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PORTO ALEGRE
Porto Alegre é uma panela de pressão social e sanitária
Gustavo Costa
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Moradores da Lomba do Pinheiro protestam em frente à Prefeitura de Porto Alegre contra a falta de água em 2019. Falta d’água segue um problema hoje na capital | Foto: Joana Berwanger/Sul21

A lista de problemas em Porto Alegre é colossal: 92,35% dos leitos de UTI ocupados, curva crescente de casos e mortes, começamos 2021 com a terceira cesta básica mais cara do país, os postos de combustível já aplicam o reajuste da Petrobrás e a gasolina é vendida a mais de R$ 5,00, hospitais suspendem cirurgias eletivas por falta de medicamentos, desempregados não param de lotar as filas do Sine, 72% das famílias porto-alegrenses estão endividadas, o Instituto Porto Alegre fechou 12 cursos universitários da dia pra noite nessa metade de fevereiro no primeiro semestre de 2020, a taxa de desemprego da zona metropolitana de Porto Alegre foi de 10%, Marchezan fechou vários postos de saúde no ano passado, foram inúmeras linhas e tabelas cortadas do transporte público, estamos há meses vivenciando o drama do fechamento do IMESF, mesmo com o decreto de bandeira preta recentemente instaurada por Leite, agora Melo vai batalhar para honrar seus compromissos com o empresariado da cidade para tentar abrir tudo de forma insegura e, para cereja do bolo das desgraças que se avizinham, se Melo vencer a queda de braço com a população, reassumiremos o posto de cidade com a passagem de ônibus mais cara do país.

Realmente a lista é muito grande e pode ser tragicamente ampliada se começarmos a falar da falta de água nos bairros mais pobres, da segregação racial histórica na composição geográfica da cidade, da misoginia gritante que ceifa vidas dentro e fora dos lares da capital, da violência policial nas vilas e tantos outros problemas estruturais. Sebastião Melo, recém empossado com o apoio de todo o bolsonarismo da capital, culpa os servidores, a “gandaia” na praia, a Carris, o DMAE, os rodoviários, os professores, a esquerda… culpa muita coisa pelos problemas, mas se exime da culpa de tudo. Sua “solução” mágica é repetir o mantra neoliberal que vem dando errado em todo o mundo: reforma da previdência dos servidores, vender o patrimônio público a preço de banana (com destaque para a Carris, mas com DMAE na mira), defender o grande empresariado em detrimento da população e dos trabalhadores, retirar a meia passagem dos estudantes… ou seja, enxugar o Estado para favorecer os grandes empresários da cidade e fazer o povo pagar a conta da crise que não foi criada por nós.

Terra devastada à vista! Muitos desses problemas, diga-se de passagem, não são exclusividade porto-alegrense, mas recaem sobre os ombros da maioria dos brasileiros nesse 2021 macabro. A verdade é que nem Bolsonaro, nem Mourão, Paulo Guedes, Dória, Leite ou Melo ou qualquer outro político da ordem vai resolver os problemas. Desde 2008 o mantra neoliberal vem acumulando desgraças em todo o mundo. Partidos da ordem, de direita e também do chamado "progressismo", governam nos limites do que permite o capital financeiro (vide as reformas neoliberais draconianas encampadas pelos governadores petistas no nordeste). Estamos diante de uma situação "são eles ou nós" e até agora nós viemos pagando a conta. Nessa queda de braço com os grandes capitalistas que empurram preços altos, demissões, retiradas de direitos e cada vez mais violência, é preciso encontrar uma saída dos trabalhadores, para os trabalhadores.

Os sindicatos e as centrais sindicais, junto de entidades estudantis, movimentos sociais e demais organizações de esquerda, deveriam depositar todas suas energias em função de organizar a resistência contra o conjunto desses ataques. A nível municipal, os principais sindicatos e entidades estudantis da cidade deveriam convocar assembleias nos locais de trabalho e nos espaços virtuais para fomentar a auto-organização com o objetivo de organizar uma forte resistência a todos esses ataques de Melo, Leite e Bolsonaro. CPERS, Simpa, Sinpro, Sintergs, Sindicato dos Rodoviários, Sindicato dos comerciários, dos trabalhadores do telemarketing, DCE’s e CA’s das universidades, grêmios estudantis, SINDPPD, a CUT, a CTB, os parlamentares de esquerda na câmara dos vereadores, essas e tantos outras entidades de classe e movimentos sociais possuem a responsabilidade de construir uma enorme frente única para combater o conjunto dos problemas e lutar para que os capitalistas paguem pela crise, não nós. Construir saídas para os problemas que hoje envolvem a maioria da cidade. O 8 de março, dia internacional de luta das mulheres, poderia ser o início de uma resposta coletiva e organizada a essa situação, inclusive porque todos os problemas mencionados pesam mais sobre as costas das mulheres, sobretudo as mulheres negras. A força dos setores mais explorados e oprimidos pode apontar único um caminho e vislumbrar um futuro distinto.

A nível nacional, nossa luta não pode se restringir a retirar Bolsonaro, como se Mourão fosse menos pior e depositando confiança em Artur Lira, nos militares ou mesmo no STF. É preciso união entre os debaixo para golpear o conjunto dos poderes golpistas de cima, daí a necessidade de nos embandeirarmos da palavra de ordem da Assembleia Constituinte Livre e Soberana, para colocar nas mãos da população os rumos do país e não das instituições que hoje aprovam reformas e conservam a obra do golpe institucional de 2016. Para saber mais sobre esse debate, leia o último editorial do Esquerda Diário aqui

 
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