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CRISE SANITÁRIA
5 medidas emergenciais contra o colapso hospitalar no Brasil
Rafael Barros
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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Há semanas os noticiários estampam a superlotação de leitos de UTI, e as longas filas de espera neste momento drástico da pandemia no Brasil. Se fala diariamente do colapso dos hospitais em todos os estados do país. Junto à isso, medidas completamente insuficientes e limitadas são tomadas pelos governos, com criação de leitos e hospitais de campanhas que não atacam as longas filas de espera, enquanto cerca de 72 mil pessoas morreram esperando um leito, ou então cenas como as relatadas nesta segunda (15), de filas gigantescas em Porto Alegre para firmar atestados de óbitos em cartório.

Cenas como estas já foram vistas este ano, com famílias fazendo filas quilométricas para comprar respiradores em Manaus, pela falta do insumo nos hospitais, no início do ano em janeiro. Imagens que representam o desespero da população trabalhadora, que vê os hospitais colapsarem, seus parentes adoecendo e morrendo, enquanto medidas reais de combate da crise sanitária não são tomadas nem por Bolsonaro e seu governo recheado de Militares, e nem pelos governadores, como João Dória, que tem em seu estado mais de 63 cidades com 100% de ocupação das UTIs.

Na última semana, o Brasil chegou a bater o triste número de 2.349 mortes em 24h, e manteve a casa de mais de 1 mil mortes durante o último final de semana. Segundo dados do dia 14, o Rio Grande do Sul tem já 14 dias de superlotação, com cerca de 113% de ocupação. Em Belo Horizonte, na virada de fevereiro para março, o número batia 89,2%. Já no Nordeste, até o dia 9 de março, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará tinham mais de 90% de ocupação dos leitos de UTI. Manaus, capital do Amazonas, que viveu o terror do colapso logo no início do ano, ainda tem 86% de ocupação dos leitos.

Em São Paulo, Doria tomou medidas como criação de um hospital de campanha com 50 vagas, além de um chamado demagógico para captação de voluntários para trabalhar na saúde, mostrando que, assim como o governo federal, não está disposto a gastar dinheiro para garantir contratações para o sistema de saúde.

Não apenas Dória, mas diversos outros governadores impõem os “lockdowns”, aumentando as permissões repressivas da polícia, mas mudando em nada a realidade dos milhões que todos os dias são obrigados a se esmagar nos transportes públicos.

Nem Bolsonaro nem outras forças do regime, como o Congresso, o judiciário e os governadores, apoiados por grande parte da mídia burguesa, apresentam qualquer tipo de medidas para conter o colapso da rede hospitalar, muito menos de qualquer tipo de quarentena feita de forma racional mapeando o vírus, e garantindo o direito à leitos para todos os que precisarem.

Não o fazem sob a justificativa de falta de verbas, ou então fazendo parecer que “movem montanhas” com o pouco e insuficiente que fazem, sem garantia de testagem massiva, e muito menos de uma fila única do SUS, por exemplo, nem falar então da garantia de vacinação para todos e de um auxílio emergencial que chegue ao menos em um salário mínimo, frente ao enorme desemprego. Isso por que o interesse é seguir fiel a manutenção do Teto de Gastos, responsável por garantir o escoamento dos recursos financeiros do país para pagar a Dívida Pública e alimentar o bolso de banqueiros, enquanto aprovam uma PEC que congela salários de servidores até 2036, para um auxílio de pouca abrangência e valores baixos que duraram apenas 4 meses.

É necessário pôr de pé um plano de medidas emergenciais contra a crise sanitária

Combater a crise sanitária hoje passa invariavelmente por atacar algo que nem Bolsonaro, nem nenhum outro ato do regime brasileiro tem interesse: o lucro dos capitalistas, em nome de medidas realmente efetivas para o combate da pandemia. Aqui levantamos 5 medidas para uma saída emergencial independente no combate ao colapso no sistema de saúde:

  • Vacina para todos já: É necessário uma luta internacional, antimperialista e anticapitalista para garantir a quebra das patentes, para produção em massa e distribuição racional em todo o mundo, com uma intervenção estatal em todas as empresas farmacêuticas e laboratórios, para colocá-los sob o controle dos profissionais de saúde. Bolsonaro e os governadores também são responsáveis por garantir as vacinas urgentemente;
  • Testagem massiva: se provou decisiva em todo o mundo, para identificar e isolar com segurança todos os casos, e fazer a chamada “vigilância de genoma” para identificar e monitorar novas mutações, e garantir uma quarentena racional, organizada com base na testagem constante da população;
  • Comissões de Higiene e Segurança nos locais de trabalho: Garantia, nos setores essenciais, de comissões de segurança e higiene, eleitas entre os próprios trabalhadores, que devem ter pleno poder de decisão sobre as condições de segurança no trabalho;
  • Fila única do SUS e contratação imediata de trabalhadores da saúde: Intervenção estatal e centralização de todos os aparelhos de saúde privada, com fila única de leitos, e investimento para contratação em massa e abertura de todos os leitos necessários, se dispondo da rede hoteleira para abertura de novos leitos;
  • Reconversão da indústria: reconverter toda a produção de indústrias não essenciais para garantir a produção, sob controle dos trabalhadores, dos equipamentos e insumos para novos leitos, testagem massiva, produção de vacinas, etc.;

Medidas como essas, necessárias para qualquer combate sério à pandemia, parte de um enfrentamento contra aquilo que Bolsonaro, o Congresso, STF, governadores e toda a grande mídia tem como ponto comum, como dito acima, o Teto de Gastos, garantidor do lucro de banqueiros e dos ataques que os governantes passam aproveitando a situação da pandemia.

Não há como colocarmos de pé as medidas realmente necessárias para que não percamos mais centenas de milhares de vidas em nome do lucro de poucos, sem atacar o empresariado e o regime autoritário que nos impõe essas condições.

Impor medidas como essa necessitam que confiemos não nos atores políticos do regime, mas nas forças da própria classe trabalhadora, dos jovens, das mulheres e negros. Não será esperando as eleições de 2022, enquanto milhares morrem toda a semana, mas sim exigindo que as centrais sindicais, como a CUT e a CTB, dirigidas por PT e PCdoB, rompam imediatamente com a paralisia que vivem hoje, não servindo como ferramenta de luta dos trabalhadores por suas condições de vida, e sim como entidades passivas, que assistem os governos passarem por cima dos trabalhadores.

É preciso pôr de pé um grande plano de luta para impor as medidas que realmente representam um combate não apenas à pandemia, mas a Bolsonaro, Mourão, e todos os golpistas. Somente assim, atacando todos os atores do regime e seus ataques, como o Teto de Gastos, seria possível garantir verbas para medidas que passem por cima do interesse do lucro de empresários em nome das vidas da população pobre e trabalhadora.

 
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