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Nossas lutas estão unidas: a solidariedade entre a luta dos negros e a luta palestina
Julia Wallace
Darrin Johnson

A luta dos negros e a luta pela libertação palestina têm uma longa relação de solidariedade entre si e um inimigo comum: o imperialismo.

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Foto: Julia Wallace

Na terça-feira, a Palestina realizou uma greve geral contra os bombardeios em Gaza e a ocupação da Palestina. Na véspera do ataque, o bombardeio israelense deixou 212 mortos, incluindo 61 crianças e 31 mulheres. Até o prédio que abrigava a sede da Al Jazeera e da Associated Press foi bombardeado, um ato de agressão contra a imprensa, violando o direito democrático de noticiar as atrocidades do governo de Israel.

Esses ataques à Palestina levaram a manifestações massivas em cidades dos Estados Unidos e do mundo todo, com muitas comunidades declarando solidariedade com a luta palestina. Em meio a esses protestos, a comunidade negra e os manifestantes do movimento Black Lives Matter estiveram na linha de frente.

Os revolucionários negros há muito apoiam e se consideram parte da luta pela Palestina e vice-versa. Malcolm X declarou: “Em suma, o argumento sionista para justificar a atual ocupação da Palestina por Israel não tem base legal na história”. Angela Davis também tem apoiado firmemente a Palestina e apoiado seu esforço anti-colonial e anti-sionista dizendo: “(…) para aqueles de todos os lugares que estão lutando contra o racismo e pela liberdade, o povo palestino continua a servir de inspiração porque eles resistiram e permaneceram firmes por tanto tempo, recusando-se a desistir e aceitar a submissão e a injustiça permanente.” Os Panteras Negras frequentemente deixavam claras as ligações entre a ocupação sionista israelense e o imperialismo norte-americano em seus jornais.

A luta contra o racismo nos Estados Unidos tem muito em comum com a luta pela libertação da Palestina. Por causa das bases racistas sobre as quais o estado dos EUA foi construído, os departamentos de polícia são herdeiros diretos das patrulhas de escravos (No Brasil, os capitães do mato) usadas para reprimir a luta dos negros, primeiro sob as leis de Jim Crow e depois sob segregação e criminalização. A polícia nos Estados Unidos tem usado os métodos de uma “ocupação” contra os bairros negros - uma instituição com aval de perseguir e assassinar negros com quase impunidade. A resistência palestina que enfrentou o exército israelense sempre foi uma inspiração para o movimento de libertação negra que muitas vezes em sua história teve que enfrentar um estado racista.

Para saber mais: Entrevista com uma palestina sob cerco de Israel em Gaza: "dessa vez é diferente"

Os palestinos também apoiaram a luta negra. Durante o levante de Ferguson de 2014, eles mostraram solidariedade ao instruir ativistas locais de Ferguson sobre como lidar para suportar o gás lacrimogênico usado pela polícia. O mesmo tipo de gás lacrimogêneo também foi usado pelos militares israelenses contra os palestinos. Departamentos de polícia em todos os Estados Unidos vão a Israel para serem treinados em técnicas do que no fim é- tortura com qualquer outro nome.

Em 2020, durante os massivos protestos do Black Lives Matter contra o assassinato de George Floyd, os palestinos protestaram em Gaza e na Cisjordânia. Eles fizeram murais para George Floyd e denunciaram o então presidente Donald Trump por reprimir os manifestantes.

Os palestinos nunca pararam de lutar contra a ocupação, mas os protestos da semana passada mostraram uma energia renovada contra as atrocidades do governo israelense e contra o imperialismo dos EUA. O governo Biden em particular está enfrentando críticas por defender a matança de civis palestinos, incluindo dezenas de crianças, e por fornecer centenas de milhões de dólares em ajuda militar para continuar a opressão e assassinato de palestinos.

