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ESTADO E RELIGIÃO
Bolsonaro e Kassio Nunes apelam a base religiosa, em nova queda de braço com prefeitos e governadores
Yuri Capadócia

Bolsonaro se valeu do autoritarismo judiciário, através de seu nomeado Kassio Nunes, para impor a liberação dos cultos religiosos num momento de profundo agravamento da crise sanitária no país.

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Bolsonaro havia prometido indicar um ministro para o STF que fosse "terrivelmente evangélico". Kassio Nunes, que acabou sendo o escolhido, pode até não ser evangélico - declara-se como católico -, mas ajoelha para Bolsonaro e sua base religiosa como um bom cristão diante da cruz.

Num contexto de grande agravamento da crise sanitária, o ministro liberou os cultos religiosos por meio de uma medida cautelar, impondo que estados e municípios permitam o funcionamento dos templos, em razão da "essencialidade da atividade religiosa". De imediato, Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais a decisão de seu ministro, sendo celebrada por sua base religiosa.

O autoritarismo judiciário que segundo Bolsonaro havia lhe retirado a capacidade de decretar medidas em relação a pandemia, nas mãos de seu mensageiro possibilitou esse aceno para sua base religiosa. Por essa via, o presidente conseguiu se sobrepor às demagógicas medidas restritivas impostas por prefeitos e governadores que também sob critérios nada objetivos - apenas critérios materiais de qual fração da burguesia deve ou não seguir lucrando - dizem o que é ou não essencial.

No novo embate do bolsonarismo contra os entes federais - estados e municípios -, Bolsonaro dessa vez apelou a sua base religiosa. Enquanto isso, diversos prefeitos se colocaram contrários a decisão monocrática de Kassio Nunes, dentre os quais o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) foi o que mais comprou a briga dizendo que só acataria a decisão do Plenário do STF, tendo como resposta a intimação por parte do ministro. Mais uma vez, o Supremo mostra quem detém o maior arsenal autoritário para fazer valer a sua vontade - mesmo que uma vontade parcial.

Kalil mostra mais uma vez sua habilidade para capitalizar a oposição demagógica a Bolsonaro. O prefeito de BH é da ala do regime, que mesmo sendo golpista, conseguiu posar como mais "racional" por tomar medidas mínimas como o distanciamento social, a defesa das máscaras e das vacinas, mesmo tendo negligenciado as medidas consequentes para combater a pandemia, com a testagem massiva, a unificação dos leitos de uti no sistema público, contratação de profissionais de saúde. Não à toa Kalil é visto pelo petismo como um possível nome para chapa presidencial com Lula.

Na sociedade brasileira em que a religião está fortemente atrelada ao Estado, o direito a religiosidade se transforma em mais um elemento para a disputa demagógica entre Bolsonaro e o restante do regime golpista. Nem Bolsonaro está preocupado com o direito a religiosidade das pessoas, nem Kalil defende um programa consequente para se contrapor ao negacionismo do presidente. Somente os trabalhadores tomando o controle da pandemia podem decidir quais serviços são ou não essenciais e como seguir seu funcionamento através de comissões de higiene e segurança sanitária em cada local de trabalho essencial.

 
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