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COLAPSO DA SAÚDE NO RIO
Rio colapsa saúde e tem 602 pessoas na fila por leito de UTI: Castro e Paes são responsáveis
Carolina Cacau
Professora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

Pelo 4º dia seguido, ontem o Estado do Rio bateu recorde de filas nos hospitais. São cerca de 602 pessoas na fila em busca de um leito de UTI, lutando pela vida.

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Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo

Não estamos morrendo só de COVID, estamos morrendo por falta de leito, de oxigênio, de médicos, hospitais, pela falta de vacinas, ou seja, por governantes que estão administrando o caos e as mortes. A curva assustadora, de crescimento de 4.300% em 28 dias tem responsáveis com nome e sobrenome. Na cidade, são 131 na espera de um leito de UTI. Isso é o que Eduardo Paes, Cláudio Castro e Bolsonaro têm a nos oferecer.

O governador em exercício, Claudio Castro, fiel seguidor da linha negacionista de Bolsonaro, até dias atrás não queria ter nenhuma medida de fechamento e atrasou as compras de vacinas. Agora junto com Paes, decretaram um feriadão para diminuir a circulação. Após Castro e Paes passarem meses vendo a segunda onda de COVID se alastrar e aumentar os números dos caos no país, sem tomar nenhuma medida efetiva, esperaram o limite de 3 mil mortes por dia para tomar alguma atitude. Aprovaram 10 dias de recesso, adiantando outros feriados do ano, medidas que sem uma política de testes massivos, sem abertura de novos leitos de UTIs e sem auxílios, são medidas que além de tardias, não serão suficientes. Passado um ano de pandemia, com mais de 300 mil mortes, está bastante claro que a demora e ações insuficientes, significam negligência, portanto mais mortes, Bolsonaro é responsável junto com governadores e prefeitos por isso. Não aceitamos mais as palavras de governantes dizendo que estão fazendo o possível, enquanto mantém tudo funcionando como antes, priorizando cortes, demissões e os lucros dos empresários.

Nesse “feriadão” o decreto deixa uma “brecha” para que vários serviços sigam funcionando, o que significa milhares de trabalhadores nos transportes caros e lotados, circulando todos os dez dias. Diversos serviços são considerados essenciais, como telemarketing, indústrias, bancos, entre outros. Milhões dos serviços essenciais não terão feriados, como os trabalhadores da saúde, estes que estão na linha de frente, não terão direito a um descanso no futuro e perderão os feriados.

A política negacionista de Crivella fez o Rio colapsar o seu sistema de saúde em distintos momentos da pandemia, além de ter cortado 800 milhões da saúde e demitir milhares no setor e atacado drasticamente a atenção básica em seu setor. As filas das mortes foram uma realidade constante em todo o ano de 2020. Segundo a pesquisadora Lígia Bahia, a má gestão da saúde fez a cidade ter a maior mortalidade na pandemia, apesar de ter um número maior de leitos e médicos por milhão de habitantes que o resto do país. Como símbolo do descaso, o ex-prefeito atrasou salários dos trabalhadores da saúde seguidas vezes, a última em novembro, deixando 16 mil sem salários em dezembro.

Paes se elegeu prometendo ser melhor que Crivella, como se isso não fosse o mínimo, mas desde que assumiu a prefeitura segue mais preocupado em fazer demagogia com suas ações, a verdade é que Paes, deixou a saúde voltar ao colapso. Essa semana anunciou o Auxílio Carioca, porém, é uma medida bastante parcial, serão 900 mil beneficiários, 14% da população. A primeira vista parece um número alto, mas não é, desse total, 643 mil serão alunos beneficiados com Cartão Alimentação, que já deveriam receber antes, no valor de R$ 50,00 reais e aumentou para R$ 108,50 por criança. Ou seja, o grosso desse auxílio já estava previsto, já estava previsto no orçamento deste ano e que não precisamos dizer que nenhuma família faz uma compra de mercado com esse valor que não dá conta de alimentar dignamente as necessidades básicas.

A novidade está nos 13 mil ambulantes que receberão R$ 500 reais e 50 mil famílias cadastradas no Cartão Carioca, com R$ 240 reais. Uma parcela ainda muito pequena, para a cidade com um dos maiores índices de desemprego e informalidade no país. O prefeito faz demagogia com essa política que não resolve em nada a profundidade da crise social que abala profundamente a população, com aumento enorme da fome e da miséria nas favelas.

