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LUTA DE CLASSES INTERNACIONAL
Interrompidos pela pandemia, protestos retornam na Argélia e podem ser um prenúncio global
Gabriel Girão

No aniversário de 2 anos do início das mobilizações em 2019, chamadas de Hirak, as massas na Argélia voltaram a tomar às ruas contra o presidente Abdelmadjid Tebboune.

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A Argélia foi um dos primeiros países a passar por rebeliões no segundo ciclo da luta de classes pós crise de 2008.. Após o anúncio do presidente Abdelaziz Bouteflika que iria concorrer à sua quinta reeleição, as massas tomaram as ruas com milhões de pessoas. O primeiro grande ato ocorreu no dia 22 de fevereiro de 2019, tendo completado 2 anos essa semana.

Os protestos forçaram a renúncia do presidente e desafiaram o imperialismo francês. Após a renúncia do presidente, uma junta militar formada por ex-aliados do mesmo assumiu e prometeu convocar novas eleições. Isso não foi capaz de parar os manifestantes, que se manifestaram durante todo o ano exigindo a queda de todo o regime, enquanto os militares adiavam as eleições.. Finalmente em dezembro os militares chamam novas eleições, mas essas são totalmente manipuladas e são boicotadas massivamente, com vários protestos denunciando fraudes e rechaçando o presidente eleito, Abdelmadjid Tebboune, ex-aliado de Bouteflika.

A manifestação chamou atenção pela imensa disposição dos manifestantes, a sua maioria jovens, que mantiveram mobilizações semanais reunindo muitos milhares e as vezes milhões por mais de um ano – inclusive durante o ramadan, período sagrado de jejum dos mulçumanos - além do imenso protagonismo feminino. As mobilizações impactaram e se espalharam pelo continente, marcadamente no Sudão.

Com a pandemia, as mobilizações foram interrompidas, e o governo aproveitou a crise sanitária para proibir qualquer tipo de protesto. No entanto, no aniversário de 2 anos do início das mobilizações, dezenas de milhares de pessoas voltaram a tomar as ruas em todo o país, não apenas para comemorar o aniversário das mobilizações, mas também para protestar contra o novo presidente e podem retomar o ciclo de protestos.

Logo em pouco tempo, as mobilizações já começam a atingir resultados, conseguindo liberar presos políticos da rebelião. Além disso, a CIA fez um relatório alertando sobre o risco de uma “conflagração popular geral”.

Como já viemos colocando aqui no Esquerda Diário, a pandemia atingiu o mundo enquanto este passava pela “segunda onda” da luta de classes pós crise de 2008. Se por um lado, a crise sanitária forçou uma pausa momentânea nas mobilizações, por outro lado, longe de resolver as questões que originaram esses protestos, a pandemia apenas agudizou todas essas questões.

Mesmo durante a pandemia vimos estourar a rebelião negra nos EUA, se constituindo na maior mobilização da história do país. Vimos também como essa mobilização colocou a questão negra em pauta no mundo todo e influenciou mobilizações na Nigéria e também da juventude europeia, que derrubou estátuas de figuras colonizadoras de seu país. Recentemente, também vimos mobilizações de massa no Haiti e em Myanmar, assim como há pouco tempo atrás tínhamos assistido em Belarus e na Índia.

Agora vemos mobilizações de massa ressurgir nos países que foram o epicentro das revoltas anteriores. Na França, onde irrompeu a rebelião dos Coletes Amarelos em 2018 e depois a greve dos transportes contra a reforma da previdência, vemos surgir de forma ainda molecular com a greve dos petroleiros da Total.. O Líbano, que viu mobilizações até o início da pandemia, assistiu as massas se rebelarem no meio do ano passado depois da explosão do porto de Beiurte. No Estado espanhol, onde centenas de milhares foram às ruas pela autodeterminação do povo catalão, a juventude volta às ruas em massa pela liberdade do rapper Pablo Hásel. E agora foi a vez da Argélia retomar as mobilizações.

Isso só prova o que viemos falando aqui no Esquerda Diário: o ciclo da luta de classes que vinha antes da pandemia não se esgotou, apenas sofreu uma interrupção parcial com a pandemia e tende a voltar com tudo. Tal conclusão também foi corroborada recentemente por um relatório do FMI, que analisa como epidemias tem o efeito de suspender temporiamente manifestações, mas de precipitar mobilizações ainda maiores depois de um tempo. Se a burguesia já está com medo, a tarefa de nós, a esquerda revolucionária, é se preparar para se transformar no pior pesadelo dessa burguesia.

 
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