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GREVE DA EDUCAÇÃO
Doria e Rossieli cortam o salário de professores que lutam pela vida
Nossa Classe - Educação

O governador João Doria (PSDB) e o seu Secretário da Educação, Rossieli Soares, cortaram o salário de professores grevistas da rede estadual. A categoria deliberou greve no início do ano em virtude da imposição da reabertura insegura das escolas frente à pandemia do coronavírus. O corte salarial é um ataque inadmissível ao direito de mobilização e organização política dos trabalhadores. O Nossa Classe Educação, agrupação de professores impulsionada pelo Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), repudia o ataque dos governos e patrões ao direito de greve e exigimos o imediato pagamento integral do salário dos professores que lutam pela vida.

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Crédito: Professor Victor Cubaiá

O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), e o secretário da Educação, Rossieli Soares, cortaram o salário dos professores da rede estadual paulista que no início do ano deliberam greve contra a reabertura insegura das escolas. Um ataque frontal e inadmissível ao direito de greve dos trabalhadores e que toma contornos mais execráveis diante dos desdobramentos da crise sanitária no país que é fruto do negacionismo de Bolsonaro e da demagogia das distintas alas do regime do golpe que impõem o luto amargo e o medo da contaminação para a população de conjunto, em especial, para a classe trabalhadora e setores oprimidos.

É nesse cenário, somado a uma inflação galopante e ao desemprego recorde, que Doria e Rossieli submetem os professores que lutam pela vida a uma situação de miséria. Vale destacar que durante o período de greve sanitária os professores mantiveram todo o trabalho remoto, ou seja, mantiveram as aulas, reuniões pedagógicas, atendimento à comunidade escolar entre uma série de outras atividades que cabe a categoria. O que torna mais criminoso ainda o corte salarial imposto por Doria e Rossieli. A imagem abaixo é do holerite de uma professora da rede estadual que desesperadamente ao procurar o Esquerda Diário relatou “tenho duas filhas para alimentar, remédio pra comprar, conta de água, luz, parcela da casa. Meu marido foi dispensado por falta de serviço. Vamos passar fome”.

É essa a realidade miserável que Doria e Rossieli querem impor aos professores. Duas figuras da política nacional que foram parte ativa do golpe institucional que veio para descarregar mais ainda a crise capitalista nas costas da classe trabalhadora e da juventude. Não à toa os defensores da Reforma da Previdência, da Reforma Trabalhista, da Reforma do Ensino Médio e tantas outras medidas anti operárias atacaram o direito de greve dos trabalhadores da educação. Aliás, ao longo da pandemia ficou evidente o ódio que ambos têm dos professores e o desprezo que têm aos estudantes. Deixaram mais de 35 mil professores temporários sem salários, demitiram milhares de trabalhadoras terceirizadas da limpeza e da merenda, impuseram um contrato (banco de talentos) onde os professores terão que ministrar somente aulas presenciais independente da crise sanitária, deixaram o estômago dos estudantes ardendo de fome diante da ausência de uma política de segurança alimentar, não criaram condições reais para o ensino remoto para os filhos da classe trabalhadora e derrubaram a liminar que barrava o retorno das aulas presenciais para atender a fome de lucro dos empresários da educação e expor a comunidade escolar mais ao risco.

Esses são alguns dos muitos exemplos que evidenciam que Doria e Rossieli pouco se importam com a vida da comunidade escolar. As ações e discursos de ambos são pura demagogia. Nunca criaram as condições reais de combate a pandemia no Estado de São Paulo. Todos os dias somos tomados por uma série de notícias lamentáveis da morte de professores, estudantes e trabalhadores das nossas escolas. A morte da estudante de 13 anos na cidade de Campinas, uma expressão em vida tombada por toda essa demagogia, que ocorreu em meio a imposição de reabertura insegura das escola e a greve da categoria.

Diante do cenário de tragédia a greve sanitária dos professores da rede estadual paulista deliberada no dia 8 de fevereiro teve como objetivo principal se opor a reabertura insegura das escolas que colocava em risco toda comunidade escolar. Uma ação fundamental e que poderia não somente ter enterrado essa proposta criminosa do Doria, como também poderia ser a alavanca da luta dos trabalhadores de conjunto na exigência de medidas reais para o combate à pandemia. Ou seja, uma luta que expandisse e que colocasse as nossas vidas acima dos lucros dos patrões por meio de um programa emergencial de combate a covid-19.