A verdade é que Eduardo Paes, é um velho inimigo dos trabalhadores cariocas, e também da saúde, se elegeu com um discurso da “racionalidade” em contraposição ao negacionismo, mas os três primeiros meses foram de negligência com a pandemia, portanto, também é responsável pelo aumento das mortes. O mesmo fechou a UPA de Manguinhos, o Hospital de Campanha do Riocentro e abriu apenas 50 leitos, ambos em janeiro, adotou a mesma política empresarial do seu antecessor de flexibilização do comércio, sem a garantia de medidas de proteção dos trabalhadores e pequenos comerciantes. A testagem foi ínfima desde janeiro, a vacinação sofreu distintas interrupções, apesar do parque produtivo disponível, como a Fiocruz e as universidades de que o Rio possui. As mortes nas filas escancararam que o discurso de bom gestor serve só para os lucros e não para as vidas.

Nesse Esquerda Diário, já alertamos para o legado nefasto de Paes na saúde. Em seus governos anteriores fez cortes bilionários na saúde e implementou o sistema de Organizações Sociais, que terceiriza a saúde para terceiros lucrarem com um direito. A Iabas, empresa que saqueou os cariocas em plena pandemia, prestou serviços à prefeitura em sua gestão.

Se Witzel superfaturou leitos dos hospitais de campanha e equipamentos via a empresa Iabas, Castro foi seu vice e cúmplice de todos esses crimes. Trata-se de um governante da mesma casta podre do ex governador. Que segue tendo como prioridade, o assassinato sistemático dos negros e pobres, sendo um governo, mais letal do que o facínora do Witzel. Em fevereiro, renovou o contrato de uma OS acusada de desvio de vacinas no valor de R $153 milhões.

As mãos sujas de sangue do governador já colapsaram 18 cidades no Estado. Ele é cúmplice e agente ativo do desmonte de toda a estrutura do SUS, desde fechar hospitais de campanha por todo o estado, inclusive sem pagar seus funcionários, demitindo equipes inteiras contratadas de forma emergencial para a linha de frente do combate à pandemia, chegando até a inutilização e a já conhecido sucateamento de enfermarias em hospitais gerais.

A nível federal, o grande carrasco Bolsonaro dispensou 3600 trabalhadores da saúde dos hospitais federais no Rio, após o contrato temporário que foi feito com 4000 se encerrar. Leitos foram fechados e turnos inteiros tiveram de parar de funcionar. O Hospital de Bonsucesso pegou fogo também por negligência desse governo e segue sem previsão de abertura, deixando milhares de trabalhadores da região sem acesso à saúde, o que sobrecarrega outras unidades.

A curva ascendente assustadora de mortos e falta de leitos no estado é de responsabilidade dessas 3 escalas de poder, junto aos empresários que colocam os trabalhadores para retornarem aos seus trabalhos sem segurança, desde que seus ganhos estejam garantidos.

A situação no Rio de Janeiro e no país, não pode nos fazer crer que isso é bom, porque pelo menos estão fazendo o mínimo. A política absurda de morte de Bolsonaro, não pode ser a medida, o mínimo significa muitas mortes. A esquerda PSOL e PT se mantém em trégua com esses governos, muitas vezes até elogiando suas medidas. Nossa posição de voto nulo nas eleições foi porque justamente se tratava de um candidato que governaria para os empresários. Basta ver o salário não pago das terceirizadas da prefeitura e da quantidade de investigados por corrupção em suas pastas.

O silêncio que existe entre os partidos de esquerda frente a absoluta insuficiência das medidas de Paes e do tamanho do colapso que está colocado é parte da linha de uma esquerda que atua somente dentro dos parâmetros institucionais, buscando uma frente ampla para 2022. Não podemos esperar até lá. Paes não é contra Bolsonaro e Castro é um fiel aliado. Ambos são nossos inimigos e só com a organização da classe trabalhadora e um programa independente para dar conta da miséria social que assola o Rio poderemos derrotá-los.

Chamamos o PSOL e PSTU para a conformação de um polo anti-burocrático para enfrentar Paes, os golpistas, Bolsonaro e Mourão. Batalhamos por um SUS 100% estatal sob controle dos funcionários, evitando o massacre das filas no Rio e a quebra de patentes para a aceleração imediata da vacinação no estado. Além disso, defendemos testes massivos, o isolamento dos infectados, a contratação imediata de funcionários, a unificação das filas dos hospitais públicos e privados. Necessitamos de um plano emergencial para que todo o povo tenha vacinas, leitos e testes, isso passa necessariamente pelo enfrentamento aos empresários, amigos de Castro, Paes e Bolsonaro, carrascos da nossa classe.

 
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