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DESEMPREGO E FOME
Com recorde de desemprego e fome, as centrais sindicais esperam 2022: é preciso organizar a luta agora
Lara Zaramella
Estudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

Os índices de desemprego e fome no Brasil não eram tão altos há anos, alcançando recordes em meio à pandemia. Já são mais de 20 milhões de brasileiros desempregados, 55% de casas com insegurança alimentar e 400 mil mortes por Covid-19. A situação brasileira é alarmante e não podemos esperar até 2022, é preciso organizar a luta agora.

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Imagem: Ednubia Ghisi e Regis Luís Cardoso

Nesta sexta-feira, 30, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados sobre o desemprego no Brasil. Desde 2012 não se tinha índices tão altos, chegando em 20 milhões de desempregados no país.

Já são 6 milhões de brasileiros que desistiram de procurar trabalho e em 1 ano de pandemia, o país perdeu 7,8 milhões de postos de trabalho, escancarando a crise não só sanitária, mas também econômica e social profunda que atravessamos.

Combinada à situação de desemprego crescente, há outro tema alarmante que amarga a vida de milhões de brasileiros atualmente: a fome. Esse ano foram divulgados dados que demonstram que 116 milhões de pessoas - equivalente a cerca de 55,2% das casas - não têm acesso pleno e permanente a comida, além de que 19 milhões sentem fome todos os dias no Brasil. Esses dados mostram um crescimento da fome de 54% desde 2018.

Não só isso, a fome cresceu especialmente nas regiões mais pobres e rurais do país. Essa pesquisa demonstra bem o dizemos sobre a situação de crise afetar mais as mulheres, negros e pobres. As casas chefiadas por mulheres, negros e pessoas com nenhuma ou baixa escolaridade são as que mais enfrentam a fome no seu cotidiano, mostrando características bem claras dessa desigualdade cruel.

Leia mais: 5 medidas para responder ao problema da fome no Nordeste

Essa é a situação que o Brasil de Bolsonaro e Mourão se encontra em 2021, em um dos piores momentos da pandemia, alcançando já os 400 mil mortos pela Covid-19, em que o vírus, o desemprego - combinado às massivas demissões e flexibilizações laborais - e a fome massacram a população.

Não podemos naturalizar essa situação gritante. O Brasil já é considerado pária mundial devido a condução da pandemia, com muitos governos se pintando de democráticos e oposição ao negacionismo de Bolsonaro, como o próprio governo democrata de Biden nos Estados Unidos. Não é possível que o questionamento e enfrentamento às políticas de Bolsonaro venham da demagogia de um governo imperialista ou mesmo da confiança a setores do regime político brasileiro herdeiro do golpe institucional de 2016.

Reunindo setores do judiciário, governadores e o Congresso, se colocam como oposição ao governo federal, mas estão de mãos dadas com Bolsonaro para diminuir e cortar o auxílio emergencial, e seguem votando medidas que atacam as condições de trabalho, cortam salários, priorizam os lucros das empresas que vem fechando suas portas e aumentando os níveis de desemprego, deixando famílias sem renda e sem ter o que comer.

É por isso que nossa confiança deve estar nas nossas próprias forças, se inspirando e dando voz a todos os processos de luta que despontam pelo país, como a greve das trabalhadoras terceirizadas das empresas fornecedoras da LG que anunciou há um mês que ia fechar suas portas. Ou dos educadores que ao redor do país têm organizado greves e debates sobre a reabertura insegura das escolas. Internacionalmente vemos diversas categorias de trabalhadores se levantando contra as conduções catastróficas da pandemia, a carestia de vida que vem aumentando em meio à crise capitalista que assola todo o globo.

Devemos nos inspirar nos trabalhadores franceses da petroleira Grandpuits, os portuários chilenos que paralisaram nesta semana, os trabalhadores da saúde da Argentina, as operárias têxteis de Myanmar que lutam contra o golpe no país. Os motivos podem parecer distintos, mas todos são questionamentos profundos ao modo de vida e trabalho que nos é imposto pelo capitalismo, pelos governos que estão ao lados dos grandes empresários e banqueiros e que querem que nós paguemos pela crise que hoje atravessamos.

Justamente por isso que no Brasil é preciso que as centrais sindicais, como a CUT e CTB, com PT e PCdoB à frente e que dirigem milhões de trabalhadores brasileiros, coloquem toda sua força, promovendo espaços de debate e assembleias, organizando toda a raiva contida que existe dentro de cada trabalhador, mulher, negro que hoje sofre com a miséria de vida, a ameaça de desemprego, a fome. É urgente que as centrais sindicais saiam da paralisia que confiam nas vias institucionais e esperam por 2022, quando as vidas arrancadas pela Covid, os índices históricos de desemprego e fome são de agora.

 
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