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ELEIÇÕES REGIONAIS FRANÇA
Vitória pírrica de uma Frente Republicana à moda de Le Pen
Comitê de Redação - Révolution Permanente

A Frente Republicana de Valls-Hollande superou a FN (Frente Nacional) de Marine Le Pen na eleição regional da França. O partido de Marine Le Pen, a ponto de vencer em três das 13 regiões francesas, finalmente não obteve nenhuma.

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A Frente Republicana de Valls-Hollande superou a FN (Frente Nacional) de Marine Le Pen na eleição regional da França. O partido de Marine Le Pen, a ponto de vencer em três das 13 regiões francesas, finalmente não obteve nenhuma. Sobre a base da abstenção de cerca de 9 pontos percentuais, o chamado “voto útil” do PS (Partido Socialista, de Hollande) e do LR (Os Republicanos, de Sarkozy) chegaram a uma parte do eleitorado de “esquerda”, que havia rechaçado votar “pela austeridade” no primeiro turno e pelas políticas do PS, orientadas à extrema direita. Não obstante, nada mais que uma pessoa dentre duas votou neste domingo, o que é um claro testemunho da crise de representação que tem o governo.

Com o apoio do Front de Gauche de Mélenchon e a fusão de sua chapa com o PS, a estratégia da “Frente Republicana” de Valls-Hollande terminou funcionando. No universo de “nem retroceder, nem fundir-se” proposto por Sarkozy, o PS elegeu “fazer frente” à FN, retirando-se para beneficiar os Republicanos em PACA (Provença-Alpes-Costa Azul), em Nord-Pas de Calais-Picardie e na Alsácia-Champagne-Ardenne-Lorena.

Nestas regiões, a Frente Nacional perdeu, a direita tradicional venceu enfrentando-se com as principais figuras da extrema-direita: Marine Le Pen, Marion Marechal Le Pen e Florian Philippot, tirando vantagem da esquerda como também dos abstencionistas com o chamado ao “voto útil”.

Nas regionais de 2010 sob o governo de Sarkozy, a lógica da alternância e do bipartidarismo da V República havia presenciado um crescimento do PS nas regiões outrora situadas à direita e ao centro na Alsácia. Desta maneira, mantendo cinco regiões sob seu domínio, o governo do PS limita o dano eleitoral, a pesar da perda de grande parte de seus vereadores regionais e de sua rede territorial com as eleições municipais de março de 2014 e as eleições departamentais de março 2015.

Por seu lado, os Republicanos respiram, a pesar do impasse estratégico no qual se encontram, presos entre um Hollande “Lepenizado” e a autêntica extrema direita da Frente Nacional. Ficando em má posição no final do primeiro turno, com uma só região onde estão à cabeça, os Pays de la Loire, os Republicanos terminam por ganhar sete regiões, incluindo a região chave de Île de France, assim como – com a voz da esquerda – as três regiões em que a FN se situava à cabeça.

A direita e o centro não presidiam mais que um região desde 2010. De agora em diante o mapa regional está um pouco mais azulado.

Depois das últimas eleições locais de 2014 e 2015, a recuperação dos territórios continuou, ainda que fosse relativizada pela lógica da alternância que se havia visto no mapa da França, das regiões que se tornaram quase totalmente “socialistas” em 2010.

A vitória da direita tradicional nas regiões onde o PS se retirou em nome de “frear a FN” tem consequências notáveis nas batalhas internas no seio dos Republicanos, junto com a seriamente questionada estratégia de Sarkozy e onde a seus opositores nas eleições previas agregam-se os fortalecidos barões regionais, primeiro, Xavier Bertrand, que no Mord-Pas-de-Calais-Picardie derrotou Marine Le Pen.

O deputado Republicano de Aisne, que em sua campanha tomou distancia das figuras parisienses, é um dos grandes vencedores das eleições e fará valer sua voz mais intensamente em seu campo. A refundação de uma alternativa dirigida à direita está longe de ser conseguida.

Entretanto, de um ponto de vista político, são as ideias da Frente Nacional que triunfaram, alimentadas pelas políticas dos governos tanto de esquerda como de direita que se perpetuam no poder há 30 anos. A FN aparece como o verdadeiro vencedor destas eleições, sendo o primeiro partido a obter mais de 350 vereadores regionais ao final do segundo turno. No segundo turno, supera 40% em três regiões, o que é algo considerável. Para além desta campanha, a FN impôs suas ideias em uma grande porção da classe política. A diferença entre as ideias da FN e as ideias consideradas respeitáveis e que pertencem à herança republicana estão fortemente debilitadas.

Apesar de seus avanços e de sua influencia crescente no campo político, a FN fica prisioneira da contradição que lhe impede de converter-se em alternativa de poder. Neste sentido, com o fracasso na obtenção de um cargo executivo e em vistas a suas aspirações para 2017, os resultados do partido de Le Pen ficam descoloridos.

Em última instancia, tanto a UMP (União por um Movimento Popular) como a Frente Nacional estão em dificuldades para encarnar um projeto hegemônico para dirigir o país com certa estabilidade durante os próximos anos. Contam com a vantagem da ausência de uma esquerda radical, a pesar de que existe definitivamente uma cólera social que poderia ser o ponto de partida à ofensiva do movimento operário.

A urgência neste contexto é tomar o caminho da luta de classes, pelas reivindicações salariais, de Air France na AP-HP, contra o estado de emergência, contra a guerra imperialista e em solidariedade aos imigrantes. É necessário construir um grande partido dos explorados, que lute por terminar com o sistema capitalista e por uma sociedade sem exploração nem opressão. Somente assim se poderá fazer frente realmente às ideias reacionárias e xenófobas.

Tradução: André Augusto

 
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