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REARTICULAÇÃO DO REGIME
A longa fritura de Ernesto Araújo
Clara Gomez
Estudante | Faculdade de Educação da USP

Longe de indicar qualquer retrocesso em sua saída que está basicamente certa, a sobrevida conferida ao chanceler que esteve presente na reunião do Mercosul tem como objetivo resguardar as conquistas do regime do golpe e a figura de Bolsonaro que segue tendo seu governo sustentado pelo Centrão.

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Imagem: ADRIANO MACHADO/Reuters

Como parte do processo de rearticulação do regime, cujos objetivos são a manutenção das conquistas obtidas a partir do golpe institucional e também, por ora, a continuidade de Bolsonaro, a ala ideológica do governo está na mira. O processo de saída do ministro Ernesto Araújo, que deve ser prolongado para um mês, a fim de não enfraquecer a imagem do presidente, corresponde a um movimento destrumpização necessário para que se mantenha a sustentação fornecida pelo Centrão a Bolsonaro.

As declarações feitas por Lira logo após o encontro do comitê Anti-Covid, composto por diferentes atores do regime, apontam como não há mais espaço para erros desnecessários do governo que possam prejudicar tanto as relações econômicas e políticas, quanto colocar em risco o projeto do golpe. Assim como Lira, Pacheco também dirigiu críticas à política externa do governo. Longe de quererem dar uma solução efetiva para crise em curso, nesse sentido, a saída de Ernesto é basicamente certa e será feita assim que a abaixar a poeira entre Bolsonaro e Centrão, de modo que não tenham que ser usados os remédios amargos, ou até mesmo fatais, mencionados por Lira em sua declaração.

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Respondendo aos anseios do establishment estadunidense, que preza por uma política colaboração e competição, a presença da ala ideológica no governo é algo indesejado que vai na contramão do movimento de disciplinamento necessário, frente ao aprofundamento da crise sanitária, a reabilitação de Lula no jogo político e a troca de comando na casa branca. Ernesto e outros ministros, como Ricardo Salles, estão alinhados a uma linha mais trumpista, o que por consequência os torna obstáculos para a efetivação de um realinhamento do regime para manutenção e continuidade de ataques aos trabalhadores, enquanto ao mesmo tempo são tomadas medidas para contenção de explosões sociais, como buscam fazer se apoiando em Lula.

A sua presença, assim como prejudica as relações econômicas à medida que desagrada a gestão democrata da Casa Branca, também prejudica por entrar em conflitos com países como China, que cumprem um papel fundamental na economia brasileira diante do crescimento do agronegócio. Combinado a isso, o envio de insumos feito pelo parceiro econômico asiático também são prejudicados, o que reforça a saída de Ernesto e coloca na mira outros ministros com o alinhamento político e ideológico similar.

A opção pelo prolongamento do processo de saída de Ernesto carrega em si um fator preventivo. Nesse sentido, busca-se evitar o enfraquecimento da imagem do presidente que pode ser lido como aquele que se sujeita ao Centrão, o que poderia afetar a relação com sua base bolsonarista. Ao mesmo tempo, essa medida de sobrevida ao chanceler, também evita a aparência de desgaste de figuras como Lira que fez declarações mais duras ao governo que ajuda a sustentar.

No marco desse processo de rearticulação que não carrega em si qualquer interesse de dar uma saída para a crise em curso por parte dos atores que o compõem, aguardar passivamente uma pretensa saída para 2022 não responde às 3 mil mortes diárias, muito menos o aprofundamento da precarização da vida e do trabalho.

A batalha por uma saída independente entra na ordem do dia, sem confiança nos governadores como a Carta dos 500 busca coloca, ou em outros atores que foram fundamentais para pavimentar a ascensão de Bolsonaro e para a crise atual, como a câmara, o senado e o STF.

Diferente das ilusões eleitorais que partidos como PT e PCdoB fomentam, a organização dos trabalhadores é a única forma de responder à altura o show de horrores no Brasil, fruto da irracionalidade capitalista. É a única forma de garantir a luta pelos nossos direitos democráticos pela revogação da Lei de Segurança Nacional, bem como um plano emergencial para pandemia. Tudo isso estando articulado com a imposição, por meio da mobilização, de uma Assembleia Constituinte Livre soberana que permita à população definir os rumos do país e revogar as reformas econômicas aprovadas.

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