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24 DE MARÇO
Memória, Verdade e Justiça na Argentina
Caio Reis

Hoje, há 45 anos do golpe militar, civil e eclesiástico de 1976, milhares vão às ruas no país vizinho exigir justiça pelos crimes de Estado do passado e do presente. Um grande exemplo para nós, que no Brasil do golpe, de Bolsonaro, dos militares e da Lei de Segurança Nacional, ainda hoje vivemos as heranças da ditadura. Acompanharemos essa jornada de luta através de nossos camaradas do PTS e La Izquierda Diario.

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Militantes do Partido Socialista dos Trabalhadores (PST), partido trotskista antecessor do PTS, assassinados pelo esquadrão da morte Triple A e presos/desaparecidos pela ditadura de 1976-83.

Mais de 30.000 mortos e desaparecidos, esse é o preço pago pelos trabalhadores, pelos pobres e pela esquerda argentina ao longo da ditadura militar genocida de 1976-83. Um verdadeiro genocídio levado a cabo para exterminar a vanguarda operária, estudantil e popular em nome dos interesses dos grandes capitalistas e do imperialismo. De lá pra cá, contam-se 7587 casos de pessoas assassinadas por membros das forças armadas e de segurança do Estado argentino.

Hoje, mergulhados na crise econômica e sanitária, em uma situação nacional de reforço do aparato repressivo e dos crimes policiais, o 24 de março, convocado pelas Mães da Praça de Maio, ganha uma força revigorada e explosiva. Milhares vão às ruas contra a herança da ditadura, que vive na dívida pública, nos grandes empresários, na justiça dos ricos e na impunidade policial. Uma data onde se funde o sangue e o suor do passado e do presente.

Com o país permeado por diversas lutas operárias e populares, se enfrentando com a pandemia, a miséria e a injustiça, essa data não se trata só de uma lembrança: é sobre o presente. Ao longo do governo peronista de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, o que se viu foi uma série de acordos com o FMI e os grandes empresários, enquanto a classe trabalhadora e o povo pobre eram reprimidos com impunidade pelas forças armadas herdeiras da ditadura.

Em 2020, a pandemia e a gestão capitalista da crise trouxeram não só o aumento da miséria, mas também do autoritarismo e da brutalidade policial. Tomou o país o caso de Facundo Castro, jovem sequestrado e assassinado pelas forças policiais de Buenos Aires, seguras da impunidade que o isolamento obrigatório lhes dava. Os argentinos também acompanharam a ocupação de Guernica e sua violenta reintegração pela polícia, onde o Estado decidiu que a moradia de 5000 famílias era menos importante que a construção de um country de luxo.

Do início da pandemia na Argentina até novembro, atingiu-se a marca horrenda de 397 mortes por violência policial, nas ruas e delegacias. Enquanto os trabalhadores se enfrentavam com o desemprego, os transportes e locais de trabalho lotados, enquanto as trabalhadoras da saúde penavam péssimas condições de trabalho nos hospitais aos pedaços, com falta de equipamentos, testes e EPIs, o governo supostamente progressista injetava mais e mais dinheiro nos organismos de repressão.

Este 24 de marzo honramos la memoria de Santiago Maldonado y Rafael Nahuel, de Facundo Astudillo Castro, de Úrsula Bahillo y todos y todas los desaparecidos/as y asesinados durante los gobiernos constitucionales.

Por isso, dezenas de processos por todo o país irão confluir no 24 de março, por memória, verdade e justiça, mas também por salário, moradia, trabalho, saúde e educação. Setores que já se encontram em diferentes lutas, e cuja confluência pode ser um marco. As famílias de Guernica, as trabalhadoras e trabalhadores ferroviários, industriais, aeronáuticos, terceirizados, entregadores de app, professores, estudantes e trabalhadores da saúde: nossa classe unida nas ruas para exigir fim à impunidade de ontem e para derrotar os ataques de hoje.

O Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS), irmão do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) do Brasil e que impulsiona na Argentina o La Izquierda Diario, esteve presente até aqui ao lado de todos esses processos, e está hoje nas ruas de toda a Argentina para fortalecer essa data e noticiar aquilo que a grande mídia não mostra. Para isso, também preparamos uma grande reformulação do nosso diário argentino, lançada justamente no 24M, para acompanhar as jornadas através dos olhos e vozes de quem está nas ruas.

Aqui no Brasil, tivemos a autorização da Justiça para que o governo de Bolsonaro e as Forças Armadas comemorem o golpe de 1964 no dia 31 de março, ao mesmo tempo que estão usando como nunca da Lei de Segurança Nacional, herança da ditadura, para perseguir a oposição política e preparar um trunfo contra um futuro levante das massas trabalhadoras.

A mobilização deste 24 de março na Argentina deveria servir de exemplo para juntos varrermos os resquícios da ditadura militar do nosso país. Atingimos o recorde trágico de 3.271 mortes diárias por Covid-19, mais de 300.000 no total, causadas pelo descaso de Bolsonaro, dos militares, governadores e golpistas. Urge que façamos justiça por nossos mortos, mobilizando um combate contra o conjunto desse regime político e suas reformas, confiando apenas na força da classe trabalhadora, dos movimentos sociais, das mulheres, negros e da juventude. Uma necessidade para qual as direções burocráticas e derrotistas das centrais sindicais e entidades estudantis vêm sendo um entrave.

Pela abertura dos arquivos, por júris populares e castigo aos responsáveis militares e civis! Contra a impunidade do passado e do presente, prisão comum e efetiva para todos os genocidas! Não esquecemos, não perdoamos e não nos reconciliamos. Estes são alguns dos gritos que ecoarão pela América Latina.

Veja também: Abaixo a Lei de Segurança Nacional da ditadura! Fora Bolsonaro, Mourão e os golpistas

 
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