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GREVE DE PROFESSORES EM SP
Estamos em Greve! Contra o retorno inseguro de Doria, Rossieli e o negacionismo de Bolsonaro
Nossa Classe - Educação
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Os professores da rede estadual paulista entrarão em greve das atividades presenciais a partir desta segunda feira, dia 08. As assembleias, realizadas remotamente, decidiram por um movimento que se recusará colocar a vida de professores, funcionários, familiares e alunos em risco. Assim, o trabalho remoto seguirá sendo realizado, como foi feito no ano de 2020.

A obrigação do retorno presencial acontece em um dos momentos mais críticos da pandemia no país. O número de mortos disparou nacionalmente desde o início do ano, Manaus evidenciou que inúmeras regiões estão à beira do colapso do sistema de saúde, e a instrumentalização política das promessas de vacina não garantiram, até agora, nem a disponibilidade para os trabalhadores da saúde.

É nesta situação dramática que governadores e prefeitos querem colocar em risco a vida de trabalhadores da educação e da comunidade escolar, assim como já vêm fazendo com toda a classe trabalhadora, com um retorno que é evidentemente inseguro: sem vacina, sem testes, sem condições estruturais e de higiene mínimas nas escolas. A consequência disso seria um agravamento no número de contaminações e mortes.

Em São Paulo Doria e Rossieli desde o início da pandemia, fizeram de tudo para construir uma imagem distinta do negacionismo de Bolsonaro. Mas agora, com essa ânsia autoritária pelo retorno presencial, evidenciam que tal imagem nunca passou de uma fachada. Rossieli chegou ao absurdo de afirmar que Covid se pega em casa e não em ambientes como a escola.

A imposição do retorno presencial atende apenas o interesse dos políticos, do lobby do setor privado da educação e de outros empresários que querem normalizar as atividades econômicas à custa de vidas da população. Apenas com o retorno presencial dos professores no planejamento esta semana, já são mais de 150 notificações de escolas com casos de covid-19. Nos colégios particulares, onde já ocorre aulas com estudantes houve casos de surtos. Em Campinas, por exemplo, a escola Jaime Kratz, 39 funcionários e 8 alunos foram infectados. Dois professores estão internados.

O plano do governo estadual é mentir de que o chamado ensino híbrido estaria acontecendo com sucesso, enquanto trabalhadores da educação vão se incluindo na triste estatística de mortes, e isso sem dizer no número de mortes que podem acontecer nas comunidades. O retorno do ensino presencial, sem ao menos um plano de teste massivo nas escolas, prova que governo abandonou qualquer medida de contenção da pandemia. Se utilizam da promessa de vacina de forma demagógica ao mesmo tempo naturalizam as mais de mil mortes diárias.

Que os professores e a comunidade escolar decidam!

Nesse cenário a recusa dos professores em acatarem a imposição de Doria é uma medida elementar em defesa da vida e do não agravamento da pandemia. São os trabalhadores organizados, junto à comunidade e trabalhadores da saúde, que devem impor quando e como retornar às aulas presenciais e como atender as necessidades dos estudantes. Basta de deixar nossas vidas nas mãos dos planos de governos e “especialistas” que não possuem qualquer vínculo com a realidade escolar e não se preocupam de fato com a vida da população.

Doria é a representação de um governo que nunca se importou com a educação, diferente do que propagandeiam com a ajuda da mídia burguesa. Sua proposta de retorno já é extremamente falha do ponto de vista pedagógico. As aulas presenciais ocorreriam com horário reduzido e com rodízio, de modo que quando fora da escola os estudantes deverão seguir com acesso ao ensino remoto, com toda sua precariedade para os estudantes mais pobres. Assim, a proposta do governo não atende a necessidade dos estudantes com poucas condições para o ensino virtual e ainda coloca em risco a comunidade escolar com as faltas de condições para se cumprir o protocolo sanitário. Muitas escolas, por exemplo, possuem apenas 1 ou 2 trabalhadoras para dar conta de toda limpeza nos 3 períodos de funcionamento. Tal situação já não era viável em tempos “normais”, quiçá agora, durante a pandemia. Não suficiente, as debilidades estruturais continuam presentes nas escolas: banheiros quebrados, pouca ventilação, – problemas que tiveram todo o ano de 2020 e só foram resolvidos nas falas e propagandas fantasiosas de Rossieli.

