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TRANSPORTES
"Nós metroviários precisamos nos unir à população que está em risco nos transportes lotados"
Fernanda Peluci
Diretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

Governador do estado que mais contabiliza mortos por covid-19 no país, João Doria em SP diz combater a pandemia e seguir "a ciência", mas não engana a população ao dizer de forma demagógica que "a vida está em primeiro lugar nas prioridades do governo". Apesar dessa tentativa de se diferenciar do negacionismo irresponsável de Bolsonaro, a realidade dos números expõem sua farsa: das quase 3 mil vidas perdidas no Brasil nas últimas 24h, 22% estão em SP.

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Basta olhar a cotidiana situação dramática de superlotação dos transportes em SP para entender que a prática de Doria é repleta de demagogia. Com seus diferentes discursos, o que tanto Doria quanto Bolsonaro buscam na realidade priorizar acima de nossas vidas é o lucro dos grandes empresários. Neste momento de tristeza e dor, temos que transformar esses sentimentos em luta para poder barrar de uma vez por todas este massacre contra nossas vidas, enfrentando não só Bolsonaro, Mourão e os militares, mas também Dória, o STF e todos os golpistas.

E em meio à pandemia, dia a dia o transporte público continua lotado em grande parte da Grande SP, especialmente nos horários de pico. Variando entre cheio e lotado, a depender da cor da fase de restrição que as cidades estavam, o trabalhador e a trabalhadora se veem obrigados a encarar o risco de pegar o transporte cheio para conseguir minimamente sustentar suas próprias famílias. O governo não garantiu em nenhum momento medidas que garantissem que as pessoas pudessem ficar sem fome e em segurança em suas casas, principalmente os trabalhadores informais que são maioria no nosso país, ou mesmo os trabalhadores desempregados. Os empregos não foram garantidos, milhões foram demitidos, e nenhum governante proibiu demissões. Medidas básicas como a garantia de máscaras eficientes, álcool gel e testes massivos não foram sequer colocadas em prática por qualquer governo do país.

Agora vemos a demagogia da vacina, que vem em um ritmo a conta gotas no país, entre as disputas políticas do governo federal com governadores, com prefeitos e STF. Esse cenário nos leva hoje ao colapso no país, com pessoas morrendo, hospitais sem leitos e os cemitérios empilhando quase 300 mil corpos.

Estação da Sé do Metrô de SP em 4/2/2021

Veja também: Metrô de São Paulo enfrenta superlotação no dia seguinte a recorde de mortes por covid

Diante desta tragédia orquestrada pelos governos o transporte continua cheio dia a dia, o vírus continua se espalhando e as pessoas passando fome sem o auxílio emergencial. Apesar da criatividade de cores nas "fases" do governo Doria, mesmo na fase emergencial o Estado continua levando milhões à contaminação no Metrô, CPTM e ônibus em SP, permitindo que os patrões continuem exigindo a presença física dos trabalhadores que - sem auxílio nenhum, muito menos com valor suficiente para sustentar uma família, nem garantia de emprego - se arriscam no transporte público.

E enquanto falta UTI, o povo passa fome e pega covid no transporte, e os servidores públicos como nós podemos ter o salário congelado até 2036 frente a aprovação da PEC emergencial, o governo gasta 15 milhões em leite condensado, o Exército enriquece, o prefeito de SP Covas aumenta seu próprio salário, e os salários gigantescos e benefícios dos juízes continuam intactos.

Sem contar a enorme retirada de direitos dos trabalhadores nesse período, e especificamente no Metrô de SP foram inúmeros direitos retirados em um ano de pandemia: ataques ao plano de saúde, bilheterias terceirizadas, periculosidade cortada e muitos outros. Frente a este cenário cabe a nós metroviários lutarmos pelos nossos direitos e pelas vidas de todos. Para isso, chamamos o restante da diretoria do Sindicato dos Metroviários a tomar medidas urgentes para construir de fato a mobilização, como organizar reuniões setoriais e assembleias democráticas em que, mesmo online, se garanta que todos os trabalhadores que queiram possam apresentar e defender propostas para nossa luta.

É o caminho para nos mobilizarmos por vacinas para os metroviários - sejam efetivos ou terceirizados -, já que estamos na linha de frente dessa pandemia sendo contaminados todo dia e podendo disseminar o vírus para os passageiros. As demissões tem que ser paralisadas imediatamente no Metrô, com reintegração de todos os demitidos para ninguém mais ficar sem emprego e contratação para aumentar o quadro de funcionários do transporte pra melhor atender a população, com liberação do grupo de risco e sem sobrecarga, assim como é muito importante nesse momento nós, metroviários, nos liguemos às necessidades emergenciais que a população necessita nesse momento, defendendo o auxílio emergencial de no mínimo 1 salário mínimo, vacinas para todos, quebra das patentes, contratação de trabalhadores também na saúde. 

Enquanto isso as centrais sindicais organizam mais um dia de lutas em 24/3 com lambes pelas cidades e "lives", e se negam a organizar a luta conjunta contra estas mortes absurdas e as demissões em massa. Ao invés de transformar os sindicatos em homologadores de demissões, as centrais sindicais deveriam organizar assembleias pelo país para unificar os trabalhadores para lutar pelo direito à vida, ao emprego e à renda do povo. Exigir testes massivos, vacina, quebra das patentes e auxílio emergencial de pelo menos 1 salário mínimo para toda a população que necessita, era o mínimo que os sindicatos deveriam estar fazendo. Enquanto isso não ocorre, o recorde de mortes por covid-19 segue aumentando dia a dia em nome do lucro, com centenas de milhares de corpos na conta de Bolsonaro, Doria, militares, Mourão, STF, do congresso nacional e dos patrões.

Veja também:

  •  3 mil mortos por dia: o que as centrais estão esperando para armar a mobilização do dia 24?
  •  "Comissões de Higiene e Segurança Sanitária em cada local de trabalho para os trabalhadores se auto-organizarem contra a pandemia", diz metroviária

    Estação Brás da CPTM em 25/2/2021

    Foto de capa: estação da Sé, setembro de 2020

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