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A crise sanitária exige uma luta contra Bolsonaro e todo golpismo
Juninho Caetano

Atingindo quase 3 mil registros de mortes diárias em decorrência da Covid-19, os sistemas público e privado de saúde chegam à ocupações no limite, e a população pobre morre sem acesso a atendimento. Diante deste cenário é preciso unificar o sistema de saúde com controle dos trabalhadores, sob uma perspectiva de luta organizada para anular todas as reformas do golpe e uma de emergência para abertura de dezenas de milhares de novos leitos

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(Foto: Guito Moreto)

Segundo dados do Ministério da Saúde, em janeiro de 2021 o país contava com 66.497 leitos de UTI, ante 41.311 em fevereiro de 2020. No entanto, 47% do total (31.331 unidades) pertence ao SUS. De todas as novas UTIs abertas, entre janeiro de 2020 a fevereiro deste, 10.081 atendem pelo Sistema Único de Saúde. Isto é, de cada 10 unidades criadas no ano passado para atendimento intensivo, 6 foram em hospitais privados e 4 em equipamentos públicos. Embora detenha a maioria de leitos e ter investido mais nos últimos meses, o sistema privado entrou em colapso junto com o público.

Com hospitais lotados, os trabalhadores estão morrendo sem atendimento, e o Brasil conta com uma média diária de mortos acima dos dois mil. Em São Paulo, tanto rede privada quanto pública atingiram exaustão. Há dois dias atrás, por exemplo, o estado atingiu a marca de 90% de ocupação de leitos UTI-Covid entre hospitais públicos e particulares. Ao mesmo tempo, 15 hospitais particulares da cidade pediram 30 leitos de enfermaria e de UTI à Prefeitura. Há outros exemplos, como o caso de Belo Horizonte, no qual a ocupação dos leitos de UTI Covid-19 na rede privada ultrapassou os 100% nesta quarta-feira, dia 17. Outra caso ilustrativo é a taxa de ocupação é de 134% das UTI-Covid, no Rio Grande do Sul, hoje.

Outro quadro grave no setor público está no fato que estoques públicos de medicamentos para intubação de pacientes estão em níveis críticos e podem acabar nos próximos 20 dias, com base nas informações das secretarias municipais de Saúde. Muitos desses medicamentos são destinados para cirurgias de demais pacientes, cirurgias eletivas e emergenciais. Bloqueadores neuromusculares, sedativos e analgésicos, essenciais para intubação, estão prestes a acabar no Pará, por exemplo.

Sob a égide de Jair Bolsonaro e o militar Eduardo Pazuello, seu disciplinado ex-ministro da saúde, o Brasil contou desde o início da pandemia com uma gestão altamente desorganizada, negacionista e anticientífica, contando com o aval de políticas superficialmente de "oposição" por parte de alguns governadores que nada fizeram concretamente para frear a pandemia, além de discursos racionais que os delimitavam do bolsonarismo, como faz João Dória (PSDB) em demagogia.

Todos esses números que anunciam novos colapso e mortes, também revelam os anteriores grandes ataques à saúde que aconteceram nos últimos anos. Vale lembrar que, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, foram fechados 34 mil leitos de hospitalares do SUS entre 2010 e 2018, o que na época representava 10% do total. Isto é, um grande ataque à saúde pública, que inclui um período de gestões do PT.

No entanto, em grande medida, o instrumento aplicado para atacar mais a fundo a qualidades de vida dos trabalhadores, para além daqueles realizados pelo PT, foi com golpe institucional de 2016 que instalou a PEC de Teto de Gastos que congelou os investimentos em saúde e educação por 20 anos e aprovou a reforma trabalhista. Por sua vez, Bolsonaro, com aval e apoio dos atores do golpe, como STF e o Congresso, seguiram aplicando sucessivos ataques contra trabalhadores, como por meio reforma da previdência.

A grave crise sanitária e, consequentemente, crise social do Brasil expõe a urgência de um plano nacional que aplique testes massivos, suspenda atividades não essenciais com direito ao salário integral e uma lei que proíba demissões, como medidas bastante essenciais na garantia de um freio à miséria generalizada e controle científico da pandemia.

Especificamente na saúde, é necessário exigir unificação dos sistemas de saúde públicos e privado, com fila única de atendimento para a população, por meio da estatização e com controle dos trabalhadores. Para além disso, é preciso uma reorganização industrial que produza insumos hospitalares, bem como o confisco de das centenas de milhares de vagas de hotéis vazias, que estão a serviço de lucrar com a especulação imobiliária, a fim de transformar em quartos para os pacientes que estão na fila de espera por um leito de UTI.

É urgente que as centrais sindicais saiam de sua paralisa e trégua que estão desde o começo de 2020. Que a CUT e CTB organizem um real plano de lutas nacionais, organizando os trabalhadores dos sindicatos que dirigem e suas entidades estudantis pela revogação das reformas citadas acima, que corroem a qualidade de vida dos trabalhadores, unindo em conjunto empregados e desempregados, lutando por um auxílio de no mínimo um salário pra todos sem remuneração e pela vacinação universal e massiva.

Apostamos na luta de classes para combater Bolsonaro, os militares e todo regime do golpe, que inclui o STF e governadores aplicadores de ataques à saúde, educação e aos direitos trabalhista, e não em discursos de conciliação com os ajustadores do golpe, e com perdões de ataques contra os mais explorados e oprimidos, esperando canalizar o descontentamento social nas urnas em 2022, como é a via de Lula.

Sem esperança em "grandes frentes" eleitorais em 2022 para "barrar Bolsonaro", que, aos olhos do PT, cabe partidos do asqueroso centrão e da direita, a unidade que precisamos é dos trabalhadores e para organizar a luta agora.

 
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