Entretanto, não foi isso que ocorreu. Exatamente no momento onde poderíamos ter avançado, enquanto categoria em nossa reivindicação, a Apeoesp não fomentou uma greve unitária, isolando nossa categoria da rede estadual das educadoras da prefeitura de São Paulo, que também por condições sanitárias entraram em greve dia 10/02. Num momento onde era primordial a união dos professores estaduais e municipais para derrotar o retorno inseguro imposto pelo PSDB no estado e na capital, freando a abertura insegura das escolas que resultou diretamente em mais de 60 mortes até agora. O caminho que a direção majoritária da Apeoesp escolheu foi, uma orientação confusa onde os professores teriam que ir às escolas assinar o ponto e “influenciar” os demais colegas a adesão à greve, como se não fosse possível fazer passagem em escola estando em greve legítima - o que descaracteriza o movimento grevista e confunde a categoria.

Isso denunciamos como uma manobra burocrática, que passou por fora de qualquer visão estratégica, sobre o potencial exemplo que poderia vir a ser uma mobilização que em todos os municípios do estado de São Paulo revertesse a imposição de reabertura insegura das escolas.

Com o aumento das mortes e ocupação de leitos de UTI, o governo sinalizava que teria que recuar na política de abertura das escolas o que acabou acontecendo com a antecipações dos recessos e feriados. Situação, nada estável diante das intenções explícitas de Rossieli e prefeitos de reabertura das escolas a qualquer custo. Caso tivéssemos uma forte greve unitária, construída com os professores e trabalhadores da educação da capital, isso poderia impor um grande obstáculo a essa política de abertura das escolas, fazendo com que as aulas presenciais voltassem somente com o crivo da comunidade escolar em diálogo com as trabalhadoras da linha de frente da saúde, que é de fato quem conhece a real situação pandêmica e o cotidiano das escolas, e por isso pode decidir quando e de quê forma deve ser.

Os rumos da greve e o próprio cenário difícil de mobilização, construído ao longo de inúmeras traições de luta nos últimos anos, é responsabilidade direta da direção majoritária da Apeoesp que, conforme mencionamos anteriormente, não somente não levou adiante medidas elementares de auto organização da categoria como também culpabilizou, método comum dessa direção, os professores individualmente pelas derrotas frente a ofensiva do governo Doria.

Não deve a Apeoesp, jamais, repousar nas expectativas de que virá desses setores golpistas o não retorno às aulas presenciais. É somente pela força da mobilização da nossa classe que podemos impor que as nossas vidas estejam acima dos lucros dos patrões. E para tanto é necessário que as lutas dos trabalhadores e da juventude sejam construídas em bases sólidas. Ou seja, com medidas elementares de auto organização e que seja levada adiante pelas direções do movimento operário, tais como, a CUT e a CTB que infelizmente seguem paralisadas mesmo diante do cenário de tragédia. Não há atalhos, muito menos descanso, onde os interesses são antagônicos.

De imediato, diante da corte salarial, é fundamental que o sindicato levante uma ampla e democrática campanha contra o corte salarial dos professores da rede estadual. Exigindo que Doria pague, imediatamente, o salário integral dos professores grevistas. Assim como é tarefa do sindicato disponibilizar os seus recursos para que nenhum professor passe por situação de miséria como lamentavelmente relatamos no início deste texto. O fundo de greve, que está no próprio Estatuto da Apeoesp, é medida elementar para a construção da mobilização da categoria. Não à toa, nós do Nossa Classe Educação desde o início da greve reivindicamos em assembleias da categoria e por meio do próprio Esquerda Diário que fosse colocado de pé uma campanha no sentido de levantar esse fundo.

No âmbito judicial é estarrecedor que a Apeoesp oriente os professores para recorrerem individualmente pelo pagamento integral do salário. O Esquerda Diário recebeu uma denúncia anônima de uma professora da Região Metropolitana de Campinas filiada ao sindicato que além de receber tal orientação ela deveria pagar R$ 80,00 pelo procedimento jurídico. Um completo absurdo independente se o professor é filiado ou não. Uma ação que vai na contramão do papel que deve cumprir os sindicatos.

Nós do Nossa Classe Educação e do Esquerda Diário somos contrários a reabertura insegura das escolas. Quem decide quando e como as aulas presenciais devem retornar é a comunidade escolar junto aos trabalhadores da saúde. Exigimos que Doria e Rossieli paguem imediatamente o salário integral dos professores grevistas que lutam pela vida. É necessário que as organizações políticas de oposição a majoritária da Apeoesp exijam dessa direção uma campanha ampla e democrática pelo “Pagamento Já” dos salários cortados. Além do fundo de greve a fim de garantir que nenhum professor passe por qualquer situação de desespero e miséria que seja. A confiança da Apeoesp deve estar na força da nossa classe, mobilizando desde a base a categoria para derrotar os ataques de conjunto dos governos e patrões, não apostando somente em medidas judiciais. Ainda que essas possam conceder, por vezes, suspiros imediatos jamais devemos esquecer que o judiciário segue sendo pilar do regime do golpe e, portanto, contra a classe trabalhadora.

 
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