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OPINIÃO
Ensino remoto e ENEM: A serviço de quem?
Jojo de Paula
estudante de Design da UFRN e militante da Faísca

Estamos no final do semestre de ensino remoto na UFRN, aprovado de forma autoritária pela reitoria, que em meados de 2020, cinicamente criou comissões nos departamentos para tratar de um plano de modelo de ensino em meados de 2020, com a mínima representação de estudantes - eram cerca de 2 ou 3 estudantes, dependendo do setor, sendo que compomos a grande maioria da universidade - E além disso, de maneira cínica a reitoria ignorou até mesmo o que foi aprovado nas comissões, já bastante alheias aos estudantes, e aprovou um plano que já tinha estabelecido previamente. Exemplos do autoritarismo da reitoria como esse estão em todo lugar, em especial nas federais onde o Bolsonaro impôs interventores.

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O Ensino remoto não tem racionalidade nenhuma. E por que? Primeiro que esse modelo começa débil por separar teoria e prática, a qual muitos conteúdos são inseparáveis, segundo que transpor o ensino presencial para o remoto de forma mecânica, em tempo de semestre reduzido, exigindo maior esforço dos estudantes, que estão sofrendo com as consequências da pandemia, inclusive com perdas de parentes e amigos (porque não vivemos num mundo paralelo), já tivemos perdas de estudantes de TI, Letras, Engenharia. Riquelle, que fazia letras, também era professora e trabalhava durante a pandemia de forma presencial na rede privada, assim como tantos jovens precisam trabalhar para poder se sustentar, muitos no telemarketing, inclusive. Muitos estudantes acabam desistindo dos cursos, refletindo nos crescentes números de evasão.

Por outro lado também, nossa geração está sofrendo com a maior taxa de desemprego por anos, resultado da crise social, econômica e sanitária, que os próprios capitalistas criaram. Nos últimos anos sucatearam ainda mais o sistema público de saúde, em benefício dos monopólios da saúde, e também da educação, que desde o governo Dilma vem sofrendo com cortes, reflexo da crise de 2008, que ainda não se fechou, e vem se aprofundando ainda mais com Bolsonaro, no Brasil, implementando uma política de destruição dos direitos dos trabalhadores, ainda tão precário para grande maioria, assim como faz com as mulheres, meio ambiente, extermínio da juventude negra, enfim, tudo para garantir o lucros dos empresários e banqueiros.

Nada disso passou sem luta, com a indignação dos estudantes e trabalhadores tivemos diversas experiências de grandes mobilizações para dar uma resposta aos ataques nos últimos anos, no entanto, as burocracias do movimento estudantil e de trabalhadores, como a UNE, CUT e CTB atuou na contramão de avançar e unificar as lutas, sem sequer construir espaços de auto-organização em cada local de estudo e trabalho, separando os dias de luta nos últimos 24 e 30 de março, como se as lutas dos estudantes e trabalhadores fossem distintas, com mobilizações meramente midiáticas, defendem que a política do movimento estudantil seja de depositar confiança na CPI da covid, que serve apenas para o STF e o Centrão fingirem que não tem responsabilidade pela política negacionista de Bolsonaro, e também no impeachment, que levaria ao Mourão, herdeiro da ditadura. Com isso, dizem aos estudantes que a única saída é se resignar ao regime do golpe, que não dá pra vencê-lo. Dizem que a única esperança é que Lula governe junto com os poderes golpistas do STF e as forças armadas em 2022, já prometendo manter, ou melhor, mais privatizações, como a Caixa? Essa não pode ser a saída.

Durante a quarentena, a UNE, dirigida pelo PT, PCdoB e Levante, apenas observaram as reitorias aprovarem o ensino remoto sem convocar os estudantes para organizar a luta contra o autoritarismo das reitorias nacionalmente. Nesse final de semestre o sentimento generalizado é de cansaço, exaustão e aprofundamento de ansiedade, gerado por aulas e trabalhos corridos com diversas limitações, com o objetivo apenas de cumprir tabela, inclusive os professores sofrem com esse ensino remoto irracional. Para atender ao interesse de quem? de nós jovens e trabalhadores? Não, com toda certeza. Poderíamos estar produzindo conhecimento em cada área para dar uma resposta à crise sanitária. Como estudante de design, poderia estar pensando em um projeto que pudesse melhorar a situação dos hospitais por exemplo, no entanto, a realidade é que o produtivismo da academia está a serviço de atender aos interesses dos capitalistas. Somente com luta organizada desde as bases podemos inverter essa lógica para construir uma universidade a serviço dos trabalhadores.

Milhares de pessoas foram aprovadas a uma vaga na universidade pública hoje (16) pelo ENEM, muitos filhos de trabalhadores pobres conseguiram furar esse filtro social, elitista e racista, mas milhões de tantas outras pessoas ficaram de fora das universidades. Isso é uma ilustração do que significa as universidades. Por isso, faço um chamado a cada ingressante de 2021 para colocar toda revolta contra a burocracia acadêmica elitista e batalhar por um movimento estudantil que lute pelo fim do vestibular/ENEM, pela estatização das universidades privadas, pelo fim do pagamento fraudulento da dívida pública para garantir o bolso cheio dos banqueiros e o fim do Teto de gastos, tudo isso passa por lutar contra os ataques de Bolsonaro e Mourão mas também de todo o regime do golpe. Para dar essa resposta é fundamental nossa auto-organização nos locais de trabalho e estudos, porque somente nossas forças mobilizadas em unidade pode fazer com que os capitalistas paguem pela crise! É a serviço disso que nós da Faísca Revolucionária e o Pão e Rosas nos colocamos.

 
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