dia 29 deve servir para reeguer as forças do movimento estudantil para se enfrentar contra o Bolsonaro, Mourão e o conjunto do regime golpista.

Eu coloco esses exemplos porque queremos debater nesta plenária como podemos nos organizar, como podemos sair daqui e ir para cada assembleia em nossos cursos e universidades com clareza de quais são nossas batalhas rumo a construção do dia 29. A gente quer aqui retomar o espírito da juventude de maio de 68, para que "sejamos realistas e exijamos o impossível", porque a burguesia e sua mídia tenta colocar que nossa perspectiva são futuros distópicos, que é mais provável maquinas destruir o mundo do que a revolução, mas nós acreditamos que isso que eles dizem ser impossível, esse caminho é mais realista do que a utopia de conciliar interesses que não são conciliáveis e por isso dedicamos todas as nossas forças a isso, a lutar contra esse sistema miserável e construir um novo mundo, e essa é a mais importante tarefa das nossas gerações"

 
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