www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
A elite que tenta se apropriar do Futebol, a paixão da classe trabalhadora
Redação
Ver online

Foto: Sunderland Fans

Imaginem o seguinte cenário: um jovem de 23 anos, bilionário, novo proprietário de um tradicionalíssimo clube do Futebol Inglês com a fantasiosa missão de chegar a tão desejada Premier League, a primeira divisão do futebol Inglês, um dos principais torneios de futebol do planeta.

O enredo parece bem comum para um jovem jogador de games de futebol, construindo sua hegemonia num clássico “modo carreira” de um típico game dos anos 90 ou atual.

Mas essa história é real, apresenta mais um insistente e fracassado capítulo da tentativa de apropriação da elite mundial na principal paixão esportiva da classe trabalhadora, o futebol.

As cifras, os investimentos, os interesses individuais e o egoísmo de uma minoria, tentam usurpar a história, a tradição e a paixão da classe trabalhadora pelo futebol, agora bilionários como o jovem Kyril Louis-Dreyfus de 23 anos, resolvem brincar de “modo carreira” dos games na vida real, tentando se apoderar da alma e do sentido real que o futebol é para seus apaixonados.

Kyril, o mais novo dono do Sunderland é filho de outro bilionário, Robert Louis-Dreyfus que foi CEO da ADIDAS e ex-proprietário do Olympique de Marselha, clube que a família teve sobre os domínios por quase 20 anos, até 2016 quando foi passado para um empresário americano.

Nesse novo, porém repetido episódio, a bola da vez é o tradicional Sunderland, clube de 1879, que recebeu o nome da cidade em que se situa no nordeste da Inglaterra.

Ao longo da história, “The Black Cats” como é conhecido por seus fanáticos torcedores, conseguiu uma vitoriosa trajetória, foram 6 títulos do Campeonato Inglês e duas Copas da Inglaterra (torneio de futebol mais antigo do mundo), porém, infelizmente a realidade do clube se transformou à medida que o capitalismo e seus anseios avançavam sobre o esporte, o Sunderland deixou o protagonismo no futebol Inglês e aos poucos passou a ser mediano e com uma frequência constante nas divisões de acesso do principal torneio.

É nesse cenário que magnatas em busca de entretenimento pessoal agem, escolhem um histórico clube popular, de tradição, roubam-lhe a essência e brincam com nossas paixões.

Foram vários proprietários até que o clube hoje passasse a ser um “brinquedo” do jovem bilionário Kyril, mais uma vez o Sunderland, a cidade e seus apaixonados fãs no mundo inteiro, foram surpreendidos com mais uma venda e com ela a famosa cartilha de entrada, promessas de bilionários sobre o futuro do clube, velhos clichês no chato futebol moderno que até certo ponto alimenta a esperança dos apaixonados, mas que logo mostra sua face, como se fosse um clube do bairro e ao mesmo tempo um clube longe do nosso povo.

No atual cenário, o próprio clube vêm experimentando a falácia do futebol mercadoria administrada pela elite, a decadência meteórica do Sunderland nos últimos anos (juntamente com a sequência de vendas) passa por responsabilidade única da gestão romantizada de um “futebol do futuro” que perdeu/roubou sua identidade, essa queda foi registrada em um documentário denominado “Sunderland Till I Die” (Sunderland até morrer) que mostra a fracassada gestão dessa elite que coloca as mãos na paixão da classe trabalhadora.

Os impactos são gigantescos e a essência não é tomada apenas no imaginário, são reais, são palpáveis, ocorrem cada vez mais na medida que esses repetidos episódios aparecem.

É comum notícias de torcedores ingleses (e de todo o mundo) que se manifestam em relação aos abusivos preços dos ingressos, os carnês, os produtos oficiais, etc.

Isso é o que chamamos de apropriação, o futebol criado por apaixonados não é mais para eles e sim para as grandes mídias burguesas mundiais, suas arquibancadas transformadas em cadeiras vazias para magnatas de todo o mundo que tomam os lugares que antes eram dos fundadores do clube do bairro.

Aos apaixonados pelo esporte fica o desafio de romper com esse perigoso modelo e buscar novas alternativas para restabelecer as conexões do esporte com seu principal objetivo, o interesse coletivo.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui