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CALAMIDADE NO ACRE
Enchentes, dengue e COVID-19 no Acre: o resultado da barbárie capitalista
Giovana Pozzi
Estudante de história na UFRGS

O Acre irá completar uma semana em situação de emergência. Já são mais de 130 mil pessoas afetadas pelas enchentes, mais de 54 mil contaminadas pela COVID e um surto de dengue que já tem 1,5 mil casos confirmados e 8,6 mil suspeitos.

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(Foto: Divulgação/Secom Acre)

Desde o dia 16, terça-feira, o Acre está sob decreto de estado de emergência. Novamente, cenas como o colapso em Manaus e a crise do Amapá se repetem. Para além da pandemia, a população está tendo que lidar com as enchentes e o surto de dengue. Sendo que o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), já anunciou que o estado só tem dinheiro para manter por mais três meses o sistema de saúde funcionando para tratamento da COVID-19.

As enchentes foram causadas pelas cheias dos rios Acre, Juruá, Envira, Iaco e Purus, além dos mananciais e igarapés. Até o momento, pelo menos dez cidades foram afetadas: a própria capital Rio Branco e também Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Tarauacá, Sena Madureira, Santa Rosa do Purus, Porto Walter, Feijó, Jordão e Rodrigues Alves.

Em alguns locais o nível do rio bateu recorde histórico, como em Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves. Já em Tarauacá, estima-se que 90% do município foi afetado pela cheia. O governo de Acre afirma que estão sendo providenciados abrigos e tendas de acolhimento para as famílias que tiveram suas casas atingidas. No total, segundo a Defesa Civil, são mais de 130 mil pessoas afetadas.

Enquanto isso, a crise sanitária avança, com a população precisando se enfrentar com a COVID e com o surto de dengue ao mesmo tempo. São 54.743 contaminados de COVID no estado até o momento, sendo que 24.552 estão concentrados na capital. O medo do colapso do sistema de saúde já é uma realidade. Atualmente, a taxa de ocupação dos leitos de UTI do SUS está em 91,1% e dos leitos clínicos em 85%.

Somente na capital, segundo o governo, cerca de 80% dos atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são de pacientes com dengue. Rio Branco já contabiliza 1,5 mil casos confirmados de dengue e 8,6 mil suspeitos. Sendo que já há inúmeros casos de pacientes que contraíram ao mesmo tempo a COVID e dengue, dificultando ainda mais o tratamento. Está circulando nas redes a imagem de um médico atendendo uma criança em meio a enchente na cidade de Tarauacá.

Em meio a toda essa crise, na fronteira do estado com o Peru estão cerca de 450 imigrantes, em sua maioria haitianos e venezuelanos, reivindicando seu direito de deixar o país devido a forte crise e o desemprego. Eles estão sendo impedidos de cruzar a fronteira pela polícia e permanecem acampados na Ponte da Integração, em Assis Brasil. Na semana passada, eles chegaram a cruzar a fronteira, mas foram duramente reprimidos pela polícia peruana e foram obrigados a voltar para o lado brasileiro.

Bolsonaro enviou a Força Nacional para o estado para reprimir os imigrantes. É fundamental que o governo peruano abra as fronteiras, mas é tarefa das autoridades brasileiras garantir abrigo, alimentação, água e tratamento médico a eles enquanto isso não ocorre, no lugar de aumentar a repressão.

(Foto: Arquivo/Prefeitura)

A irracionalidade capitalista está novamente produzindo cenas alarmantes e devastando a vida da população. Se os rios historicamente tem seus períodos de cheias, por que a cidade não é organizada e planejada de forma que ninguém seja prejudicado? A população mais pobre é obrigada a viver nas situações mais precárias e nas áreas onde há maior risco, causando cenas como a que vemos agora, mas vimos também em 2015, por exemplo, quando ocorreu uma enchente histórica em Rio Branco.

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Além disso, se hoje o sistema de saúde do Acre está à beira do colapso é fruto do descaso do governo de Bolsonaro e Mourão e do desmonte histórico dos serviços públicos que os golpistas levam a frente no país, principalmente na região norte onde o agronegócio atua fortemente com sua sanha predatória por lucro, de mãos dadas com todos os setores do golpismo. É urgente um plano de emergência que atenda todas as necessidades da população acreana, como ampliação dos leitos de UTI, respiradores e moradia aos afetados pela enchente.

 
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