De acordo com dados do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) publicados no dia 21, são 183089 casos de contaminação por coronavírus confirmados no estado do Rio Grande do Norte e 4085 casos que vieram a óbito.
Com o sistema de saúde colapsado, 21 dos 24 hospitais do estado encontram-se com 100% de ocupação dos leitos de UTI, com mais de 142 pacientes na fila de espera. Na região Oeste e Seridó já se atingiu 100% de ocupação dos leitos, assim como em hospitais da Zona Oeste da capital potiguar, onde concentram bairros de periferia e sua população é majoritariamente negra.
Além disso, algumas unidades de saúde registraram a falta de insumos básicos, como oxigênio e sedativos, necessários para a intubação de pacientes em estados críticos. Até mesmo testes começam a faltar e apontam cenário de maior subnotificação.
Diante disso, a Governadora Fátima Bezerra (PT) e em acordo com o Prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), decretou o fechamento das atividades não essenciais no RN, incluindo setores do comércio e indústria (veja aqui). A medida começou a vigorar a partir deste sábado, dia 20.
Frente a isso, setores da Fecomércio no RN, alinhados a Bolsonaro e sua política negacionista, declararam publicamente o descontentamento perante as novas medidas restritivas sob o pretexto de que com o fechamento dos setores não essenciais, o emprego e a renda das pessoas seriam comprometidos.
Essas declarações por parte dos empresários, mascaradas de preocupação com a população trabalhadora, são na verdade repletas de cinismo. A burguesia potiguar não poderia ligar menos para a vida dos trabalhadores, seguros dentro de seus “Home Offices’’ e com a garantia de acesso à leitos privados, sua única preocupação é que essas pessoas continuem trabalhando, lotando os transportes, para garantir os seus lucros não parem de chegar.
Apesar disso, com as medidas restritivas e sem auxílio emergencial ou licença remunerada, os trabalhadores dos setores não essenciais, do grupo de risco e informais serão imensamente afetados. Nem o governo estadual de Fátima Bezerra, nem a prefeitura de Álvaro Dias pretende se enfrentar com os interesses patronais. Durante esse ano de pandemia, autorizaram as demissões que elevaram a desocupação no estado, apoiando a chamada MP da Morte de Bolsonaro. Conduziram as reaberturas ano passado sem garantia de testagem massiva, isolamento racional voluntário, controle genômico, sendo também responsáveis pela elevação dos casos, deixando que a população voltasse às ruas desesperada para conseguir se manter, sobretudo após o fim do auxílio emergencial, já bastante insuficiente.
Dessa maneira, é preciso defender a paralisação de todos os setores e atividades não-essenciais, inclusive escolas, com liberação remunerada de todos os trabalhadores pelos grandes empresários e que os setores informais tenham garantia de um auxílio de no mínimo um salário mínimo, como forma de impedir a miséria e assegurar que essas famílias tenham o básico para se alimentar.
É urgente que sejam congelados os preços dos alimentos, do gás, dos remédios e todos os itens de primeira necessidade, e das taxas de serviços públicos como água, energia, gás etc. Ademais, é de suma importância que seja criada uma lei que proíba imediatamente as demissões no estado. Apenas assim a população conseguirá seguir o isolamento social sem medo de morrer de fome.
Ao mesmo tempo, as decisões do que é considerado setor essencial ou não estão a mercê dos patrões e dos governos. Mas quem tem que definir o que é considerado essencial ou não essencial, são os próprios trabalhadores organizados nos seus locais de trabalho, e por isso exigimos que as centrais sindicais, em especial a CUT e a CTB, impulsionem e façam um chamado à criação de comissões de higiene e saúde para que os trabalhadores possam decidir o que deve funcionar nessa fase da pandemia, liberar os grupos de riscos e estabelecer que salários sejam pagos para quem precise se afastar ou não seja setor essencial.
Enfim, a responsabilização pelo caos sanitário e econômico em que nos encontramos hoje deve ser toda dos capitalistas e dos governos, em especial do governo de Jair Bolsonaro, que precisa lucrar a qualquer custo e garantir os interesses da burguesia, inclusive ao custo de 3000 mil mortes por dia. Mas como vemos é também dos governadores e prefeitos, tanto da direita golpista como Dória e Álvaro Dias, mas também do PT como Fátima, que privilegiam os interesses capitalistas em detrimento da vida dos trabalhadores.
Dessa forma, só com a auto organização da classe trabalhadora, por meio da criação das comissões de higiene e saúde e a reorganização da produção para que se possa fabricar os insumos e equipamentos necessários para combater a pandemia, além da testagem e vacinação massiva da população, bem como de um auxílio digno que garanta condições melhores à população pobre e trabalhadora, será possível responder efetivamente a pandemia e reverter a situação na qual nos encontramos.
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