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LULA E LAVA JATO
Cacau: "Lula diz que a Lava Jato desapareceu, mas seus efeitos econômicos oprimem milhões"
Redação

Reproduzimos aqui a declaração de Carolina Cacau, Professora da rede estadual do Rio de Janeiro e dirigente do Quilombo Vermelho - Luta Negra Anticapitalista, sobre o discurso de Lula em coletiva de imprensa pós retomada de seus direitos políticos.

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“Em seu primeiro discurso, claramente eleitoral, Lula fez questão de reforçar que perdoa os golpistas, tratando a Lava Jato como coisa enterrada. Não por coincidência Lula passa longas horas sem falar sobre as reformas que foram feitas por Temer, Bolsonaro, o Congresso e sob forte campanha da grande mídia depois do golpe institucional. Uma relação que, para nós é muito óbvia, de que o impeachment de Dilma e a prisão arbitrária de Lula, como pontos altos da operação Lava Jato, foram um passo necessário para a aplicação das reformas econômicas contra os trabalhadores, parece não existir na cabeça do conciliador Lula. Nós que lutamos contra o golpe institucional, a prisão arbitrária de Lula e hoje seguimos em defesa da anulação de todos os seus processos, sabemos que a Lava Jato não desapareceu, suas consequências atingem milhões no desemprego, nas flexibilizações de contratos de trabalho, na cada vez mais distante aposentadoria, no teto de gastos que congela salários na saúde e educação em meio a maior crise sanitária da historia.

As declarações de Lula expõem a sua estratégia de conciliação de classes, tanto com seus acenos para os grandes empresários quanto com sua passividade em não declarar combate ao regime do golpe institucional e os autores do golpe que articularam a Lava Jato. Lula nem sequer fala dos ataques que foram colocados desde a o golpe que destituiu Dilma em 2016, muito menos pretende fazer algo para revertê-los, muito pelo contrário, pretende continuar administrando o Estado com todos os ataques colocados pelo governo Temer até o governo Bolsonaro, como a reforma trabalhista, reforma da previdência, PEC do teto e assim por diante, com um perdão quase religioso, mas que desmascara que não serve como uma alternativa para os trabalhadores que estão enfrentando todos os efeitos da crise e morrendo nos hospitais por conta da pandemia.

Não é nada novo que Lula seja um dos principais agentes da conciliação de classes. Não é atoa que o PT governou durante 13 anos e não se enfrentou em nenhuma pauta dos interesses dos grandes capitalistas. Agora com sua liberdade conquistada por uma manobra jurídica de Facchin para limpar o legado golpista e sujo de Sérgio Moro e da Lava Jato, Lula simplesmente esquece que foi a lava jato a responsável por sua prisão, pela ascensão de Bolsonaro, pelo avanço da extrema direita e recrudescimento do regime golpista que fortaleceu os militares e que vem aplicando ataques brutais nos direitos dos trabalhadores.

Lula não cita em nenhum momento a reversão de todos os ataques que afetam a vida de milhões de trabalhadores, principalmente a população preta, que é o principal alvo de todos os ataques junto com as mulheres e a população LGBT, porque não vai combate-los. Essa é uma tarefa que só a organização e mobilização dos trabalhadores pode levar a frente, confiando em nossas próprias forças e levando uma política independente que ligue a necessidade da luta contra Bolsonaro, Mourão e todo o regime do golpe com a pela anulação de todas as reformas e um plano de emergência para a crise hoje. Por isso insistimos que todos os setores que se colocam a esquerda do PT poderiam cumprir um papel fundamental nessa batalha, rompendo sua subordinação a CUT de Lula e a orientação puramente eleitoral do PT que busca desviar toda a insatisfação para as urnas, enquanto morrem quase 3 mil por dia agora, enquanto um senhor entra com bomba falsa no INSS pelo desespero de não ter aposentadoria hoje.

Se os partidos de esquerda e as centrais sindicais de esquerda, como a CSP-Conlutas e as Intersindicais, organizassem um verdadeiro polo antiburocrático, que colocasse a urgência de lutar por um programa anticapitalista diante da crise econômica e sanitária, seria uma potência para organizar os trabalhadores em cada local de trabalho. Um polo antiburocrático que apareça como uma voz independente para a luta de classes, e não como parte das alternativas eleitorais que querem que os trabalhadores fiquem em casa esperando 2022. Um primeiro ensaio desta política poderia se dar rumo ao dia 24 de março, data em que está sendo convocada uma luta do funcionalismo público, mas que deveria unificar todas as categorias em luta. Essa articulação seria capaz de colocar em movimento as forças necessárias para exigir das direções das grandes centrais sindicais, como a CUT e CTB que saiam da paralisia que estão hoje, impondo uma verdadeira Frente Única da nossa classe para lutar com todas as forças por um plano emergencial contra a pandemia, pela anulação de todas as reformas e contra as medidas autoritárias do judiciário”.

 
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