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CRISE NO HAITI
Governo de Bolsonaro apóia Biden para manter mandato de Jovenel Möise no Haiti
Zuca Falcão
Professora da rede pública de MG

Aumentam as manifestações contra o governo de Möise, que não aceita deixar a presidência do Haiti mesmo após o fim de seu mandato, e o governo brasileiro nem sequer se pronuncia a respeito da crise em curso no país, apoiando as decisões do governo dos EUA que reconhecem a continuidade do mandato como legítima, numa demonstração de submissão ao governo estadunidense.

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Fotos: Angela Weiss/AFP e Marcos Correa/PR

As manifestações do povo haitiano contra Jovenel Möise – que se recusa a deixar o cargo de presidente mesmo após o fim de seu mandato – aumenta a cada dia. No último domingo dezenas de milhares saíram às ruas contra o que caracterizam como uma nova ditadura, e foram duramente reprimidos.

A insatisfação com o governo de Möise e com a situação socioeconômica do país não é recente. As mobilizações contra o presidente se mantém desde 2018. Mas o aprofundamento dessas mobilizações expressa na verdade a revolta do povo haitiano não só contra o atual governo, mas um esgotamento causado por sucessivos governos que, sob influência do imperialismo estadunidense, mantém a situação de miséria enfrentada por esse povo, em meio à um sistema de corrupção que os mantém submetidos aos desmandos estadunidenses e ao FMI.

Leia Também: Protestos massivos no Haiti contra o governo de Jovenel Moïse

O posicionamento do governo estadunidense influencia de maneira estratégica nos acontecimentos do país. Porém Biden, apesar da declaração de estar “profundamente preocupado” com a situação haitiana, demonstrou apoio de seu governo à idéia de que o final do mandato de Möise seria em 2022, como o próprio defende com base em seus cálculos e não em fevereiro de 2021, como impõe a constituição do país.

O governo de Bolsonaro reafirma sua submissão ao imperialismo estadunidense não se pronunciando ainda sobre a crise, e deixando completamente as decisões nas mãos do governo dos EUA, apesar de integrar um grupo diplomático dos chamados países amigos, junto com a União Européia, ONU e OEA (Organização dos Estados Americanos). A posição destes organismos internacionais é rechaçada pelas massas haitianas, que há muito tempo já entenderam a responsabilidade destes organismos para manter o país sob controle imperialista.

Ao longo da história os Estados Unidos e outras potências influenciaram diretamente nos governos do Haiti para garantir seus interesses no país: na ocupação militar de 1915; na ditadura de Papa Doc e Baby Doc na segunda metade do século passado; no golpe ao governo de Aristide em 1991 e seu retorno ao governo em 1993; no segundo golpe a Aristide em 2004; Em 2004, na MINUSTAH, ocupação descaradamente denominada como “missão humanitária”, dirigida pela ONU e executada por países latino-americanos, muitos sob governos ditos progressistas, e liderada pelo Brasil, sob o governo Lula.

As crescentes mobilizações no Haiti são a expressão de que é inaceitável um governo que estenda por mais tempo o histórico de submissão imperialista que viabiliza a espoliação. E também que a oposição que tem levado adiante políticas de conciliações tampouco é a saída para dar fim a séculos de exploração. Os haitianos mostram que o caminho a ser seguido é a mobilização nas ruas. E nós brasileiros, como um país de maioria negra que também sofre as consequências do racismo e da exploração impostos pelo imperialismo estadunidense, precisamos nos solidarizar com essa luta e não aceitar passivamente o servilismo do governo de Bolsonaro aos EUA que colabora para o aprofundamento da crise que assola nossos irmãos haitianos.

 
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