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UFRGS
É preciso organizar os estudantes da UFRGS para enfrentar Bolsonaro, os golpistas e todo o autoritarismo
Fabricio Pena - estudante de sociais da UFRGS
Luno P.
Professor de Teatro e estudante de História da UFRGS

Atualmente atravessamos os piores dias da pandemia até agora, com o Brasil se aproximando das 300 mil mortes, se tornando um laboratório a céu aberto de novas cepas do coronavírus e com quase todos os estados do país chegando ao colapso dos sistemas de saúde. Isso é resultado da política negacionista de Bolsonaro, Mourão e os militares, mas também dos governadores, do STF e demais representantes dos capitalistas que na prática jogam a população à contaminação para garantir seus lucros enquanto morremos em UTIs sem leitos.

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Não bastasse a crise sanitária, Bolsonaro e os golpistas seguem com pressa em seus planos de descarregar a crise nas costas dos trabalhadores e da juventude. Junto com o Congresso e STF, querem cortar da saúde e da educação com a Reforma Administrativa e a PEC Emergencial, aprovada na Câmara dos Deputados como uma chantagem para pagar um auxílio emergencial de R$ 150, enquanto a cesta básica chega a custar R$ 630. Essa PEC impede mais contratações na saúde e pode congelar salários do funcionalismo até 2036. Junto desses ataques, querem tirar 1 bilhão das universidades públicas e atacar a permanência estudantil com os cortes do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) 2021 e no PNAES, avançando no desmonte das universidades públicas e, na prática, abrindo espaço para aprofundar a privatização.

Para intimidar todos aqueles que apontam que Bolsonaro é sim responsável por essas centenas de milhares de mortes e se colocam como oposição aos seus ataques, o governo vem usando a Lei de Segurança Nacional, uma herança direta da ditadura militar preservada na Constituição de 88. Só nas últimas duas semanas a LSN foi usada para intimidar o youtuber Felipe Neto, assim como jovens no Twitter e manifestantes que penduraram cartazes contra o presidente em Brasília que diziam “Bolsonaro genocida”. O autoritarismo desses processos e da LSN certamente se voltará contra a juventude, contra os setores oprimidos que o presidente odeia e contra os trabalhadores que amargam as condições de vida e trabalho com os ataques aprovados por todos os setores do regime político.

As universidades sentem o peso do autoritarismo do governo, como no caso do professor Pedro Hallal, da UFPEL. Ele, que faz parte da universidade brasileira com pesquisas mais avançadas sobre o coronavírus, criticou corretamente Bolsonaro pelo seu negacionismo, mas para Bibo Nunes, deputado defensor ferrenho de Bolsonaro, foi o suficiente para abrir um processo e tentar censurar o professor. Na UFRGS, assim como na UFPEL e dezenas de outras universidades e institutos federais pelo país, Bolsonaro interviu na eleição para a reitoria se utilizando de um mecanismo também herdado da ditadura, a lista tríplice, e escolhendo o candidato menos votado.

Frente a todo esse cenário, é necessário batalhar para reerguer o movimento estudantil e a força da juventude, em unidade com a luta dos trabalhadores, para barrar as reformas, os cortes e combater Bolsonaro, Mourão e o conjunto desse regime golpista e seus planos. Na contramão dessa perspectiva, a União Nacional dos Estudantes e as centrais sindicais, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, dividem a força dos estudantes e dos trabalhadores. A UNE convocou uma Jornada de Lutas para o dia 30 de Março. Seis dias antes dessa data, no dia 24/03, ocorrerá uma mobilização nacional das centrais sindicais, que tem enorme peso da CUT e CTB (dirigidas por PT e PCdoB, que também dirigem a UNE). Além da divisão, nenhum dos calendários está sendo construído nas bases e tendem a ser mais uma data burocrática incapaz de expressar uma reação dos trabalhadores e do povo contra toda a barbárie que vivemos no país.

A luta contra a gestão absurda de Bolsonaro frente à pandemia não pode ser separada da luta pela educação. Como mostramos no caso da UFPEL ou mesmo as privatizações, o projeto de país que Bolsonaro visa aprofundar é um só e precisa, para isso, derrotar estudantes e trabalhadores. Não é o momento de dividir nossas forças. As datas unificadas poderiam enfrentar com um só punho e muita mais força os ataques de Bolsonaro e todos os golpistas, desde que, partir delas, as centrais sindicais e a UNE rompessem com sua paralisia e com sua política de pressão institucional e acordos com nossos inimigos enquanto esperam 2022. Toda essa desgraça ocorre agora, e não é possível esperar mais para organizar nossa força nos locais de trabalho e estudo.

Na reunião nacional da UNE no último dia 20, que foi convocada quase às escondidas, de maneira completamente antidemocrática sem construção nas bases dos estudantes, nós da juventude Faísca atuamos colocando a necessidade de auto-organização do movimento estudantil para combater Bolsonaro e exigindo a unificação das lutas, assim como a construção desde as bases de um calendário unificado junto aos trabalhadores e uma grande campanha nacional contra a Lei de Segurança Nacional. Nesse sentido, chamamos a Oposição de Esquerda da UNE a se somar na batalha pela unificação das lutas. Isso significa construir assembleias, reuniões de curso e plenárias desde as bases, construindo as Jornadas de Lutas para que não sejam mais um dia de atos burocráticos e isolados, e sim grandes manifestações nacionais, com medidas de segurança sanitária e que possam apontar um caminho para reerguer o movimento estudantil contra Bolsonaro.

Infelizmente, qualquer debate crítico com a direção majoritária da UNE foi feito apenas por nós da Juventude Faísca. Fazemos esse chamado à Oposição de Esquerda da UNE (PSOL, Correnteza/UP, UJC e outros) que rompam com sua postura acrítica frente a essa política divisionista da direção UNE. Na UFRGS, assim como em diversas entidades estudantis pelo país, quem dirige o DCE são justamente essas organizações da Oposição de Esquerda. Fazemos um chamado a que convoquem uma grande assembleia geral da UFRGS para organizar os estudantes contra os cortes de Bolsonaro e todos os ataques. Mais do que nunca é necessário batalhar para reerguer o movimento estudantil a nível nacional e os lugares onde as organizações de esquerda têm peso poderiam dar exemplos nesse sentido, apontando um caminho alternativo e batalhando para que sejam os capitalistas que paguem crise. Pela via da mobilização independente de trabalhadores e estudantes que podemos batalhar, por exemplo, pela revogação de todas as reformas e por um auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo até o fim da pandemia.

 
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