Se realmente Doria e Rossieli se importassem com a vida dos estudantes, não os teriam deixado sem acesso ao EAD, sem o auxílio merenda, sem apoio psicológico. Não é pouco lembrar que foi de Dória a proposta escandalosa de implementar a chamada “ração humana” na rede municipal de São Paulo. Eles agem para precarizar a educação e a vida de toda a comunidade escolar. Também nada fizeram frente a continuidade do ENEM que excluiu exatamente os estudantes que no ano de 2020 não tiveram acesso ao ensino remoto. Assim como não esquecemos que são estes os grandes defensores da Reforma do Ensino Médio, que piora a qualidade do ensino da juventude da rede pública, alinhando a sua educação aos interesses da Reforma Trabalhista aprovada pelos golpistas contra os trabalhadores.

Mas para isso é necessário que o sindicato não trate a nossa greve como um blefe. Como sabemos, a prioridade da direção da Apeoesp, CUT, tem organizado nossa luta de forma localizada, priorizando os métodos parlamentares e jurídicos, que são insuficientes para barrar os ataques. Não suficiente, a Apeoesp tem se relacionado com os professores de forma consultiva. Mesmo na assembleia que votou greve, vemos que a participação foi dificultada. Sendo que seu horário ocorria no mesmo momento dos planejamentos nas escolas e em várias regiões as diretorias das subsedes frisavam até o último minuto que a assembleia era só para afiliados.

Sem nos organizarmos como sujeito da forma mais ampla e pela base possível, não será possível efetivar a greve e nem mesmo as medidas votadas pela assembleia.
Assim, é urgente que a orientação do sindicato não se restrinja a ficar em casa. Mas que seja organizado um comando de greve aberto a todos os professores, com assembleias junto ao conjunto da comunidade escolar, para organizar iniciativas de mobilização, garantindo todas as medidas de segurança.

Veja também: Contra o retorno irracional às aulas: organizar a comunidade escolar por condições seguras, direito à vida e vacina!

Unir efetivos e contratados!

Nós do Movimento Nossa Classe Educação colocamos como prioridade as bandeiras relacionadas a unidade dos trabalhadores. Por isso defendemos historicamente a efetivação imediata de todos os professores sem a necessidade de concurso público. Assim como de todos os demais trabalhadores das escolas. As funcionárias terceirizadas da merenda e limpeza, por exemplo, estão sujeitas, além dos riscos de contaminação, a jornadas ainda mais extenuantes de trabalho, uma vez que o quadro de funcionários já é insuficiente mesmo para condições sem pandemia. Por isso defendemos a contratação de mais trabalhadoras desses setores, além da efetivação de todas sem concurso público.

A progressiva e histórica divisão dos profissionais da educação enfraquece a categoria de conjunto e é uma arma utilizada pelos governos contra os professores e a favor da precarização. Com a pandemia esta divisão se tornou ainda mais dramática. Parte importante da nossa categoria, no ano de 2020, chegou a situações de fome. Professores categorias “O” (e outros tipos de contratação) que não conseguiram atribuir aula ficaram literalmente sem salário. Os professores contratados este ano estão proibidos de realizar trabalho virtual. Seus contratos estabelecem, que só poderão dar aulas presencialmente. Na prática, tal medida proíbe o direito do profissional se proteger frente ao risco da pandemia, e o deixa vulnerável a perder o salário, caso as aulas voltem ao integralmente a distância.

Doria e Rossieli vão se apoiar na necessidade trabalho destes para tentar garantir a todo custo o ensino presencial. Por isso, nossa greve precisa hierarquizar a demanda destes professores que temem o desemprego e a perda do salário. Por isso, defendemos a garantia de salário de uma jornada básica de 24 aulas para todos os professores sem aulas atribuídas; e que todos os professores possam exercer trabalho virtual enquanto não existe segurança para o retorno! Desde já é importante que a greve organize um fundo de solidariedade aos professores contratados que se encontram sem salários.

Unir trabalhadores da educação, comunidade e trabalhadores da saúde por vacinação universal!

A meses que o lobby da educação privada, os governos e a grande mídia vêm organizando um verdadeiro plano de guerra ideológica contra os professores. Matérias longas em horário nobre mentindo que é seguro voltar, colunistas pagos, alguns até donos de conglomerados educacionais, escrevem acusando os professores de não nos preocuparmos com os alunos.

