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COLUNA
O maior problema do VAR é a CBF!
Rafael Barros

O VAR foi, talvez, o grande personagem do Campeonato Brasileiro. Seus erros definiram jogos, e serão sempre mais lembrados que possíveis acertos. Mas afinal, porque a CBF é o maior problema do VAR?

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Foto: Reprodução

O título do Campeonato Brasileiro pode ser decidido neste domingo (21), entre Flamengo e Internacional, no Maracanã.

E o debate que dominou a semana entre as vitórias das duas equipes contra Corinthians e contra Vasco, no último final de semana, foi acerca do VAR, novamente.

O VAR chegou ao Brasil em 2018. E o absurdo lance entre Inter e Vasco, em que a tecnologia do impedimento estava "descalibrada" e não serviu em um lance capital do jogo, mostra que seu problema vai muito mais fundo do que apenas a ferramenta.

Quando discutimos o Árbitro de Vídeo, existem aqueles que são "filosoficamente" contra o VAR, em qualquer hipótese, assim como existem aqueles que acreditam que, bem comandado e com regras claras, o VAR pode funcionar.

O debate deste texto é para discutir não filosoficamente sobre o jogo e o VAR, mas sim sobre o VAR na realidade, o que o ronda, quem o comanda e o que, na prática, é possível fazer com ele, para evitar que seja de fato destrutivo.

O lance em Inter e Vasco nao é o primeiro e nem será o último em que o VAR deixará a sensação de que o vídeo mais atrapalha do que ajuda. E porque?

Em muitos momentos, parece que a imprensa esportiva (e os próprios torcedores) esquecem, ou ignoram o fato de que antes da chegada do VAR, a discussão era sobre a qualidade dos árbitros brasileiros.

Semi-profissionais, os árbitros no Brasil, na maioria dos casos, necessitam de um segundo emprego para se sustentar. Longe de uma defesa dos árbitros - coitados - isso serve apenas de lembrança da falta de profissionalismo de quem os comanda, a CBF. Afinal, além de semi-profissionais, os árbitros são mal treinados, mal preparados, e para coroar, entendem muito pouco ou quase nada do jogo.

Pois então, se o problema estava na estrutura, aplicar uma máscara, e um "refúgio" para a falta de qualidade da arbitragem não resolveria o problema.

E assim, o VAR serve de escudo para juízes errarem sem medo em campo, se apoiando nas mais de 30 câmeras que observam o jogo.

O problema do VAR, no entanto, não pode ser resumido aos árbitros. Deve ser levado sempre até as alturas, as federações e confederações.

Num universo nefasto, onde dirigentes de clubes e de federações vivem de chupinhar os times e a paixão popular, e querem ganhar a qualquer custa, a CBF nada mais é do que a expressão dos atores que degradam o futebol brasileiro. Velhos empresários e dirigentes reacionários que comandam o esporte.

Falamos da CBF que mascara a realidade do futebol brasileiro, que passa longe de ser a dos holofotes da primeira divisão, e de salários de mais de 1 milhão de reais por mês para jogadores.

Como mostrou a pesquisa da Federação Nacional dos Atletas Profissionais do Futebol (Fenapaf), cerca de 70% dos jogadores profissionais no Brasil recebem até 7 mil reais. 38% recebem até 2 salários mínimos. Uma realidade totalmente distante da de Flamengo, Palmeiras, e Corinthians (com folhas salariais de mais de R$ 10 mi por mês). Estes clubes representam uma realidade de apenas 10% dos atletas brasileiros do futebol.

Enquanto isso, a imprensa cobra do vídeo uma precisão robótica de lances que são analisados a olho humano, e ajudam a desviar o debate de onde ele deveria estar apontado: o papel nefasto que cumprem as federações, lideradas pela CBF, em destroçar as condições da prática do futebol.

Afinal, vale a pergunta: por que o medo enorme da CBF em manter público as decisões do VAR, passando no telão do estádio, e com permissão para transmissão do diálogo dos árbitros, para atletas e torcedores? Porque o medo da transparência?

Simples: por que a corja de empresários e capitalistas que comanda o futebol não quer que seja transparente sua estupidez e sua incapacidade de formar árbitros e definir regras claras para o VAR. Exibir a "caixa preta" do VAR seria exibir sua própria incompetência.

Mas mesmo a transparência não bastaria. Árbitros precisam entender de futebol, coisa que hoje não acontece, e regras muito claras precisariam ser estipuladas, como por exemplo, a proibição de análise de lances interpretativos (coisa que já é orientada e nunca seguida), e até a definição de um limite de tempo após a infração para se poder usar o vídeo. Mas isso faz voltar à questão: o comando da arbitragem é da CBF.

Lembremos: o problema está na estrutura. O maior problema do VAR é a CBF. E enquanto o esporte que é paixão da classe trabalhadora estiver na mão de empresários e capitalistas, será impossível esperar que o VAR possa ser modificado em nome de realmente ajudar o jogo. Uma arvore podre apenas nos servirá maçãs podres.

 
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