Nossos hermanos latino-americanos dão um grande exemplo de como lutar de maneira unificada em defesa dos trabalhadores e dos setores oprimidos mobilizados. No Brasil onde a esquerda vê tipos como Kataguiri, Frota e Hasselmann como aliados e impeachment como saída, trata-se de uma lição de independência de classe urgente.
Vergonhoso o nível de adaptação que a esquerda brasileira vem apresentando ao regime do golpe e suas instituições nos últimos anos, algo que ganhou um novo capítulo com o projeto de “superimpeachment” da semana passada. A frente amplíssima reuniu PT, PSOL, PSTU e UP com lava-jatistas que ajudaram a alçar Bolsonaro à presidência, como Joice Hasselmann (PSL), Frota (PSDB) e Kim Kataguiri, os mais novos defensores dessa “democracia” de instituições degradadas e inimigas dos trabalhadores.
Enquanto todas as principais forças políticas da esquerda institucional brasileira sentavam em uma sala de zoom com a direita para suplicar um impeachment ao Congresso ou STF, e consequentemente colocar um militar como Mourão no poder, preparava-se na Argentina um grande ato de unificação da classe trabalhadora e dos setores populares contra os ataques dos capitalistas e pelo fortalecimento das reivindicações de cada setor em luta. Abismal a diferença de política.
Votado no dia 17 de abril por mais de 4.000 trabalhadores, reunidos virtual e presencialmente na cooperativa gráfica Madygraf, o bloco do ato de ontem (27) reuniu movimento de desempregados, sindicalismo de base, trabalhadores dos transportes, da saúde, da educação, dos aplicativos, portuários, terceirizados de diversos setores, o movimento de ocupações de terras por moradia, o movimento estudantil e a esquerda combativa, isso para citar só alguns. Marcharam juntos pelas ruas da capital em apoio às lutas, por vacinas para todos, por auxílio emergencial, e contra os empresários, a burocracia sindical e o governo, que se reuniam para negociar um ajuste do salário mínimo muito abaixo do valor da cesta básica.
Uma unidade e auto-organização assim não é fruto do acaso, e sim da atuação consciente de uma esquerda profundamente conectada à classe trabalhadora e cada processo de luta operária e popular. O PTS, partido irmão do nosso MRT, bem como a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores Unidade (FIT-U) que integra, atua diariamente para fortalecer e impulsionar cada um desses setores, confiando apenas na unidade revolucionária dos trabalhadores e dos oprimidos como uma saída contra cada mazela que o capitalismo nos impõe.
A esquerda institucional brasileira está depositando suas energias em manobras com a direita e nos bonapartismos inimigos da nossa classe, as centrais sindicais, dirgidas por PT e PCdoB, convidam a direita para o 1º de maio, e demonstram em suas traições o quanto suas cúpulas estão alinhadas com os empresários. Precisamos nos inspirar no exemplo argentino e fortalecer uma alternativa distinta, uma alternativa dos trabalhadores, para os trabalhadores e todos os que sofrem com a miséria capitalista, o machismo, o racismo, a LGBTfobia e todo tipo de opressão.
Não pode ser que, em meio à crise e à pandemia, coloquemos nossas vidas nas mãos dos mesmos golpistas que se unem sempre que o plano é garantir o lucro dos empresários às nossas custas. Nem podemos confiar em partidos que não constroem nenhuma resposta a não ser as saídas eleitorais, e que passam longe de qualquer independência de classe. A força da unidade dos trabalhadores, junto com a juventude e os setores oprimidos da sociedade, pode dar uma saída independente para essa crise sanitária, econômica e social.