Desta forma o governo busca isolar os professores e manipular a opinião pública como se fossemos privilegiados. É assim que Doria e Rossieli já iniciaram sua ofensiva contra nossa mobilização. Além de ameaças de corte de ponto, apostarão em nos desgastar com mentiras para nos isolar. Para combater precisamos ser porta voz das necessidades de toda a população que sofre com as consequências da pandemia e das políticas mortíferas dos governos.

Devemos combater qualquer forma de corporativismo que venha da direção da Apeoesp e construirmos nossa luta ao lado, principalmente, da comunidade e dos trabalhadores da saúde; mas também dos trabalhadores da educação de outras redes como a particular e a Municipal de São Paulo que está com indicativo de greve para 10 de fevereiro. Somos uma só categoria e numa só luta contra a irracionalidade do PSDB para quem nossas vidas nada valem. Precisamos nos unir também com outras categorias em um grande movimento nacional, exigindo a quebra das patentes das vacinas, para possibilitar sua produção para todos e um plano universal de vacinação. Além de exigir imediatamente testes massivos, ampliação de leitos, o controle dos trabalhadores das medidas de segurança e o retorno do auxílio emergencial.

Por uma articulação nacional em defesa da educação e da vida!

Até agora, a CUT não deu qualquer iniciativa em direção a uma mobilização nacional em defesa da vacinação universal. Suas iniciativas se limitam quando muito a ações localizadas por categorias e focadas nos limites municipais e estaduais. Dessa forma a direção da CUT instrumentaliza as lutas necessárias esperando 2022. A evidência de que não existe vontade para um plano de lutas concreto é de que em estados onde o PT governa, eles também planejam o retorno presencial. De conjunto, a política petista não é a luta real, mas as iniciativas parlamentares que preservem a viabilidade eleitoral do partido. Sua atuação nos sindicatos está atrelado a está perspectiva. Não é por acaso, que meio a tantos ataques, a prioridade do PT foi o apoio no congresso ao bloco golpista de Baleia Rossi, candidato de Rodrigo Maia, protagonista das reformas contra os trabalhadores.

A melhor forma de avançarmos na luta da educação é tratá-la como tema nacional, mostrando como Bolsonaro e a oposição burguesa estão unidos na precarização e privatização da educação e não terão escrúpulos em arriscar mais vidas nesse plano. Assim, nós do Movimento Nossa Classe Educação defendemos que a Apeoesp deveria defender na Confederação Nacional da Educação (CNTE) a articulação de um dia de paralisação nacional da educação, que se oponha a todas medidas reacionárias de Bolsonaro, sem cair na demagogia de políticos como Doria.

Um dia de paralisação nacional deve servir como início de um plano de lutas, que busque se aliar com outras categorias e demandas, especialmente dos trabalhadores da saúde, mas também, como trabalhadores como os da Ford, que agora estão demitidos pelo fechamento das fábricas.

Consideramos como fundamental que as diferentes oposições sindicais, Resistência, Conspiração Socialista, MES e TLS, 15 de Outubro, PSTU, junto as centrais como a Conlutas e a Intersindical, exijam também está articulação para não semear entre os trabalhadores a ilusão de que a direção majoritária irá tomar medida efetivas. É preciso que as oposições caminhem para a construção de um polo nacional, anti-burocrático e com independência dos distintos governos e alas do regime, que tenha a auto-organização e a independência de classe como princípios básicos. É possível começar, em nossa greve, com as oposições impondo a existência de um comando de greve real auto-organizado, que garanta que nossa mobilização não se limite a golpes de efeito da burocracia.

Nós professores, lutando contra a imposição do retorno presencial, devemos desde já nos prepararmos para as próximas batalhas. Bolsonaro, e as distintas alas burguesas no parlamento, planejam um conjunto de novos ataques como a reforma administrativa e a PEC emergencial. Um grande exemplo de luta dos professores agora, pode encorajar a luta de outras categorias contra a política assassina de Bolsonaro e das diversas variantes golpistas, que buscam preservar o lucro dos patrões com suor e vida de nós trabalhadores.

Derrotar Bolsonaro, Mourão e os golpistas só é possível a partir de um plano de luta concreto. Por hora, a política das direções sindicais tem se restringido a acompanhar a política parlamentar, que longe de enfrentar Bolsonaro, significa uma verdadeira trégua na luta de classes até 2022.

 
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