A solidariedade dos negros com a questão Palestina deve significar a luta contra o Imperialismo dos EUA

O governo israelense não seria capaz de continuar o massacre se não fosse pelos fundos maciços dos Estados Unidos. Os EUA dão mais ajuda a Israel do que a qualquer outro país do mundo - U$ 3.8 bilhões só em 2019. E funciona assim há décadas. As bombas são fabricadas e enviadas de portos nos Estados Unidos. Assim como os trabalhadores italianos que disseram que se recusariam a carregar armas enviadas a Israel, os trabalhadores nos Estados Unidos podem se recusar a participar no auxílio a um sistema racista.

No verão de 2020, os trabalhadores portuários dos EUA entraram em greve na costa oeste em solidariedade ao movimento BLM. Houve também uma chamada de SEIU (Em português o Sindicato Internacional de Funcionários de Serviços) para uma greve pelos protestos pelas vidas negras. A classe trabalhadora deve assumir as demandas das pessoas oprimidas, desde a luta do Black Lives Matter até a luta pela libertação palestina. A luta é nossa arma mais poderosa.

Precisamos de uma greve pela Palestina! As pessoas nos Estados Unidos precisam direcionar suas energias para impedir que o governo dê um centavo a Israel. Como nossa camarada boliviana Violeta Tamayo descreveu durante o levante BLM de 2020: "Acreditamos que é crucial para os socialistas nos Estados Unidos lutarem para construir uma organização verdadeiramente antiimperialista. Por exemplo, o movimento Black Lives Matter tem sido muito importante na Bolívia para a derrota da extrema direita, porque enfraqueceu os setores intervencionistas nos Estados Unidos e enfraqueceu também a direita em nosso país. A derrota de Áñez também foi uma derrota para Trump, e a vitória eleitoral do MAS expressou um relativo limite, neste contexto geopolítico, da interferência do governo dos EUA na Bolívia. "

Vamos trazer essa energia para a Palestina! O governo Biden provou que é inimigo dos negros, palestinos, colombianos,imigrantes e da classe trabalhadora de todo o mundo. Os democratas e republicanos atuam no interesse de defender o capitalismo e o imperialismo, seus ataques à classe trabalhadora em todo o mundo são políticas bipartidárias.

Biden e Kamala Harris já tinham em seu histórico apoiar Israel e ignorar as violações dos direitos humanos no país. Agora no cargo, o governo Biden deu mais armas para que continuem os massacres de palestinos promovidos pelo Estado de apartheid de Israel. É por isso que o movimento BLM deve romper completamente com o Partido Democrata e rejeitar as tentativas de cooptação pelas corporações. É uma contradição para a Rede Global BLM mover suas forças para eleger Biden e Harris, apoiadores de longa data do regime do apartheid, mas depois declarar "Palestina Livre". A independência de classe é a única maneira de fazer avançar a luta contra a polícia dos EUA e o imperialismo, a sua polícia mundial.

Tanto os republicanos quanto os democratas defendem o assassinato sionista. Até Bernie Sanders e The Squad argumentaram em apoio ao direito de Israel de "se defender". Rashida Tlaib, a primeira palestina-americana eleita para o Congresso, fez um discurso apaixonado sobre sua família nos territórios ocupados. No entanto, ela não pediu o fim da ajuda financeira ou desafiou o "direito de Israel de se defender". O Partido Democrata reprime a dissidência e mesmo os membros mais "progressistas" ainda defendem um sistema explorador. É por isso que a classe trabalhadora e os oprimidos precisam construir uma organização de combate socialista revolucionária. Ter uma organização revolucionária independente permitiria à classe trabalhadora desenvolver uma estratégia internacional para se opor e derrotar o imperialismo dos EUA, do Estado de apartheid de Israel.

Precisamos lutar como os palestinos fizeram em 18 de maio, bem como continuar a nos mobilizar unificando nossas lutas. Temos os mesmos inimigos: a polícia, o imperialismo e a intolerância. Nossa luta é a mesma, apoie a Greve Geral Palestina! Palestina livre! Vidas negras importam!

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